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Comportamento

Parada da Diversidade tem discurso inclusivo e espaço para todas as famílias

Naiane Mesquita | 14/11/2015 18:36
Lucinda, Erick e Rafaela tem orgulho de serem uma família bem longe dos padrões do Estatuto (Foto: Marcos Ermínio)
Lucinda, Erick e Rafaela tem orgulho de serem uma família bem longe dos padrões do Estatuto (Foto: Marcos Ermínio)

Com 11 anos, essa é a primeira Parada da Diversidade e Cidadania LGBT que Erick Willian participa. Acompanhado da mãe, madrasta e tia, ele olhava tudo com atenção e naturalidade.

“Estou achando divertido”, confessa, nada tímido. Lucinda Ramos, 28 anos, fez questão de trazer o primogênito, que há um ano vive com o casal. “Prefiro morar com elas do que com o meu pai”, diz, com poucas palavras. Para ela, a diferença está no amor. “Há muita paz em casa. Nossa família é como outra qualquer”, acredita.

Os irmãos Luan e Liuany contam com o apoio dos pais sobre a sexualidade (Foto: Marcos Ermínio)
Os irmãos Luan e Liuany contam com o apoio dos pais sobre a sexualidade (Foto: Marcos Ermínio)
Em estande era possível fazer os cartazes  (Foto: Marcos Ermínio)
Em estande era possível fazer os cartazes (Foto: Marcos Ermínio)

Este ano, a Parada da Diversidade e Cidadania tem um discurso politizado, que questiona os recentes projetos na Câmara dos Deputados sobre a família ser formada apenas por um homem e uma mulher. Com cartazes de “Nossa Família Existe”, o evento se tornou muito além do imaginário público de ser apenas uma festa.

De acordo com a coordenadora de Políticas Públicas LGBT do município e ex-presidente da ATMS (Associação das Travestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul), Cris Stefanny, o número reduzido de público não importa.

“Sempre prezamos pela qualidade e não pela quantidade. Queremos pessoas que venham com o comprometimento da luta com cidade e a busca dos nossos direitos e não necessariamente por entender que a parada seja uma festa ou um Carnaval fora de época”, afirma.

Deputado federal e presidente da Câmara dos Deputados foi lembrado durante Parada ( (Foto: Marcos Ermínio)
Deputado federal e presidente da Câmara dos Deputados foi lembrado durante Parada ( (Foto: Marcos Ermínio)

Foi isso que se viu na rua. Além de Lucinda, o filho Erick e a mulher Fernanda, era possível encontrar muitas famílias que se formaram no amor e na ausência do preconceito. Os irmãos Luan, 22 anos e Liuany Ellen Schwinn Santos 18 anos, encontram em casa a compreensão que muitas vezes não recebem na sociedade. “Na nossa família nuclear, ou seja, minha mãe e meu pai eles aceitam sim. Eu me assumi gay aos 16 anos depois que sai de casa para estudar psicologia em Dourados e minha irmã é bissexual”, afirma Luan.

Liuany disse que nunca precisou abrir a orientação sexual, mas que acredita que a mãe saiba pela relação de cumplicidade que ambas tem. “Nossos pais são separados, então minha mãe é muito independente, tem um namorado e nosso pai também é bem tranquilo. Eles sempre falam que o único medo é de que a aconteça algo conosco pela violência”, ressalta.

Luan diz que quando assumiu, a mãe apelou para o clichê. “Ela disse que não importa o que eu fosse, ela iria me aceitar”, ri.

Para completar, um grupo ostentava a faixa de #foracunha, atual presidente da Câmara dos Deputados e o maior defensor do Estatudo da Família, que estipula a união como exclusivamente heterossexual.

Veruska fez sucesso e várias pessoas pediam 'selfie' para ela (Foto: Marcos Ermínio)
Veruska fez sucesso e várias pessoas pediam 'selfie' para ela (Foto: Marcos Ermínio)

Alegria – Além dos discursos políticos, alguns participantes da Parada aproveitaram para usar fantasias durante o evento. Misses também foram vestidas à carater, mas o que chamou a atenção foram os mais ousados, como Ney Matogrosso, borboleta e até uma “punk”, com moicano e tudo.

“Eu sempre venho fantasiada na Parada, em alguns momentos sou mais mulherzinha, mas pelo calor resolvi raspar a cabeça e usar um moicano”, afirma Veruska Dezirre Volgue, 35 anos. Artista plástico fora da parada, ela diz que só se veste dessa forma em eventos especiais. Com 1.87, ela chamava a atenção de longe.

“Para colar o moicano e as pedras usei super bond, mas sai na água quente”, tranquiliza, contando que toda a transformação demorou 3 horas.

A Parada que começou na Praça Ary Coelho seguiu com o trio elétrico até a Praça do Rádio Clube, onde serão realizados shows até por volta das 21h30.

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