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Comportamento

No Recanto dos Pássaros, aposentado é "guardião” solitário de praça

Elverson Cardozo | 07/03/2014 06:37
Morador do bairro, aposentado dedica suas manhãs à manutenção da praça. (Foto: Pedro Peralta)
Morador do bairro, aposentado dedica suas manhãs à manutenção da praça. (Foto: Pedro Peralta)
Gaúcho, como é conhecido, mantém uma lanchonete na área. Usa o espaço cedido pela Prefeitura, mas, em contrapartida, cuida da área. Foto: Pedro Peralta)
Gaúcho, como é conhecido, mantém uma lanchonete na área. Usa o espaço cedido pela Prefeitura, mas, em contrapartida, cuida da área. Foto: Pedro Peralta)

Angelino Marafon, 69 anos, o Gaúcho, é um morador conhecido no Recanto dos Pássaros, em Campo Grande. Conhecido, admirado e, ao mesmo tempo, odiado. E tudo isso porque ele é o “guardião” da praça pública do bairro que, não fosse seus cuidados, seria, quem sabe, mais uma abandonada, largada no tempo.

O aposentado “linha dura” resolveu tomar conta do espaço, que considera a extensão da própria casa. Ele não quer a praça para si, nem almeja o título de “dono”. Cuida, apenas, e pede o mesmo dos frequentadores. Nada mais justo.

Como não gosta de ficar parado, todos os dias, de segunda a segunda, das 6h30 às 11h, o senhor se dedica à manutenção da área. “Tenho que varrer, limpar, cortar grama, matar formigas, cupim... fazer o que tem que ser feito”, contou.

Tem sido assim há pelo menos 10 anos, desde o tempo em que abriu uma lanchonete na praça. Ele usufrui do quiosque cedido pelo município, mas, em contrapartida, mantém a área sempre apresentável. “Todo mundo queria usar isso aqui, mas ninguém queria fazer nada”, disse, ao comentar da responsabilidade com a Prefeitura.

Mas Angelino não se contenta só em cumprir o acordo. Faz o que está acertado, mas vai além. “Noventa por cento das coisas que tem lá foi eu que plantei”, comentou, citando os pés de eucalipto, lima, limão, acerola, goiaba, caju e manga plantados ali.

Dá gosto ver a praça limpa, mas, para quem cuida, essa é uma tarefa que dá trabalho. Angelino sabe bem disso e, portanto, estabeleceu algumas “regras” aos visitantes.

“Se encontrou limpa tem que deixar do mesmo jeito; o parquinho é só para crianças de até 10 anos ou conforme orientação do fabricante; não pode usar drogas; não sou contra quem usa, mas que ache um local próprio porque não somos obrigados a sentir aquele cheiro”, citou. Quem não gosta, prosseguiu, são os “baderneiros”.

Área é limpa e bem apresentável. (Foto: Pedro Peralta)
Área é limpa e bem apresentável. (Foto: Pedro Peralta)

Tanto esforço rendeu ao aposentado reconhecimento dos moradores. Basta perguntar do Gaúcho para ouvir elogios. Até quem vem de fora “rasga seda” para o senhor.

“É uma pessoa que se dedica, cuida, procura melhorias junto à Prefeitura. É muito dedicado. Um exemplo”, disse o aposentado Antônio Carlos Santos Azambuja, de 56 anos, morador do Panamá, e mais um cliente fiel da lanchonete do Recanto.

Humilde, o “guardião” dispensa os títulos, mas diz que fica feliz com o retorno. “Eu tenho satisfação quando as pessoas chegam e falam que essa é uma das praças mais limpas de Campo Grande. Faço a minha parte”.

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