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Comportamento

O “regime ditatorial” e as regras criadas pela dona do Clube da Amizade

Elverson Cardozo | 07/02/2013 09:52
Maria de Almeida Metello administra o clube de forma muito peculiar. (Foto: Rodrigo Pazinato)
Maria de Almeida Metello administra o clube de forma muito peculiar. (Foto: Rodrigo Pazinato)

Pode reclamar, bater o pé, falar mal, gritar, chorar, se indignar ou se esbanjar no desaforo. Não vai adiantar nada. A dona é ela. E é ela quem manda no pedaço. Se quer entrar ali, siga as regras. Simples assim.

Aos 79 anos, prestes a completar 8 décadas de vida, a proprietária do Clube da Amizade, salão de bailes localizado no Taveirópolis, em Campo Grande, Maria de Almeida Metello, continua exigente, mantendo a rédea curta.

No Clube que administra não é permitida a entrada de menores de idade. Ordem simples, plausível, que serve de exemplos para outros estabelecimentos. Mas há outras regras. Muitas, aliás.

Dona Maria não permite mulheres com barriga de fora, de minissaia ou transparência. O mínimo permitido são pelo menos três dedos acima do joelho. Se a saia for godê, tem que ser maior porque na hora de “rodar” o vento levanta. Não fica bem.

Quer dançar? Se divertir? Está permitido. É para isso que o Clube foi criado, mas nem pense em "extrapolar". Seguranças estão de prontidão para colocar os “ousados” do lado de fora. Basta um pedido.

Paquerar é liberado, mas tudo tem limite. Beijar? Só o “social”, diz a dona. Nada de “amassos”, beijos demorados e “lambeção na orelha”. “É proibido”, avisa, enfática. Na placa de entrada, tudo é explicado: "Não se proíbe no Clube carinho social. Proíbe sim pouca vergonha".

Com as mulheres, a briga maior “é com a danada da saia curta”. Vira e mexe tem confusão. “Mas elas sabem que não pode”, justifica. Algumas, conta, querendo bancar as espertas, entram de saia comprida ou calça e, no banheiro, se “libertam”.

Mas não adianta muita coisa. Logo as “danadinhas” são descobertas, levam um “pito” e são postas para fora. O mico e o sermão, no final das contas, não compensa o esforço.

Os homens são mais tranquilos. Costumam causar dor de cabeça quando estão “de fogo”, mas, neste caso, são identificados na portaria. Nem entram. Quando escapam, também não duram muito tempo.

Ninguém fica de fora das regras criadas por dona Maria, nem os parentes mais próximos. Há exceções, mas é preciso muita conversa.

O homens também estão na mira. Eles não podem, por exemplo, entrar de camisa regata. A “pouca roupa”, argumenta, só serve para mostrar os braços e ninguém deve ir a bailes com a intenção de mostrar o corpo. “Por que o homem quer dançar sem manga? Fica feio. Um baile feio”, ressaltou.

Avisos no Clube. (Foto: João Garrigó)
Avisos no Clube. (Foto: João Garrigó)

Além disso, completou, cavalheiro que se preza anda “arrumadinho”, de social. Era assim antigamente, porque não pode ser agora? Mas dona Maria sabe que as coisas mudaram e é por isso que abriu mão de algumas regras e se tornou mais flexível.

Antes era pior. Tênis, chapéu e boné eram vetados, sem dó ou piedade do cabloco. Agora a casa já autoriza bonés, mas no dia do “baile do boné” ou nas segundas-feiras, quando o espaço recebe maior público.

Antes, quando o negócio era tocado em sociedade, as exigências estavam registradas no estatuto do estabelecimento. Depois que comprou o espaço, dona Maria afirma que não viu mais necessidade de deixar tudo no papel.

Mas as regras, claro, continuam. A diferença é que os avisos estão maiores, em letras garrafais, distribuídos em placas, posicionadas por todo lado.

O jeito peculiar de administrar o Clube já rendeu muito bate boca. O prejuízo financeiro é evidente. Nem a proprietária nega que perde clientes, mas ela não se incomoda com isso. Nem um pouco. Dia desses foi processada. “Mas o juiz me deu ganho de causa”, diz, com boca cheia.

Serviço - Conhece o Clube da Amizade? O espaço existe há 20 anos. Fica na avenida Tiradentes, 942, no Taveirópolis, em Campo Grande.

Os bailes acontecem na sexta, sábado e segunda. A entrada varia de R$ 10,00 a R$ 15,00. Outras informações pelo telefone (67) 3331-1977.

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