ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  19    CAMPO GRANDE 26º

Comportamento

Nascido na Eslovênia, avô só usa chinelos enquanto neto é o legítimo cowboy

Paula Maciulevicius | 30/03/2015 06:57
Do avô esloveno, ao neto cowboy. A diferença entre os dois vai além dos 51 anos. (Foto: Marcos Ermínio)
Do avô esloveno, ao neto cowboy. A diferença entre os dois vai além dos 51 anos. (Foto: Marcos Ermínio)

Do avô esloveno, ao neto cowboy. Os 51 anos que separam Janko e Gabriel não é a única diferença entre eles. O avô, nascido na Eslovênia completa 60 anos no Brasil. O neto não viveu nada do pós-guerra, já nasceu aqui e tem nas raízes a infância na fazenda.

Na série "De guarda-roupa aberto" desta semana, a família Slavec quem abre as portas para mostrar que o estilo pode ser bem diferente, assim como a criação, mas que a personalidade tem lá suas semelhanças, mesmo que um use botina e outro chinelos.

"Nosso estilo é bem diferente mesmo. Eu fui criado em fazenda desde pequenininho. Meu avô, a gente não teve tanto contato assim, não lembro como ele se vestia antigamente, lembro dele assim...", conta o estudante de Medicina Veterinária, Gabriel Luz Slavec, de 21 anos.

Criado em fazenda, Gabriel segue o estilo até hoje.  (Foto: Marcos Ermínio)
Criado em fazenda, Gabriel segue o estilo até hoje. (Foto: Marcos Ermínio)

O avô, Janko Slavec, explica que teve duas fases e que hoje compartilha do lado mais "desapegado" da vida. O convívio entre eles foi retomado há 9 anos. 'Seu' Janko morava no Ceará. "Justamente nessa fase mais interessante de avô e neto, eu morava lá e só nos víamos quando eles iam ou eu vinha, a cada dois, três anos", relata.

Para explicar o hoje, seu Janko volta ao passado. Sua infância foi bem longe da criação em fazenda que o neto já teve. "No pós-guerra, a gente até podia ter dinheiro, mas não tinha o que comprar. Era o short do mais velho que passava para o mais novo e assim por diante..."

Já adulto, no Brasil, é que ele foi passar a viver um padrão mais alto, que também exigiu melhores vestimentas, entre camisas, ternos e calças. Uma época em que Janko teve comércio, várias lojas, funcionários e pelo menos três telefones tocando quase que ao mesmo tempo.

A segunda fase já foi vivida na praia. "Aí o estilo dele mudou, ele gosta mais de coisa artesanal", explica o neto. "Comecei um negócio mais tranquilo, passei a simplificar a vida, a ter menos problemas", descreve Janko. O resultado foi passado também para as roupas. O desapego da vida corrida reflete no chinelo que ele calça, nas bermudas e camisetas mais simples.

Para explicar o hoje, seu Janko volta ao passado.  (Foto: Marcos Ermínio)
Para explicar o hoje, seu Janko volta ao passado. (Foto: Marcos Ermínio)
No guarda-roupa, neto exibe camisas e fivelas. (Foto: Marcos Ermínio)
No guarda-roupa, neto exibe camisas e fivelas. (Foto: Marcos Ermínio)

Quando o neto abre o guarda-roupa o que salta aos olhos é a diferença. Polos e camisas sociais. Botinas, calças jeans e cintos com fivela. "Fui criado assim, não fugi disso", esclarece. Do menino que passava os 30 dias na fazenda trabalhando com o pai para o estudante de Veterinária. A escolha do profissional seguiu à risca o que Gabriel sempre encarou como hobby.

No que se parecem então? "Talvez de perfil" - brinca o avô. "Mas eu sou mais bonito que ele" - devolve o neto. O bom humor e a disposição estão, à nossa vista, bem definidos como semelhanças. Para o neto, é preciso pensar um pouco antes de responder.

"Não sei o que a gente se parece. Talvez no pensamento. Ele é muito certo nos pensamentos dele, eu também. O que a gente pensa que é certo. Eu sou meio assim, meio autoritário", compara Gabriel.

O avô não discorda. Ainda está pensando nas diferenças até chegar nas preferências musicais. "Eu gosto de música erudita, samba, bolero, uma coisa mais romântica", explica. O neto, não chega a gostar do universitário, mas não abre mão do sertanejo. "Eu gosto mesmo é do de raiz e do country".

Se o tempo fez com que seu Janko dividisse as fases da vida até alcançar a simplicidade dos chinelos, pergunto se Gabriel se vê assim no futuro. "Se eu tiver com a vida ganha", brinca.

A diversão do avô é em parte o trabalho do neto. No quintal da casa de seu Yanko é que se encontram as semelhanças nos afazeres. Há cinco anos o avô passou a ter horta e pomar. O que podia ter do campo, dentro da cidade. A motivação é que se diferencia. Gabriel gosta do campo por criação, Janko trouxe um costume esloveno para Campo Grande. Por lá, todas as famílias plantam suas próprias frutas.

Artesão e artista, o quadro da parede da sala do avô tem cavalo pintado, uma das grandes paixões do neto.

No que se parecem então? "Talvez de perfil" - brinca o avô. "Mas eu sou mais bonito que ele". (Foto: Marcos Ermínio)
No que se parecem então? "Talvez de perfil" - brinca o avô. "Mas eu sou mais bonito que ele". (Foto: Marcos Ermínio)
No quintal da casa de seu Yanko é que se encontram as semelhanças nos afazeres. (Foto: Marcos Ermínio)
No quintal da casa de seu Yanko é que se encontram as semelhanças nos afazeres. (Foto: Marcos Ermínio)
Seu Janko tem na parede uma das grandes paixões do neto, um cavalo. (Foto: Marcos Ermínio)
Seu Janko tem na parede uma das grandes paixões do neto, um cavalo. (Foto: Marcos Ermínio)
Nos siga no Google Notícias