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Comportamento

Quanto tempo você consegue manter a calma no trânsito de Campo Grande?

Elverson Cardozo | 17/04/2013 07:02
Congestionamento na avenida Ceará. (Foto: João Garrigó)
Congestionamento na avenida Ceará. (Foto: João Garrigó)

O trânsito de Campo Grande ainda não se compara ao de grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, é verdade, mas caminha para isso. A Capital já coleciona alguns pontos de estrangulamentos nos horários de pico e até engarrafamentos.

Com o aumento da frota, que atualmente soma 452.332 mil, segundo último levantamento (fevereiro/2013) divulgado pelo Detran (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul) e com tanto desrespeito ao volante, a situação só piora a cada dia.

Diante disso, o Lado B lança um pergunta: Quanto tempo você consegue manter a calma no trânsito de Campo Grande?

O questionamento, postado ontem (16) na página do Campo Grande News no Facebook, rendeu comentários de gente que vive se irritando nas ruas da cidade e outros que não se sentem incomodados porque aqui “não existe trânsito”.

Fernando Luiz foi um deles. “Pega o trânsito de São Paulo, aí você vai achar o de Campo Grande uma verdadeira BR”, sugeriu. Ironizando, Arthur Galvão Serra contou que depois que conheceu a realidade de Porto Alegre descobriu que aqui é a “rota do Éden”. “Mas que está piorando, está”, reconheceu.

Há os que se irritam com facilidade. “Calma? É só colocar o carro nas ruas que ela acaba...” brincou Sérgio Molicawa. Henrique Calvacante também perde a paciência logo que sai de casa, “ou seja, 2 minutos” depois, arriscou.

A internauta Cristiane Vizzoto Liel Vargas não teve dúvidas: “Nenhum minuto. Basta sair da garagem e virar a esquina para se irritar”, contou ela. Helen Rangel até tenta manter o equilíbrio, mas perde as estribeiras com os “apressadinhos”. Costuma ficar tranquila “até alguém buzinar um segundo após o semáforo ficar verde”.

Próximo à universidade, situação piora. (Foto: João Garrigó)
Próximo à universidade, situação piora. (Foto: João Garrigó)

Apesar disso, ela tenta evitar o desgaste. “Mais deixa para lá. A vida é muita mais que isso...”, escreveu. Na onda dos que adotam a política da “boa vizinhança”, há os compreensíveis, os sistemáticos e aqueles que sempre enxergam o lado positivo.

“Sou calma porque entendo que Campo Grande está crescendo e junto com ela o fluxo de veículos também. Temos que nos adequar a essa realidade”, opinou Silvania Rosa. João Ballé se irrita “sempre”, mas acredita que perder a paciência não vai resolver nada. “Não adianta se estressar. Não vou mudar a educação dos outros me estressando”.

Letícia Damasio prefere adotar estratégias a “perder a cabeça”, se envolver em acidentes e arcar com prejuízos que poderiam ter sido evitados. “Saio uma hora e meio adiantada de casa. Levo 25 minutos para chegar ao trabalho. Melhor levantar mais cedo do que pagar o conserto da batida do meu carro. Mas a volta está sendo cruel, viu?”, relatou.

Há 16 anos trabalhando como mototaxista na cidade, Edimar Rodrigues, de 38 anos, cansou de ver xingamentos, mas também já presenciou discussões que foram além da troca de ofensas.

Há 5 anos aproximadamente, ele assistiu a um bate boca que terminou em acidente. “Um motociclista vinha discutindo com o motorista de um carro. Ele se irritou e jogou o veículo em cima dele. Acho que quebrou as duas pernas do cara”.

Para Edimar, os ignorantes, “estressadinhos”, estão errados na maioria das vezes, mas querem discutir a própria incompetência.

Panfleteiro, Lourival Rodrigues disse que a cidade está pequena para tanto carro. (Foto: Simão Nogueira)
Panfleteiro, Lourival Rodrigues disse que a cidade está pequena para tanto carro. (Foto: Simão Nogueira)

Panfleteiro, Lourival Rodrigues de Oliveira, de 52 anos, passa a maior parte do dia trabalhando na rua e também vê de perto o que acontece entre motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres. “A cidade está se tornando pequena para tanto veículo”, resumiu.

Para ele, apesar dos problemas, o trânsito daqui ainda não pode ser comparado ao de outras Capitais. O aumento da frota causa, sim, dor de cabeça, mas representa o progresso. “Hoje você não anda mais de carroça”, argumentou.

O desafio é achar o equilíbrio. Não custa nada apostar na boa e velha educação. É o que pensa o professor de matemática João Antônio, de 53 anos. Ele é um dos que defende a educação de trânsito nas escolas. Só assim, talvez, as instituições formariam melhores motoristas.

A “regra” é simples: no trânsito, todos têm deveres e obrigações. “Dois corpos, dois carros, não passam no mesmo espaço”, exemplificou. Na avaliação de João, o trânsito daqui ainda é suportável; é caótico, mas apenas nos horários de pico. “Mas pico é pico, aqui ou em São Paulo”, disse.

Professor de matemática, João Antônio defende a educação de trânsito nas escolas e diz que Campo Grande ainda está "suportável". (Foto: Simão Nogueira)
Professor de matemática, João Antônio defende a educação de trânsito nas escolas e diz que Campo Grande ainda está "suportável". (Foto: Simão Nogueira)

A população, os motoristas precisam entender que a cidade mudou e vai mudar ainda mais, comentou o professor. “Ninguém imaginava que Campo Grande chegaria a ter meio milhão de carros nas ruas".

Pontos de congestionamento – A Capital do Mato Grosso do Sul não foge à regra das grandes cidades brasileiras. Os engarrafamentos ocorrem nos horários de pico; de manhã, geralmente entre 6h30 e 7h30, e ao final da tarde e início da noite, das 17h às 18h30.

A avenida Ceará é uma das vias que fica congestionada nesses horários, especialmente no trecho próximo à entrada da Universidade Anhanguera-Uniderp. O problema, que começa entre a rua 15 de novembro, vai até a rotatória de acesso à Joaquim Murtinho.

Próximo dali, a Eduardo Elias Zahran também fica abarrotada de veículos. Quem precisa atravessar a avenida até o final dela precisa ter paciência. Outro ponto de engarrafamento é a avenida Mato Grosso e a rotatória que dá acesso à Via Parque, entre outros.

Campo Grande já sente o reflexo da frota da frota de 452.332 mil veículos. (Foto: João Garrigó)
Campo Grande já sente o reflexo da frota da frota de 452.332 mil veículos. (Foto: João Garrigó)

Frota - De acordo com o último levantamento divulgado pelo Detran, em fevereiro, da frota de 452.332 mil veículos existentes na cidade, 424.858 mil são particulares, 19.061 mil de aluguel, 7.867 mil oficiais, 1 de experiência e 544 destinados à aprendizagem. Na lista, um caminhão está inserido na categoria “outros”.

Os dados incluem bicicleta, veículo ciclomotor, motoneta, motociclo, triciclo, automóveis, microônibus, ônibus, reboque, s. reboque, camioneta, caminhão, c. trator, TR. Rodas, TR. Esteira, TR. Misto, caminhonete, side-car, utilitário e motor-casa.

Acidentes - O número de veículos circulando nas ruas também reflete nas estatísticas. Boletim divulgado pelo Detran aponta 836 acidentes registrados em fevereiro deste ano. Deste total, 421 foram com danos materiais e 412 com vítimas não fatais. Três pessoas morreram. Em 18% dos casos registrados neste período, os condutores envolvidos tinham mais 5 anos de habilitação.

Em 2012, durante o mesmo mês, houve 950 acidentes, sendo 498 com danos materiais e 452 com vítimas fatais. Nenhuma pessoa morreu. Em 17% dos casos, os condutores envolvidos estavam com a CNH há menos de 1 ano.

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