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Comportamento

O menino de 8 anos só queria um terno como presente de Natal

Viviane Oliveira | 25/12/2012 07:00
Rian Danilo (azul) e Henry Samuel. Os dois com os presentes novos posando para foto. (Fotos: Rodrigo Pazinato)
Rian Danilo (azul) e Henry Samuel. Os dois com os presentes novos posando para foto. (Fotos: Rodrigo Pazinato)

Henry Samuel Pereira Barbosa deixou de pedir brinquedos neste Natal para realizar um sonho: ter um terno, daqueles de gente grande, dos bacanas.

O garoto vai à igreja todos os domingos junto com a família e fica admirando o visual do pastor. É tanto envolvimento nos cultos, que o futuro já está desenhado na cabeça do garoto de 8 anos.

“Quando crescer, quero ser pastor e policial. A primeira profissão é para servir a Jesus e a segunda para proteger a igreja de assaltos”, diz o menino de sorriso tímido.

O medo de bandidos ocorre porque há pouco tempo a igreja foi roubada. O ladrão levou todos os talheres e as panelas do local, nada de muito valor, mas é o tipo de violência que marca uma criança. “Nós frequentamos a igreja há 4 anos e as crianças adoram o lugar”, justifica o padrasto, Josimar, que criou o menino e o irmão desde que eles tinham 1 ano.

Henry tanto pediu o tal terno, tanto falou sobre o assunto com os conhecidos, que um vizinho resolveu ajudar. “Quando fiquei sabendo, fui logo postar nas redes sociais para pedir ajuda”, lembra o vizinho Jhoseff Bulhões, 25 anos.

O rapaz divulgou o sonho do garoto nas redes sociais e, como tudo que cai no Facebook, o assunto correu até alcançar uma pessoa disposta a bancar o presente de Natal.

O desejo foi realizado ontem por uma jovem que pediu para não ser identificada. Ela ficou comovida com a história, buscou ajuda e fez a alegria da família toda. Até a dona da loja onde a roupa foi comprada resolveu dar desconto ao saber do pedido do garoto.

Além do terno, a Mamãe Noel levou um bolo, uma cesta de natal, uma chuteira para Henry, outra chuteira e roupas para o irmão dele, Rian Danilo, de 9 anos. Até porque criança tem de brincar, não só pensar no culto.

Os dois irmãos moram no bairro Bonança, em Campo Grande, mas estão passando uma temporada no Tijuca, na casa da avó postiça. Maria Auxiliadora da Silva, de 58 anos, é mãe do padrasto dos dois.

A vida dos meninos é complicada. A mãe das crianças, Lucimar, está presa há 1 mês por desrespeitar as regras do regime semiaberto. Aos 24 anos, ela cumpre pena por tráfico de drogas.

Para os garotos, o tempo na casa da avó adotiva é um presente de fim de ano. “Estamos aqui para passar as férias da escola”, diz Henry, um orgulhoso aluno que passou para a 4ª série.

Sobre o tão sonhado terno, a avó postiça, lembra que “nas últimas semanas ele não falava em outra coisa”.

Mesmo com o calor e tempo abafado de Campo Grande, e o modelo um pouco maior, Henry vestiu a roupa na hora, com as chuteiras que havia acabado de ganhar. “Não está combinado nada”, disse o irmão Rian, um menino com cara de feliz que também inova ao falar de suas vontades. "Quando crescer, quero ser contador de histórias".

Apesar dos sonhos bem diferentes da maioria das crianças, os irmãos têm muitos amigos, gostam de brinquedos e de estudar.

Em dias difíceis, a retribuição à responsável pela tarde feliz dos dois irmãos é uma cartinha, escrita em tom bem formal, como o terno novo de Henry. “Eu, por meio desse bilhete, venho agradecer a você e a Deus. Obrigado!”

Henry pediu o terno para se vestir igual o pastor da igreja.
Henry pediu o terno para se vestir igual o pastor da igreja.
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