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Comportamento

Não falta gafe pelas ruas, de tombo do salto alto ao beijo na pessoa errada

Elverson Cardozo | 11/11/2014 06:45
Putuco e Bexiga vivem sorrindo mas já foram motivos de piada. (Foto: Marcos Ermínio)
Putuco e Bexiga vivem sorrindo mas já foram motivos de piada. (Foto: Marcos Ermínio)

O Lado B contou, há um tempo, a história da Rainha das Gafes, da Marlene, a mulher que dá um fora atrás do outro e, por isso, se intitula assim sem o menor constrangimento. Desta vez, o canal saiu às ruas para descobrir se a “falta de tato” é uma exclusividade dela ou se os micos, as gafes, são mesmo universais. É claro que são e um bom exercício para a gente conseguir rir de si mesmo.

E todo mundo, no final das contas, tem uma história para contar. “Os micos a gente não lembra. Quer esquecer”, disse uma adolescente que não quis revirar o baú. Faz sentido. Mas porque não rir de tudo isso? A vida pede leveza.

Gargalhada faz parte do ofício dos palhaços Putuco e Bexiga, interpretados pelos artistas Júlio Cesar Franco, de 32 anos, e Calixto Barroso Rodrigues, de 46 anos. Os dois passam o dia no Centro de Campo Grande fazendo graça para quem passa, mas eles também já foram motivos de piada e, em vários momentos, sentiram os rostos queimarem de tanta vergonha.

“Toda a vida eu venho de palhaço para o centro. Já venho de casa assim. Mas teve um dia que eu vim normal, para resolver uns negócios meus, como qualquer um. Estava sem maquiagem. Aí passou uma criança e eu sou sou acostumado a falar 'oi, bebê, cadê meu abraço?' Eu falei e a mãe me olhou assim do tipo 'quem é esse louco que tá querendo abraçar minha filha?' Ela deve ter achado que eu era, no mínimo, um pedófilo, um cara com má intenção”, conta Putuco.

Há oito anos na profissão, ele diz que quando a gafe parte de um palhaço, com cara pintada e vestido a caráter, a vergonha é menor porque, pelo menos, dá para disfarçar. O colega de profissão, Bexiga, concorda, mas ele é outro que carrega um mico sem a proteção da caracterização.

Putuco lembra do dia em que saiu sem maquiagem, mas com o espírito do palhaço. (Foto: Marcos Ermínio)
Putuco lembra do dia em que saiu sem maquiagem, mas com o espírito do palhaço. (Foto: Marcos Ermínio)

“Fui no supermercado fazer compras, enchi o carrinho e passei direito com as mercadorias”, lembra. “O cara me chamou. Achou que eu não iria pagar”.

A faturista Iliana Conte não estava de palhaça, mas de xadrez no dia em que passou um vergonha daquelas que faz a gente querer encontrar só um buraco para enfiar a cara e não sair nunca mais.

“Fui convidada para uma festa e, no convite, pediam para ir com trajes caipiras. Eu me arrumei, arrumei meus filhos que eram pequenos e fomos. Chegando lá não tinha ninguém vestido assim. O pessoal foi tudo de roupa normal”.

Também teve o dia da clássica, relata: ”Encontrei uma senhora na rua, cheguei para ela toda sorridente, cumprimentando. Ela me olhou e perguntou: 'te conheço de onde? Desculpa mas não estou lembrando'. Foi aí que percebi que era alguém muito parecida com outra que conhecia. Fiquei sem jeito, sorri e pedi desculpas”.

A secretária Bruna Natiely, de 22 anos, passou por uma dessas. “Fui a um casamento e, chegando na festa, encontrei uma moça que me perguntou como eu estava e ficou falando 'quanto tempo?', 'aonde você está trabalhando agora?', como se me conhecesse há muito tempo. Falava meu nome e tudo. E eu não sabia de onde ela me conhecia. Como estava com alguns amigos, fiquei sem graça de falar que não lembrava dela”.

Wesley já tentou beijar uma garota errada. (Foto: Marcos Ermínio)
Wesley já tentou beijar uma garota errada. (Foto: Marcos Ermínio)

O arte-finalista Wesley Duarte, de 26 anos, também estava em uma festa quando pagou o que considera a maior gafe. “Já tentei beijar uma menina achando que era outra. A tatuagem era parecida”.

Mas a pior situação, revela, foi exatamente o contrário. “Estava em um lugar com um monte de pessoas, chegou uma menina e me beijou. Ela era feia”.

Na loja onde trabalha, a vendedora Vanessa Guimarães Cabral é apontada pelas amigas como a que mais paga mico e ela confirma: “tenho uma coleção”. Dia desse a garota deu conta de se desequilibrar e cair em cima de um manequim.

“Sai rodando e ainda bati minha cabeça. Olha minha perna aqui. Não tem uma semana”, diz, mostrando o hematoma. Mas se esse fosse o único tombo atrapalhado seria bom.

Vanessa vive pagando mico. (Foto: Marcos Ermínio)
Vanessa vive pagando mico. (Foto: Marcos Ermínio)
Vendedora mostra marca da última queda dentro da loja. (Foto: Marcos Ermínio)
Vendedora mostra marca da última queda dentro da loja. (Foto: Marcos Ermínio)

“Também caí em frente ao supermercado. Estava de salto alto, toda linda, montada, indo para uma festa. Estava tomando até um sorvetinho para ajudar. Meu marido saiu de perto e fingiu que não me conhecia. Foi em uma rampinha. Todo mundo começou a rir”.

Na vida profissional, recomenda-se evitar as mancadas, mas nem sempre é possível. Algumas escapam.

Gerente de uma rede de óculos, Matheus Soares, de 20 anos, que o diga. “Uma vez veio duas irmãs aqui e eu falei para uma delas: você vai levar o mesmo óculos da sua mãe. Daí ela falou que eram irmãs. Daí elas não levaram os óculos”.

Matheus, Vanessa, Wesley, Bruna, Iliana e os palhaços Putuco e Bexiga colecionam várias histórias assim. Eles reúnem exemplos comuns a todos porque as gafes estão para as pessoas assim como as pessoa estão para as gafes. De perto, diz o ditado, ninguém é normal. Quem bom.

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