Quando o frio bate à porta e vira o assunto do dia na vida real e virtual
Bastou a meteorologia dar o alerta que ele ganhou o papel de protagonista na vida real e virtual de muita gente. Do final de tarde deste domingo para o início desta segunda, quando a temperatura caiu mais de 10 graus em Campo Grande, o assunto acompanhou a queda no termômetro. O frio virou começo, meio e fim de conversa.
Quer ver só? Dá uma olhada no Facebook e me diga se não há pelo menos um post falando da frente fria que chegou ao Estado. Aquela velha conversa de elevador: "será que chove?" foi substituída pelo "mas você viu que frio? Diz que quarta-feira vai fazer 1 grau". Do bom dia na padaria da esquina ao papo no ônibus. Não tem campo-grandense hoje que não vá falar ou pelo menos ouvir a previsão do tempo para esta semana.
Também pudera, desde que me tornei jornalista ouço e reproduzo meteorologistas comparando que esta frente fria é a mais forte dos últimos sabe lá quantos anos. A intensidade do frio é o que acelera a repercussão, aí não tem como fugir, quando uma das maiores ondas de frio chega a Mato Grosso do Sul com geada e temperatura negativa, é claro que o comentário será em torno do que marcar o termômetro.
É nesta época que se ouve e lê a expressão 'sensação térmica', geralmente com alguns graus abaixo do que a meteorologia registra como temperatura. Esta semana, preparem os ouvidos e a paciência, para escutar tantas vezes o mesmo assunto, e também, os casacos. Aos olhos, já adianto, internautas vão ler como nunca antes na história das redes sociais a hashtag frio e derivados.
Sem discordar, o estudante Ed Wassouf, de 26 anos, ainda acrescenta "fora a carência na timeline que o frio gera... Vou até postar uns caldos para os solteiros e não solteiros", comentou. Isso porque ele vive por aí compartilhando receitas pelo Facebook.
É só dar uma olhadela que já se vê "frio começando em 3,2,1"... Se fosse só o frio a gente até que dava um jeito. Mas parece só apertar um botão de 'start' que junto das baixas temperaturas vem as comidinhas típicas acompanhadas de um bom (nem sempre tão bom assim) vinho. Numa conversa informal, o Lado B tentou misturar justificativas para se chegar a razão do assunto dar tanto pano pra manga.
"Acho que é porque aqui não faz frio e quando é notícia de frio extremo e por vários dias, acaba aumentando o comentário e caindo na conversa de todos. Como a maioria do ano é muito quente, o frio sempre aumenta a expectativa em relação a roupa que vai usar, aquela comida que se tem vontade de comer. Fora o clima de romance, as pessoas ficam mais inspiradas", opinou a farmacêutica Ellen Rodrigues Freitas, de 24 anos.
Mas não é só de elogios que vive o frio em Campo Grande. Há quem declare abertamente para que ninguém venha com essa de 'adoro frio'. Os motivos? São bem óbvios. É claro que a baixa temperatura é ótima para quem pode ficar debaixo das cobertas por mais tempo de manhã, quem não precisa ir pra rua logo às 6h, que fique longe da água fria de uma torneira e que tenha um cobertor de orelha para acompanhar a estação. "Tá, agora para a palhaçada e desliga o ar-condicionado", brincou o chefe de cozinha Bruno Figueiredo de Oliveira, de 30 anos.
O assistente administrativo João Paulo Ferreira, de 24 anos, é um dos que acompanha todo ano a mesma lenga lenga. "Aqui isso sempre acontece.. Faz um friozinho, na maioria das vezes agradável, aí aparece aquela turma que fala que está frio demais e que vai congelar e tal...", disse.
Em tempo de frio, entre reclamações, boas vindas, há comentários de quem se lembra que as baixas temperaturas pegam muita gente desprevenida. "Pessoal, pelo que tudo indica, essa semana vai ser super fria, então quem puder e quem quiser ajudar com a doação de agasalhos, o Ministério Público está realizando a coleta. É só levar ao prédio do MPE, ao lado do Fórum, das 8h às 18h. Bora ajudar pessoal". O convite é feito pelo advogado Felipe Lopes, de 23 anos.
Seja o comentário falado ou seguido de hashtags, o frio chegou e com ele muito assunto também.
