ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  18    CAMPO GRANDE 21º

Comportamento

O Itaquerão é aqui, fica em sítio de família e tem sábados bem animados

Bruno Chaves e Aline Araújo | 22/07/2014 10:08
Sábado de treinamento na Chácara das Mansões. (Foto: Marcelo Calazans)
Sábado de treinamento na Chácara das Mansões. (Foto: Marcelo Calazans)

Adolfo Kolchraiber, 72 anos, deve ser o único corintiano com um “Itaquerão” particular. No sítio onde vive com a família, em Campo Grande, ele montou a versão popular do estádio do Timão. É um campinho bem gramado, com tudo novinho, criado para os jogos dos 3 filhos e amigos, mas que acabou ganhando uma importância muito maior no bairro Chácara das Mansões, um dos mais afastados do Centro da cidade.

A família inteira gosta de futebol e todos são corintianos, com exceção de um irmão. “Ele mudou pro outro lado, virou Palmeiras”, explica Adolfo. Diante da quase unanimidade, o lugar seria batizado de Parque São Jorge, mas veio a Copa do Mundo, as novas instalações, e “para ficar moderno” o campo de futebol virou Itaquerão.

O filho mais novo, de 17 anos, era o que mais aproveitava o lugar, até que há cerca de 30 dias a escola do bairro pediu para executar um projeto para crianças da comunidade. “Na hora concordei”, lembra o proprietário, um dos moradores mais antigos da região, já há 40 anos no bairro que fica a cerca de 20 quilômetros do Centro.

Agora, os alunos ocupam o campo uma vez por semana. Todo os sábados à tarde, das 14h às 16h, o espaço é do projeto “Craques da bola, melhor na escola”.

Adolfo é paulista, filho de alemães. Trabalhava como administrador de fazenda, nas regiões de Dourados, do Pantanal e ultimamente de Campo Grande. Demorou 5 anos para construir a casa no sítio de mil hectares, mas a alegria do fim de semana também é uma recompensa. “Fico feliz com o barulho da criançada. Anima os meus sábados”, conta. Adolfo anda tão enstusiasmado que já pensa em construir vestiário e banheiros no seu Itaquerão.

Projeto é realizado na Chácara das Mansões, bairro a 20 km do Centro. (Foto: Marcelo Victor)
Projeto é realizado na Chácara das Mansões, bairro a 20 km do Centro. (Foto: Marcelo Victor)

No bairro, não há opções de lazer ou esporte, por isso, contribuir passou a ser algo ainda mais importante. Como só o campo não seria o ideal, a comunidade fez até um churrasco dançante para arrecadar dinheiro e comprar bola, colete para os meninos treinarem e regularizar a questão burocrática do projeto.

A ideia de ocupar o sitio da família Kolchraiber partiu do professor Rodrigo Ribeiro, de 29 anos, que tem a história muito parecida com de tantos jogadores de futebol no Brasil. Ele chegou a jogar no Cene o no Comercial, mas nunca conseguiu status profissional. “Não consegui realizar meu sonhos de ser jogador por falta de oportunidade. E o projeto é para que nenhum outro sonho morra como o meu.”

Aos 16 anos, Robson Nascimento da Silva, conseguiu aproximar o tal sonho, que antes dependeria de um longo percurso até o Centro de Campo Grande. “Eu morava e treinava em Bataguassu, quando mudei para cá não tinha onde treinar e a cidade é longe para ir todo dia.”

Como professor, além da bola, as crianças têm aulas de reforço de Português, Matemática, e Ciência, com a ajuda de madrinhas do projeto. São 12 voluntárias que auxiliam na hora das lições da turma de 50 crianças, entre 6 e 16 anos de idade.

A jornalista Elida Monteiro, 27 anos, é uma das madrinhas. “Foi um prazer ser convidada para ser madrinha. É uma satisfação pessoal. Seria importante que mais pessoas ajudassem”, reforça.

Os treinos ficam por conta do educador físico Adriano Sá e Silva de Azambuja, 45 anos, que divide com Rodrigo de a experiência no esporte. “Nessa idade eles ficam muito na frente do computador, aqui é uma oportunidade de oferecer uma atividade física e eles aprenderem o que precisam saber sobre futebol”, lembra Adriano.

“A gente vê os outros jogar e sonha. Aprende a jogar e pode treinar até para alguma competição. Estou gostando muito, antes só jogava na escola”, comenta Lucas Melchior, 15 anos.

Para os interessados em colaborar com o projeto, o telefone de Rodrigo é 9940 57 30.

Versão campo-grandense do Estádio do Corinthians. (Foto: Marcelo Victor)
Versão campo-grandense do Estádio do Corinthians. (Foto: Marcelo Victor)
Nos siga no Google Notícias