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Comportamento

Professor usa "Tá Tranquilo, Tá Favorável" e aumenta rendimento dos alunos

Ângela Kempfer | 02/03/2016 14:27
Carimbo nas atividades dos alunos foi suficiente para aumentar participação. (Foto: Reprodução Facebook).
Carimbo nas atividades dos alunos foi suficiente para aumentar participação. (Foto: Reprodução Facebook).

Um carimbo no caderno foi o suficiente para aumentar a participação dos alunos nas atividades do professor de Biologia Nicola Cano, de 61 anos. A turma hoje concorre para receber como prêmio um "Tá tranquilo, tá favorável".

A frase do MC Bin Laden é carimbada em tarefas cumpridas com louvor, algo muito simples, mas o suficiente para fazer a fama do professor que durante 17 anos trabalhou nas principais escolas estaduais de Campo Grande.

Hoje, Nicola dá aulas no Espírito Santo. Mas já passou pela Lucia Martins Coelho, Maria Constança e Hércules Maymone. Fez uma legião de alunos gratos por aqui que, diante da repercussão do uso do funk, voltaram a elogiar o professor publicamente nas redes sociais, como alguém que faz toda a diferença em sala de aula.

O carimbo encomendado pelo professor.
O carimbo encomendado pelo professor.

Ele sabe conquistar e ensina como. “A gente tem de chegar primeiro ao coração do aluno, para depois ensinar. Eles só aprendem se confiarem no professor. Adolescente não quer ser confrontado. Se partir para confronto, entra em choque e a guerra é perdida”, argumenta.

Nesse caminho, a estratégia é rejuvenescer a cada dia, acompanhando os alunos, inclusive, no que diz respeito aos hits do momento. Mesmo que seja o tipo de música desprezada por intelectuais.

“Sei que o funk é marginalizado, mas é o que eles gostam. Tocar funk na escola é exagero, mas será que não tem nada de bom nisso que eles gostam e pensam?”, questiona, comentando que ainda não recebeu críticas contra o trabalho.

Com a forma descontraída de chegar até os garotos, o resultado veio rápido. “Eles ficam doidos para fazer as atividades e ganhar o carimbo. O interesse começou a ser maior só para garantir o carimbo.”

Com quase 500 alunos do Ensino Fundamental ao Médio, os 35 anos de experiência não deixaram a peteca cair, pelo contrário. Nicola faz três turnos, fica 14 horas na escola, e sempre cria jeitos divertidos de se aproximar das turmas, partindo da observação de que os adolescentes não são mais os mesmos.

“Antes, os alunos não tinham muito acesso à informação. Era um privilégio do professor. Agora, eles não dependem mais da gente. É aí que podemos fazer diferente, trazer a interpretação usar o conteúdo mostrando que eles têm um sentido na vida de cada um”, explica.

Nicola em uma das atividades com os alunos. (Foto: Reprodução Facebook)
Nicola em uma das atividades com os alunos. (Foto: Reprodução Facebook)
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