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Comportamento

O que é amar? Para crianças é algo simples, mas que muita gente grande esqueceu

Paula Maciulevicius | 12/10/2015 07:12
Vinícius, de 11 anos, envergonhado ao dizer o que é o amor. (Foto: Gerson Walber)
Vinícius, de 11 anos, envergonhado ao dizer o que é o amor. (Foto: Gerson Walber)

Numa sala de aula onde as crianças têm entre 10 e 11 anos, o assunto amor deixa todo mundo vermelhinho de vergonha. Os risos revelam que para eles o sentimento começa a ter outra conotação, mas ainda é carregado de pureza que nos faz pensar por que a gente cresce e esquece de tudo isso?

Na simplicidade da resposta infantil é que o Lado B quer trazer à tona o que nunca deveria ter ficado para trás. Enxergar o mundo com os olhos deles ainda seria a melhor forma de ver as pessoas.

E é no desenho que Vinícius da Silva Santos descreve o que é o amor. "Um coração vermelho?" me pergunta. Aos 10 anos ele justifica a resposta dizendo que é assim que vê nos filmes.

Isadora de Souza Aquino da Silva, 10 anos, dá como definição a amizade, significado que ela diz trazer de casa. "Amor é amizade, ser doce, gentil, ter gratidão e carinho", completa. No ouvido, pergunto cochichando se ela já amou, se já se apaixonou. Ela responde um "sim" tímido, mas lista o que um candidato ao seu coraçãozinho precisa ter.

Isadora, de 10 anos, responde sem pudor que para amar, ele precisa fazer o que ela mandar. (Foto: Gerson Walber)
Isadora, de 10 anos, responde sem pudor que para amar, ele precisa fazer o que ela mandar. (Foto: Gerson Walber)

O engraçado é que em nenhum momento a resposta é do que precisa TER e sim, SER. "Tem que ser inteligente, carinhoso e fazer o que eu mando". As últimas palavras saem numa naturalidade que me espanta e ela tenta explicar. "É porque assim ele vai ser igual eu". Pergunto se não pode ser diferente e Isadora completa "tá, até pode, mas só um pouquinho". E o que não pode então? "Fazer bagunça". Ma sabe ela que o amor também bagunça a gente...

É do "eu te amo" recebido todos os dias que Caike Pacheco da Silva, de 11 anos, traz a resposta. Em casa ele diz que é recebido assim ao acordar pela manhã e que o amor nada mais é do que isso. "Um afeto. O que é afeto? É mais ou menos um carinho...."

Sorridente, Luiz Fernando da Silva, também de 11 anos, parece ser o divertido na turma. Amor para ele é amizade e vice e versa. "O amor é amizade e amizade é como o amor, não é?" a resposta está tão completinha que não ouso discordar. O amor já chegou no coração do pequeno estudante e pela carinha de vergonha com que ele diz isso, nos leva a crer que a candidata é da sala.

Além de bonita e legal, o que a menina precisa ser é brincalhona. "Tem que brincar junto, toda hora", lista.

Luiz Fernando diz que para amar, é preciso brincar junto toda hora. (Foto: Gerson Walber)
Luiz Fernando diz que para amar, é preciso brincar junto toda hora. (Foto: Gerson Walber)
Aos 10, André fala que amor é contar tudo um para o outro. (Foto: Gerson Walber)
Aos 10, André fala que amor é contar tudo um para o outro. (Foto: Gerson Walber)

Aos 10 anos, André de Lima Bobadilha, ergue a mão e pede para responder também. Não sei se a resposta já havia sido ensaiada, mas parece, de tão certinha. "O amor pra mim é duas pessoas que se amam muito e que não escondem nada um do outro". Quando questiono onde ele aprendeu isso, André diz que vê em casa, com os pais. "Um conta tudo para o outro sempre".

A demonstração de amor que ele leva para si vem do acordar na casa. Amor para André é a mãe levantar cedo e fazer café para o pai. "E quando é aniversário dele, ela leva na cama".

O pensamento não para por aí e atinge níveis mais próximos da realidade da criança. "Amor também é ser amigo, ser amiga e nunca falar mal do outro e ajudar sempre, mesmo nos momentos difíceis". Aí pergunto qual seria, afinal, um "momento difícil" para uma criança de 10 anos?

"Quando o amigo cai e se machuca, eu estou lá para ajudar".

Ao tentar explicar para André que, quando a gente cresce, isso fica para trás, pergunto se ele tem irmãos mais velhos e se sabe que as coisas mudam conforme os anos. "Eu sei, mas eu não quero mudar, não quero perder isso de querer ajudar".

O amor também é isso, querer ajudar, querer levantar, querer amar. As crianças ainda não têm ainda maturidade para saber o que o amor não está só no relacionamento com duas pessoas, mas a pureza das respostas mostram o que a gente nunca deveria perder.

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