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Comportamento

Quem realiza eventos por aqui garante: a cidade é campeã no exagero em open bar

Thailla Torres | 21/02/2017 08:03
Horas de cerveja à vontade nem sempre é suficiente durante festa. (Foto: André Bittar)
Horas de cerveja à vontade nem sempre é suficiente durante festa. (Foto: André Bittar)

“Open bar” é política adotada em grande parte dos eventos em Campo Grande. Independente se a atração é famosa, a vontade de comprar o ingresso aumenta com a pergunta: “É open?”. Se a resposta for sim, pronto, os convites são vendidos como água, só pela garantia de beber à vontade.

Silvana Lourenço, 32 anos, é uma das funcionárias dentro do bar em uma festa universitária na cidade. Ela conta que trabalha como segurança há 6 meses, mas naquele dia, foi contratada para servir e não parou um minuto. “Ninguém deixa de beber, a verdade é que vão embora arrastados”, conta. E quando o open bar acaba? “Eles acham ruim”, resume Silvana.

E a cena se repete em show sertanejo, balada de boate, festa eletrônica...

Quem veio de fora diz que até fica surpresa com o tanto que se bebe na Capital. “Já fui em outras cidades, mas igual aqui não é. Sou do Mato Grosso, e lá não é a mesma coisa”, diz a acadêmica de Direito, Giani Gama de Sousa.

E ela já entrou na onda. Conta rindo que não importa o preço do ingresso, o objetivo é aproveitar ao máximo. “Se o convite for R$ 100,00, a gente bebe R$ 200,00. Você acostuma, quem está muito, muito bêbada é quem não está acostumado a beber. Eu estou”, acredita.

Em festa open, bar fica lotado o tempo todo. (Foto: André Bittar)
Em festa open, bar fica lotado o tempo todo. (Foto: André Bittar)

O povo da produção de eventos admite que é preciso paciência. Nem todo mundo fica satisfeito, mas a bebida à vontade é o que chama atenção diz o produtor Walter Junior. "Vejo que as pessoas acostumaram com o open bar, tanto que se lançar um evento sem, a venda diminui significativamente. Eu fiz exposição durante oito anos e todo ano a cobrança em cima do camarote open bar era grande", afirma.

Sem contar que o investimento alto nem sempre compensa, explica o produtor Ângelo Gonçalves, que já realizou festas no Rio de Janeiro, mas ainda fica perplexo com os excessos daqui. "Em outras cidades não há tantas festas open bar, porque é um risco que o produtor está assumindo. Afinal, a gente corre o risco de que as pessoas fiquem bem alteradas", diz.

A regalia é sempre para agradar o público e o investimento é de quase 2 garrafas por ingresso. "Um evento de 2 mil pessoas, por exemplo, só de cerveja são investidos mais de 150 engradados", conta.

Todo mundo de copo cheio.
Todo mundo de copo cheio.

Os amigos Glauber Benites, 23 anos, e Paulo Henrique dos Santos, 25 anos, dizem que escolhem as festas para aproveitar a bebida e a mulherada.

“É muita mulher bonita, cachaça a vontade e um bar organizado”, afirma Glauber. Já Paulo, diz que curte a festa, mas que não costuma exagerar na bebedeira por um motivo simples. “Tem muita mulher bonita e acredito que para elas também tem homem do tipo. Mas a intenção é ficar com alguém, por isso eu estou tentando fazer ele parar de beber”, revela.

Vítima do exagero, Glauber acaba saindo da festa sem sucesso na paquera, entrega o amigo. “Pensa, ele chega na mulher, começa a falar muito mole e ninguém quer pegar ele”, conta Paulo.

O empresário Wagner Kendi, de 24 anos, jura que aproveita de maneira moderada, mas acredita que Campo Grande é a cidade que mais gosta de open bar no Brasil.“Já fui em São Paulo, festa em São Gabriel do Oeste e Rio de Janeiro, mas em Campo Grande essa coisa funciona como em lugar nenhum”, diz.

Em um País onde é enorme o número de pessoas que morrem todos os anos, vítimas de acidentes de trânsito provocados pela embriaguez, incentivar a falta de limites é potencializar o risco.

Por isso, claro que, na hora da entrevista, ninguém perde a chance de fazer a linha do politicamente correto. De copo nas mãos, todo mundo dispara o mesmo discurso. “Eu não dirijo bêbado”, “Vou embora de Uber” e “A gente sempre pega um táxi”, mesmo diante de um estacionamento lotado de veículos em frente ao evento.

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