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Comportamento

Na perna, tatuagem tem a lembrança da moto que pai montou há 2 décadas

Paula Maciulevicius | 20/07/2016 06:15
Motocicleta do pai foi feita na sala de casa e pintada pela filha. (Foto: Arquivo Pessoal)
Motocicleta do pai foi feita na sala de casa e pintada pela filha. (Foto: Arquivo Pessoal)

Quando Mart decidiu fazer a primeira tatuagem, já tinha escolhido qual seria: a chopper que ela e o pai fizeram na infância. A coragem só chegou esse ano, mas veio como um alento à saudade do barulho que a motocicleta fazia. O pai, conhecido como "Chula", se foi muito cedo, aos 33 anos e quanto mais o tempo passa, mais dói a falta dele.

"Meu pai era motoqueiro, tinha uma oficina e ele montou essa própria moto. Naquela época, 1989, 1990, só ele e mais um amigo que tinham", conta a auxiliar administrativo, Mart Fernandes Westner, hoje com 34 anos.

À época, a menina tinha 7 e se lembra exatamente da cena. "Eu ajudei a pintar o tanque, a lateral e o capacete da moto. Era em casa mesmo". O apelido Chula, veio de um filme, por conta da motocicleta. De nome mesmo, o pai de Mart, atendia por Manoel Zoé, dono da oficina Super Moto e integrante do motoclube Asa Negra.

Tatuagem foi feita a partir de fotografia antiga. Homenagem ao pai "Chula". (Foto: Arquivo Pessoal)
Tatuagem foi feita a partir de fotografia antiga. Homenagem ao pai "Chula". (Foto: Arquivo Pessoal)

Como ele e a filha quem montaram, a motocicleta era caracterizada como chopper pelo garfo comprido. "Meu pai tinha um estilo bem americano, tanto é que a moto é pintada nas cores da bandeira dos Estados Unidos. Eu falo que ele nasceu no país erado, era totalmente roqueiro, gostava de aventura", narra Mart.

A menina chegou a fazer duas viagens com o pai na chopper e na cidade, ia todos os domingos no aeroporto ver o por do sol. "Ele levava eu, minha mãe e a minha irmãzinha. Naquela época não tinha toda essa questão de trânsito", brinca a filha. "Foi dele que eu tirei toda essa paixão pelo por do sol, motos e aventuras", completa.

Chula morreu em maio de 1991, por um problema nos rins e por situações financeiras, a família não conseguiu e pôs a moto à venda. "Vendemos e a única lembrança que nós temos, são esses momentos", sente Mart. À época, a mãe de Mart manteve a chopper dentro da sala de casa por ainda um ano. Sem deixar ninguém pilotar.

"Mas ali era um dinheiro parado... Eu sei que essa moto foi vendida para um rapaz de Aquidauana, mas não sei o que aconteceu depois... A última coisa que eu soube é que ela tinha sido pintada de branca".

Mart com Manoel, em um dos aniversários que o pai esteve presente. (Foto: Arquivo Pessoal)
Mart com Manoel, em um dos aniversários que o pai esteve presente. (Foto: Arquivo Pessoal)
Manoel teve oficina, motoclube e era um apaixonado por motos e rock. (Foto: Arquivo Pessoal)
Manoel teve oficina, motoclube e era um apaixonado por motos e rock. (Foto: Arquivo Pessoal)

A curiosidade também divide espaço com a nostalgia. Em maio deste ano, quando se completam 25 anos da morte do pai, Mart pegou uma foto antiga, a que mais aparecia detalhes da motocicleta, e levou até o tatuador.

"O que mais me lembra era o barulho dela, sabe? O que ficou dele? As motos, as músicas. A paixão dele por animais e natureza", desaba.

A tatuagem levou uma tarde inteira e depois de pronta, Mart disse que nem precisou olhar para ter a certeza de ter eternizado a lembrança de menina. "Minha irmã, que era mais nova e não teve muito convívio com ele, só sabia pelo que eu transmitia dele e ver os olhos dela brilhando, senti uma emoção muito grande".

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