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Comportamento

Na Santa Casa, terapeuta faz órteses com PVC para doar aos pacientes

Equipamentos são utilizados por pessoas que estão em recuperação

Thailla Torres | 12/11/2016 07:15
Adão trabalha há 20 anos na Santa Casa de Campo Grande.
Adão trabalha há 20 anos na Santa Casa de Campo Grande.

Seu Adão até tem um jeitinho tímido, mas um amor imenso nas palavras. A dedicação ao trabalho e a vontade de ajudar, conquistam pacientes que estão em recuperação. Há 20 anos ele trabalha na Santa Casa de Campo Grande, é terapeuta ocupacional e, além das atividades, arruma tempo para produzir órteses com PVC e doar aos pacientes.

A produção é feita a mão, de maneira super artesanal. Apesar da prática, o trabalho é minucioso para ficar no tamanho adequado a cada paciente. As órteses protegem e serve de apoio a que está com algum problema de locomoção. São prescritas pelo médico e ajudam na recuperação. "São dispositivos usados em caso de acidentes ou alguma doença do sistema locomotor. Elas ajudam a estabilizar, imobilizar, aliviar o corpo e a dor", explica.

Sorriso de cada paciente é algo que não tem preço para Adão.
Sorriso de cada paciente é algo que não tem preço para Adão.

Adão Santos Moreira tem 58 anos. O tempo como terapeuta ocupacional lhe trouxe experiência e o amor à profissão que andam de mãos dadas.  A vontade, segundo ele, surgiu ainda na infância. "Sinto que é uma coisa que vem da gente. Sempre tive o prazer em ajudar as pessoas, desde pequeno. Na verdade, nem acredito que faço de graça, afinal sou funcionário do hospital. Mas quero continuar ajudando, parece pequeno, mas tem feito diferença na vida do paciente", afirma. 

Assim que chegou na Santa Casa, o primeiro contato foi uma etapa difícil, teve de vencer a resistência de lidar com a dor dos pacientes. "Comecei trabalhando na ala de queimados. Ali é um setor difícil, até mesmo para os profissionais. É doloroso", lembra.

Adão percebeu a realidade do hospital e de pacientes que precisavam de órteses e não tinham condições de pagar por elas. Por conta própria, decidiu começar a produção utilizando o PVC. "Eu via o quanto esses dispositivos são importantes. Favorecem a recuperação, mas custam caro", diz.

No início, até os materiais seu Adão quem buscava por meio de doações. Hoje, o hospital fornece tudo, para ele produzir os equipamentos. As vezes, chega a fazer cinco órteses por dia. 

Na versão tradicional, feito com material importado, uma órtese, pode custar a partir de R$ 350. Já na versão feita com tubos comuns de encanamento, fica muito mais barata. Hoje ele é um especialista nos equipamentos que são feitos para as mãos, pernas, joelho e pé. 

"Fui criando no dia a dia. Faço a moldagem com o calor utilizando um soprador térmico. Parece um secador de cabelo, mas não é. As pessoas até questionam se eu preciso de um espaço maior ali no hospital. Mas para mim se tornou fácil. A sala pequena que eu tenho é suficiente", garante.

O que é produzido conforme recomendação médica é doado ao paciente e pode ser levado para casa. "Ajuda no posicionamento para quem fica muito tempo deitado. Dá para fazer uma elevação do membro e também fica mais fácil para quem faz atividades básicas. Já fiz adaptação para pessoas amputadas, dando liberdade para comer e escrever", lembra. 

O trabalho de Adão vai além da recuperação física. A solidariedade acaba contribuindo para um bem estar emocional. "Faço o que eu posso para que o paciente se torne independente. Vejo muitos em situações difíceis e percebo que isso favorece a autoestima delas. A ideia é facilitar a vida". 

A contribuição? Um sorriso que para ele paga tudo. "É gratificante, não tem nada no mundo que pague um sorriso. Sabe quando você faz um coisa porque gosta? Eu penso que alguém tem que cuidar deles e eu sinto que estou ali pra isso", acredita.

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Órteses facilitam a recuperação.
Órteses facilitam a recuperação.
Uma das fotografias, mostra o dispositivo que Adão criou para o paciente amputado conseguir escrever.
Uma das fotografias, mostra o dispositivo que Adão criou para o paciente amputado conseguir escrever.
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