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Comportamento

Ninguém quer ficar com a Ximbica de 87 anos, que é o amor do seu Guilherme

Thailla Torres | 10/09/2016 07:05
Ximbica verde, de 1929, está a venda. Mas tem que pagar R$ 90 mil pela relíquia. (Foto: Fernando Antunes)
Ximbica verde, de 1929, está a venda. Mas tem que pagar R$ 90 mil pela relíquia. (Foto: Fernando Antunes)

Desde 1976, seu Guilherme Yule carrega na vida um amor pela Ximbica de 1929. Hoje, aos 67 anos, decidiu se desfazer do Fordinho, que é mais do que uma relíquia estacionada na varanda de casa. O sonho mesmo era deixar como herança para os filhos, mas eles não quiseram. Sem herdeiros para o carro, Guilherme procura um novo dono, mas que tenha o mesmo zelo.

“Esses últimos dias eu tenho andado bastante com ela, porque meu carro está na oficina, mas a verdade é que eu gosto muito. Mas como estou já com idade, a gente começa a não ter muito tempo né, então resolvi que era o momento de vender. Meus filhos não tem interesse”, conta o engenheiro aposentado.

O carro era um sonho de infância, já que o veículo fez parte da história dos avós. “Na família, sempre tiveram e eu via fotos com meu avô e os filhos ao redor de uma Ximbica. Eu me lembro que eles eram bem gordinhos, sempre brigavam para saber quem ia na frente, nunca me esqueço disso”, ri sobre do episódio.

Carro é antigo, mas bem cuidado e funciona normalmente. (Foto: Thailla Torres)
Carro é antigo, mas bem cuidado e funciona normalmente. (Foto: Thailla Torres)

Atualmente, o carro fica na garagem que Guilherme construiu na Vila Margarida, para protegê-lo do sol e da chuva. É bem cuidado, mas tem alguns pontos na lataria enferrujados que seu Guilherme justifica no tempo. "Mas o motor é original", garante

Ele foi o segundo dono do carro. Quando comprou, o neto do primeiro proprietário fez a negociação e a situação da Ximbica era bem complicada. “Eu estava trabalhando em Ponta Porã, fazendo asfalto em 1976, quando vi o carro estacionado em uma casa. Eu passava todos os dias e não via ninguém. Um dia, um homem me atendeu e perguntou o que eu queria, falei que gostava do carro e ele disse que não funciona mais”, conta.

Não demorou muito, Guilherme conseguiu negociar o veículo com o antigo dono que tinha toda a documentação do carro em mãos. “Estava parado há muito tempo, cheio de penas de galinha que ficavam lá dentro, parecia um galinheiro. Não me lembro ao certo quanto paguei, mas levei o carro para arrumar, lavar e dei partida”, descreve.

O verdão do seu Guilherme o carregou muito tempo pelas estradas. "Como engenheiro, eu viajava muito, mudava de cidade e onde ia, estava a Ximbica comigo. Hoje estou aposentado, saio às vezes, porque na maioria do tempo faço trabalhos em casa mesmo", explica.

Os papéis amarelados são guardados com todo carinho. (Foto: Thailla Torres)
Os papéis amarelados são guardados com todo carinho. (Foto: Thailla Torres)
Guilherme mostra o motor original do veículo. (Foto: Thailla Torres)
Guilherme mostra o motor original do veículo. (Foto: Thailla Torres)

Apesar do tempo, ele reforça que o carro está em boas condições, mas que não é para qualquer pessoa. Necessita de cuidados e o mesmo amor que ele dedicou por todos esses anos. “Não é um automóvel que você dá partida e sai. Ele tem alguns truques por ser antigo. Ele, por exemplo, não tem bomba de gasolina, então, quando a gente para o carro, tem que fechar a gasolina que vai para o motor, senão ela continua caindo. Tem essa parte no manual”, ensina.

O valor é alto, Guilherme pede R$ 90 mil e, mesmo assim, ele faz exigências. "Mas tem de ser alguém que vai criar um laço sentimental com o carro sabe?”

E amor é provado não só pela carro guardado com carinho na garagem. Guilherme armazena com todo cuidado os documentos antigos, emplacamentos e até o manual de instruções que ensinava a montar o veículo e o motorista a dirigir.

“É precioso, quando me perguntam, eu faço questão de mostrar e deixo claro que não vou aceitar qualquer coisa. Uma vez veio um interessado na minha porta e quis oferecer R$ 5 mil, mas fui educado e disse que não aceitava. Porque não adianta ser colecionador, ter 30 carros e nunca saber a história. Tem que dar valor, enquanto isso eu continuo cuidando”, garante.

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