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Comportamento

Quando o corte no "cabelo" não cai bem, os cães também se escondem deprimidos

Paula Maciulevicius | 05/11/2014 06:45
A depressão pós tosa não é frescura e sim personalidade. Não é frescura alguma, é personalidade. Com o calor chegando, cada vez mais traumas podem surgir. (Foto: Alcides Neto)
A depressão pós tosa não é frescura e sim personalidade. Não é frescura alguma, é personalidade. Com o calor chegando, cada vez mais traumas podem surgir. (Foto: Alcides Neto)

É só voltar do pet shop com a tosa "zero" que os cachorros parecem querer ver qualquer outra coisa que não seja um espelho. Sem voz para falar, não são eles que decidem se serão cortadas só duas pontinhas, mas quando a máquina tira o pelo, eles se sentem "peladinhos" e dependendo da reação dos donos, deprimidos. Não é frescura alguma, é personalidade. E com o calor chegando, cada vez mais traumas podem surgir com as tosas constantes.

Os yorkshires Oliver e Betina só passam pela máquina duas vezes ao ano, nos períodos de calor intenso. Mas é só chegar em casa que a dona deles, farmacêutica Beatriz Corrêa, de 28 anos, percebe a mudança no humor. "Eles ficam chateados, como se tivesse tirado um pedaço deles", explica.

São dois dias até a adaptação acontecer, enquanto isso, o esconderijo é debaixo da cama. "Eles não ficam muito próximos, não querem nem colo", acrescenta.

Com uma raça maior que a duplinha de yorkshires, a auxiliar de limpeza Valdete Pereira, de 41 anos, viu o chow-chow Tufão ficar numa deprê daquelas. Por uma doença de pele, o cão conhecido por ter o pelo grande teve que entrar na máquina zero. "Ele ficou triste, se sentiu envergonhado, o veterinário falou mesmo que ele podia ter depressão", lembra. A reação fez com que ela e a família toda estranhasse. "Eu não sabia que bicho também tinha", comenta.

Os yorkshires Oliver e Betina no "antes". (Foto: Arquivo Pessoal)
Os yorkshires Oliver e Betina no "antes". (Foto: Arquivo Pessoal)
e pós tosa: cena completamente diferente. (Foto: Arquivo Pessoal)
e pós tosa: cena completamente diferente. (Foto: Arquivo Pessoal)

Ao contrário dos cães, foi a dona da yorkshire Bunny quem sofreu pela perda dos cabelos da cadelinha. A bióloga Luciene Barbosa, de 28 anos, já tosou duas vezes a companheirinha, mas em nenhuma das vezes ela ficou mal. "Ela nem ligou. Eu que só reconheci da primeira vez porque ela me atendia e eu só tive certeza que era a Bunny porque ela tem um dedinho a mais na pata traseira. Foi um susto me acostumar com ela daquele jeito", brinca. O comportamento de Bunny não mudou e até para fotografia ela posou.

Claro que existem também as exceções. Em parte pelo calor intenso, o poodle Zion, morador de Corumbá, adora ir ao pet shop. A depressão e o incômodo batem quando a tosa passa do tempo. "Como é muito quente, beleza e bem estar não combinam com ele lá. Então de 20 em 20 dias cresce e tem que pelar", explica a dona, jornalista Stéphanie Brittes, de 26 anos.

Quando o pelo está mais comprido do que o normal, ele foge, fica cabisbaixo pelos cantos, se esconde atrás do sofá e nem se levanta para passear na rua. Ao voltar do pet shop, a expressão é outra, o cão já vem saltitante exibindo a falta de juba. "Ele volta feliz, a máquina deixa o pelo mais lisinho e ele fica mais animadinho. É uma questão mais de conforto do que de estética", pontua.

E no Carnaval, Zion ganhou um moicano. O penteado ficou, as cores é que variam entre verde, azul, vermelho, dependendo do "humor" ou da época também.

Ao contrário de muitos, Zion gosta mesmo é de manter o pelo bem curtinho. (Foto: Arquivo Pessoal)
Ao contrário de muitos, Zion gosta mesmo é de manter o pelo bem curtinho. (Foto: Arquivo Pessoal)

Esse comportamento é normal, mas se passar de dois dias e se vier acompanhado da falta de apetite, é bom que os donos se atentem e levem o bicho no veterinário.

Médica veterinária especialista em Homeopatia e Terapia Floral, Ana Paula Amorim, explica que os cães reagem de "n" maneiras, que existem os vaidosos, que vêem alegria numa gravata e nos lacinhos e também os que são afetados na tosa. "Sintoma que a gente fala cortar cabelo agrava. Gente sofre e bicho também, então quando volta da tosa zero eles se sentem feinhos, eu faço essa leitura", afirma.

O esconderijo vira a cama, o sofá e onde eles puderem se enfiar para não serem vistos. "Ficam tremendo também, às vezes os donos ligam: vocês trocaram o meu cachorro", descreve.

Hoje o mercado para pets têm e muitas ferramentas para lidar com o comportamental canino. A homeopatia por exemplo, pode estabelecer o equilíbrio e a terapia dos florais, trabalhar as questões comportamentais.

Em casa mesmo, a primeira coisa a ser feita é avisar a família inteira. "Para ninguém tirar sarro na volta, principalmente os que são muito vaidosos, eles vão se sentir rejeitados. Então deve partir do princípio de elogiar e dar muito amor pra eles num âmbito geral", narra.

Quando Bunny ficou sem os cabelos, foi a dona que sofreu mais. (Foto: Arquivo Pessoal)
Quando Bunny ficou sem os cabelos, foi a dona que sofreu mais. (Foto: Arquivo Pessoal)

A homeopatia deve ser trabalha de forma individualizada nos cães e exige uma consulta, já a terapia floral tem produtos emergenciais que servem para um tratamento urgente. No geral, a regra em casa quando o bichinho entra na máquina zero é proibir o uso da palavra "feio".

"Tem alguns cães que é tão forte isso que eles chegam a mudar de comportamento. Coisa de dois dias é normal, mas se junto de ficar se escondendo, ele parar de comer, é bom procurar um profissional. Precisa ter essa diferenciação", opina a veterinária.

A hora que o bichinho estiver se sentindo melhor, ele mesmo vai sair sozinho da cama, do sofá, sem precisar ser chamado. Depois de "aceitar" o novo visual, eles voltam a ser os cãopanheiros de sempre. As raças mais comuns a desenvolverem essa depressão pós tosa são os que ficam mais próximos de nós, criados dentro de casa, por exemplo: o poodle, lhasa apso, yorkshire, shit zu e maltês.

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