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Comportamento

Que imagem ficou para quem lembra do ano, dia e hora que chegou a Campo Grande

Paula Maciulevicius | 26/08/2013 07:04
Na cabeça e no coração está o dia, ano e hora que eles chegaram em Campo Grande. O calendário que ficou marcado na alma. (Foto: João Garrigó)
Na cabeça e no coração está o dia, ano e hora que eles chegaram em Campo Grande. O calendário que ficou marcado na alma. (Foto: João Garrigó)

São 114 anos na certidão de nascimento. Então para muitos de seus habitantes, o registro de cidade natal é outro. Foi a primeira imagem, à chegada, que os selou como campo-grandenses. Gente que tem na cabeça e no coração o dia e hora em que os pés pisaram neste solo e os olhos viram o nascer do dia ou o sol batendo forte.

Um dos personagens que Campo Grande teve orgulho de receber foi o comerciante de fogos Policarpo Matias de Lima, de 78 anos. Figura pra lá de conhecida, não só ele como suas histórias. Natural do Rio Grande do Norte ele veio de Três Lagoas de trem à Capital, em uma época que a viagem durava dias.

“Foi dia 20 de fevereiro de 1959, às 6h. Lembro a hora porque era a chegada do trem”, descreve. Com o sotaque ainda arrastado e o peso da idade, no balcão da loja de fogos ele fala da cena que nunca esqueceu. Como a vinda para Campo Grande foi com uma mão na frente e outra atrás, ele se viu durante os primeiros dias sem emprego e nem dinheiro, dormindo ao relento na Praça Ari Coelho.

Depois de passar fome na cidade, a imagem que Policarpo nunca esqueceu foi um banquete de café. (Foto: Simão Nogueira)
Depois de passar fome na cidade, a imagem que Policarpo nunca esqueceu foi um banquete de café. (Foto: Simão Nogueira)

“Eu não esqueci. Tinha 20 reais no bolso, cheguei numa pensão na Maracaju e me disseram para você ficar aqui, tem que pagar mês adiantado, eu não tinha dinheiro, só uma mala na mão. Aí a mulher disse eu posso guardar a mala, mas você tem que tomar pelo menos o café. E quanto custa? Era 20 reais, exatamente o que eu tinha e eu paguei. O café valeu almoço. Essa imagem pra mim é ótima, aquela mesa cheia de coisa”.

Poucos anos depois a cidade recebia Manoel Batista de Araújo, hoje com 66 anos. Antes que a gente pergunte se por acaso ele se recorda do dia, ele já responde. “Cheguei aqui em Campo Grande dia 7 de setembro de 1964, às 15h da tarde”.

Por coincidência, ele também nasceu no Rio Grande do Norte, mas a última parada antes da Cidade Morena foi Goiás. Junto com a família ele chegou de ônibus e a primeira cena que os olhos gravaram e que até hoje vem à cabeça é de um desfile de 7 de setembro na 14 de Julho.

“Era muito bonito, tinha fanfarra, as escolas. Era uma coisa muito diferente, hoje não chega nem aos pés do jeito que era”. O relato vem com lágrimas de quem nunca esqueceu o som de boas vindas que o desfile lhe deu.

A fanfarra daquele ano marcou tanto o barbeiro que relembrar o desfile emociona mesmo depois de tantos anos.
A fanfarra daquele ano marcou tanto o barbeiro que relembrar o desfile emociona mesmo depois de tantos anos.

A fanfarra daquele 7 de setembro marcou tanto o barbeiro que dois anos depois era ele quem saudava os recém chegados à cidade. O sonho se realizou e a primeira imagem de menino foi protagonizada por ele. “Resolvi desfilar também em 1966”.

Quase duas décadas se passaram. Campo Grande viveu crescimento e nos anos 80 quem chegava era a dona da Anita Calçados. “Foi dia 10 de agosto de 1985. O sol e o céu como nunca havia visto, super brilhantes, pois eu vinha de uma região do Sul, montanhosa e de muito frio”, detalha Anita Maria Bellin.

Há cinco meses a cidade entrava numa contagem regressiva para a inauguração de um novo shopping. No mesmo período chegou a Campo Grande, Murilo Loureiro, para ser superintendente do shopping Bosque dos Ipês. Nascido no Paraná, ele chegou a estudar na Alemanha e morou por anos em São Paulo.

Foram as araras e tucanos que disseram ao superintendente Murilo que Campo Grande era o seu lugar.
Foram as araras e tucanos que disseram ao superintendente Murilo que Campo Grande era o seu lugar.

A memória é recente, a vinda é ‘fresca’, então ele se recorda exatamente da sensação térmica que a cidade proporciona aos visitantes. “Cheguei em uma terça-feira quente, por volta das 13 horas. Quando saí do aeroporto já percebi que ia gostar de viver aqui. Vi até araras e tucanos”.

Murilo não fez moradia fixa. Ainda está em um hotel da cidade, mas já sabe que é aqui que pretende ficar. “É uma cidade de facilidades, de tudo perto. Simples, mas onde há de tudo um pouco”.

Nos 114 anos Campo Grande recebeu de braços abertos gente que trouxe avanços, histórias, sorrisos e quem conquistou a vida e a felicidade aqui. A Cidade Morena que abrigou seo Policarpo festeja sua vinda a cada fogos estourados em qualquer canto. A Campo Grande que desfilou aos olhos do ainda menino, Manoel, foi a mesma que anos mais tarde lhe proporcionou realizar o sonho de seguir a fanfarra pela 14 de Julho.

Nos 114 anos Campo Grande recebeu de braços abertos gente que trouxe avanços, histórias, sorrisos e quem conquistou a vida e a felicidade aqui.
Nos 114 anos Campo Grande recebeu de braços abertos gente que trouxe avanços, histórias, sorrisos e quem conquistou a vida e a felicidade aqui.
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