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Comportamento

No papo, seu Pedro recomeçou do zero aos 54 anos, depois de "entrar em parafuso"

Paula Maciulevicius | 17/12/2016 07:10
De suspensório e óculos aviador, o segredo dele é saber se comunicar.
De suspensório e óculos aviador, o segredo dele é saber se comunicar.

O segredo do seu Pedro é saber se relacionar. Nada mais explicaria como alguém que começou do zero um negócio, aos 54 anos, viu a ideia vingar e pode colher os frutos da conquista. Vendedor nato, depois de uma separação, ele perdeu todo o patrimônio adquirido com a venda de gado na região de Nioaque e hoje, casado pela segunda vez há décadas, criou uma convivência tão pacífica entre ex e atual mulher, que elas parecem "irmãs".

O Lado B chegou até seu Pedro pelo exemplo de quem deu a cara à tapa numa idade em que poucos tem força para renascer. De suspensório e óculos aviador, o senhorzinho de 84 anos é uma figura. Tem Iphone, fala ao celular, usa Whats App e ainda bate ponto na empresa todo santo dia.

Modesto, ele conta sua história como se fosse descrever se chovia ou não na tarde da entrevista. "Comecei do zero sim. Perdi tudo. Quando cheguei em Campo Grande, falo que vim voando baixinho. É porque houve um desfecho na minha vida e eu acabei entrando em parafuso", justifica Pedro Alves Pereira.

À época, seu Pedro tinha 30 e poucos anos e na década de 60, o divórcio o deixou desnorteado. Junto do único filho, ele veio para a Capital e assumiu a responsabilidade na casa da mãe, de cuidar dela e dos irmãos mais novos.

Aqui, ele se encontrou como corretor de imóveis. Sem recursos, dependia do conhecimento e do convencimento. "E foi uma profissão muito vantajosa para mim. Eu conheci muito a área rural, tive facilidade de fazer negócios", conta.

Anos depois, um amigo de longa data e que não conseguiu tocar as vendas de uma empresa de alarme, resolveu passar a bola para Pedro, que de pronto aceitou. Também, pudera. Nos anos 90, quem é que se preocupava com segurança numa cidade onde se dormia de janela aberta?

"Ele não teve sucesso porque não tinha conhecimento, relacionamento. Acabou indo embora e eu falei: posso agregar a esse produto?", lembra. Seis meses depois, quando o amigo voltou, decidiu vender para Pedro a empresa.

"Já começavam invasões de domicílio para levar uma TV, que naquela época era cara. Mas era toda uma mudança de hábito e fomos entrando no mercado. Eu que vendia, de porta em porta e ninguém acreditava que tinha necessidade", narra.

O argumento em resposta era que os vizinhos cuidavam e que a casa tinha grade. "Eu tinha que acreditar nisso aí, era uma coisa que já existia nos grandes centros, só que naquela época aqui era interior do Brasil", compara.

Mas de boca em boca, a propaganda se tornou ferramenta aliada de seu Pedro. Em parte, por ele já ser conhecido na cidade. "E quando eu falo que já caminhei bastante, é porque já fiz isso mesmo. E todo lugar onde eu passei, deixei um bom relacionamento" frisa.

Entre os altos e baixos da vida, 14 anos depois do divórcio, seu Pedro se casou de novo e hoje ri ao avaliar o que para a família é normal. A convivência do trio. "Ela é mesmo que irmã da minha atual esposa. Se dão muito bem, saem juntas, nós viajamos também", diz.

Se o segredo é só saber se relacionar? Seu Pedro garante que não. "Tem que também ter humor", brinca. 

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