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Comportamento

Por amizade, cachorro viaja na mala e segue o dono da Bolívia até Campo Grande

Aline Araújo | 09/12/2014 08:12
Amizade além das ruas. (Foto: Marcelo Calazans)
Amizade além das ruas. (Foto: Marcelo Calazans)

A vida dele é ser artista de rua. Há três anos descobriu o malabarismo no sinal como profissão e de lá para cá o colombiano Willian Daniel Jaimes, de 25 anos, já passou pelo Peru, Bolívia, Paraguai, até chegar ao Brasil. Mas foi há um ano e meio, em Santa Cruz de La Sierra, que essa história ganhou um brilho diferente.

Andando pela cidade boliviana, ele encontrou Bravo, com apenas 15 dias de vida. O cachorrinho de pelagem dourada estava chorando, abandonado na rua. O coração de Daniel bateu mais forte e, mesmo na rotina sem endereço, não teve dúvidas na hora de adotar o novo amigo. 

Daniel tem no cão uma companhia na estrada. (Foto: Marcelo Calazans)
Daniel tem no cão uma companhia na estrada. (Foto: Marcelo Calazans)

O rapaz de sorriso largo e cabelo longo não tem o costume de passar muito tempo no mesmo lugar, mas para garantir uma boa adaptação de Bravo à rotina das ruas, ficou três meses em Santa Cruz. Ali o artista ganhava um companheiro inseparável. “Já passamos por muitas coisas juntos, ele é meu companheiro”, declara Daniel, em um bom portunhol.

Nas viagens de um lugar para o outro, feitas de ônibus ou carona, o cachorro vai na mala grande e com esquema adaptado de ventilação, lugar onde o cão aprendeu a ficar quietinho até chegar no destino. Uma fórmula que já fez a policia parar os dois.

O policial perguntou: "O que tem na mala?", Daniel respondeu: "Um cachorro". O policial verificou, riu e não contou para ninguém sobre o passageiro extra. Deve ter percebido o quanto é bonita a relação.

De Bravo, o cão só tem o nome. Mansinho e calmo, ele é um amor e fica deitadinho enquanto o parceiro trabalha. Mas quando eles vão a algum parque, Bravo brinca, corre, pula.

Na hora da refeição, tudo é dividido. Quando Daniel vai para a balada, em alguma casa noturna, Bravo espera na porta enquanto ele se diverte. “Nós fazemos tudo junto e eu sempre penso nele. Porque agora somos dois e não um”, explica.

Bravo na mochila onde já viajou muitas vezes. (Foto: Marcelo Calazans)
Bravo na mochila onde já viajou muitas vezes. (Foto: Marcelo Calazans)

A cada nova cidade ele fica em hostel e acaba conquistando todo mundo por ali e Bravo vira o mascote da turma . Pelas Ruas O artista cuida do amigo para não comer lixo e vai educando o companheiro. A amizade chama atenção de quem passa pelo cruzamento da Calógeras com a Fernando Correa da Costa, onde geralmente Daniel trabalha, de manhã e de tarde, de acordo com a intensidade do sol.

O rapaz não sabe até quando pretende ficar por aqui, mas já se surpreendeu com os lugares que passou pelo Estado, desde Ponta Porã, Dourados e Campo Grande. Bravo tem sido muito bem tratado pelo caminho. “As pessoas aqui tratam muito bem os animais”, comenta.

E tem como não gostar? Bravo conquista você no olhar. Olhando os dois juntos lembrei de um trecho da música da banda Los Hermanos, O Vencedor: “Eu que já não quero mais ser um vencedor, levo a vida devagar pra não faltar amor”.

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