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Comportamento

Na Dom Aquino, dono de banca insiste em consertar guarda-chuva e sombrinhas

Ângela Kempfer e Anny Malagollini | 26/09/2013 06:18
Teixeira trabalha há 20 anos com conserto.
Teixeira trabalha há 20 anos com conserto.

Na banca de revistas da esquina das ruas Dom Aquino com a Calógeras funciona o que deve ser a última oficina de conserto de guarda-chuvas e sombrinhas de Campo Grande, provavelmente uma das poucas no Brasil. O dono, o aposentado que só diz o sobrenome “Teixeira”, é do tipo que gosta de manter a fama de chato.

Ele conversa com os amigos, mas não tem muita paciência para falar com quem quer só especular sobre o ofício em extinção. “Não quero fazer propaganda, porque aí vai aparecer gente e eu não quero trabalhar muito”, justifica.

Na era do descarte, Teixeira tem o privilégio de manter uma carta de clientes exemplares. De pessoas que não encostam o produto e compram outro logo no primeiro problema. “Eles podem até deixar aqui por um tempo, mas na época do Verão e da chuva, eles voltam para pegar”, diz.

O senhor magro, sempre com chapéu de palha na cabeça e um dente de ouro bem na frente do sorriso, há 20 anos decidiu ganhar dinheiro com os pequenos consertos.

Sombrinhas na fachada chamam clientela.
Sombrinhas na fachada chamam clientela.

Tudo começou em um dia, sem nada para fazer em casa. “Peguei um guarda-chuva e fui arrumar”, lembra. A vizinha ficou sabendo e a propaganda passou de boca em boca. Aposentado, ele garante que não precisa do dinheiro da banca, considerada “só uma ocupação”.

Até hoje ele diz não conhecer nome de peças ou denominações técnicas dos problemas. A pessoa aparece com o guarda-chuva capenga, Teixeira olha, e se tiver solução, no máximo em um dia o dono pode passar para pegar. “Quando é muito problema, já aviso logo que tem de comprar outro”.

Ex-servidor público, ele trabalhava em escolas como auxiliar de inspetor de alunos. Alugou um espaço na antiga rodoviária, mas quando houve a transferência do terminal para a saída de São Paulo, decidiu encontrar um outro ponto no Centro.

No novo endereço, não falta serviço para fazer. Além de guarda-chuva e sombrinhas, ele afia alicates, tesouras e o que aparecer. Também compra e vende CDs e DVDs antigos, mas só de sertanejos.

Como em Campo Grande já não existe loja onde comprar peças, ele se arruma desmontando o que é doado por quem passa e vê todas aquelas sombrinhas coloridas dependuradas na fachada.

Pelo “jeito” de novo, o dono da banca cobra R$ 2,00, R$ 5,00 e até de R$ 10,00, apesar de na frente haver lojas onde é possível comprar um guarda-chuva zero quilômetro por R$ 5,00. “Não sei se para os outros é bom negócio, mas pra mim compensa”, brinca.

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