ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  19    CAMPO GRANDE 29º

Comportamento

Sete anos após troca de bebês ser revelada, família ainda aprende com nova vida

Paula Maciulevicius | 01/10/2015 06:12
Mirian, Eliza e Suelen. Mãe e filhas que convivem com a troca há anos. (Foto: Marcos Ermínio)
Mirian, Eliza e Suelen. Mãe e filhas que convivem com a troca há anos. (Foto: Marcos Ermínio)

Uma troca na maternidade 38 anos atrás. No último dia 27 de setembro, uma das protagonistas desta história desabafou. Em palavras colocou um misto de sentimentos de ter sentido na pele os efeitos de troca de bebês. Mirian e Ana Cláudia nasceram e se encontraram em algum momento daquela data na maternidade de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro.

No mesmo dia também houve o desencontro entre as famílias biológicas. Ana Cláudia saiu como filha de Ana. Mirian, como filha de Eliza. Da separação, houve o encontro das famílias que as receberam, criaram e amaram. A supresa veio depois de terem vivido 30 anos acreditando que estava tudo certo.

"Voltar no tempo ninguém pode, nem eu faria se pudesse. Lamentar, pra quê?! A vida segue e o que nos resta depois dessa experiência, com certeza é muito maior, a família cresceu e o amor, ah o amor, esse só se multiplicou!!" Foram essas as palavras que Mirian Anderson, de 38 anos, escolheu para comemorar o dia do aniversário, no blog que criou recentemente, "Troca de Bebês". Ela veio com a família e a irmã caçula para Campo Grande cinco anos depois do nascimento.

No último domingo, Mirian não se conteve e ao fazer aniversário postou desabafo. (Foto: Marcos Ermínio)
No último domingo, Mirian não se conteve e ao fazer aniversário postou desabafo. (Foto: Marcos Ermínio)

Uma aula de Biologia, nos tempos de colégio, foi quem revelou que ela poderia não ser filha dos pais que conheceu. Por anos, ela e a família quiseram acreditar que se tratava de uma "falha genética", até que em 2008, um exame de DNA confirmou: 100% de certeza de que Mirian não era filha do casal que a trouxe da maternidade.

Desde então começaram as reportagens veiculadas cá e lá e assim Mirian reencontrou a "irmã" Ana Cláudia que foi criada em seu lugar. A história tem anos e ainda desperta muitos sentimentos. No domingo, quando o nascimento e a troca das duas completou 38 anos, uma terceira pessoa nessa história também quebrou o silêncio, manifestando em palavras o carinho que a vivência dentro do que parece ser filme propiciou.

Quando o Lado B leu, imaginou que as lágrimas que caíram do rosto de Suelen, caçula na família que recebeu Miriam, valeriam um registro. Suelen tem 32 anos, foi criada com Mirian, mas na verdade é irmã biológica de Ana Cláudia. Foi sentada em frente ao computador no escritório, um dia depois do aniversário, que ela viu a necessidade de dizer que ainda não tinha aprendido a lidar com a situação.

"Convivi durante 26 anos com minha irmã, amei, briguei, chateei, abracei e num belo dia, me disseram que não era minha irmã! Hãm?! Como assim?!" Ela prossegue o desabafo dizendo que passou a ter duas irmãs, uma na qual foi criada, amada, cuidada e a outra que já conheceu adulta.

Curta o Lado B no Facebook!

Suelen, a caçula que seguiu a influência da irmã e escreveu sobre sentimentos. (Foto: Marcos Ermínio)
Suelen, a caçula que seguiu a influência da irmã e escreveu sobre sentimentos. (Foto: Marcos Ermínio)

Até lidar com isso publicamente foram muitas lágrimas. As duas pessoas que ela chama de irmã ainda emocionam, despertam choro, sofrimento e silêncio. Mas no último domingo, ela resolveu escancarar, influenciada por Mirian, disse publicamente que cada uma tem uma parte dela, do coração, da semelhança, amizade, carinho e cumplicidade.

"Cada uma tem seu jeito especial!! Seu carinho especial!! E nada melhor que compartilhar esse link do blog para que todos entendam como foi, como é! Triste, mas feliz ao mesmo tempo... Ainda é constrangedor estar com as duas, uma o jeito de ser e a fisionomia são muito parecidos, mas, conheço ainda muito pouco, a outra não temos nada parecidos! Simplesmente nada... Mas eu a conheço muito... Só sei que estão aqui na minha vida e tudo tem um propósito..."

A mãe delas, dona Eliza Peçanha, não gosta até hoje de tocar no assunto, mas também não se conteve. "Eu não acreditei quando a Mirian escreveu isso. No outro dia, abro e vejo a Suelen... Essas duas querem acabar comigo", brinca Eliza.

Em Campo Grande, o trio ainda está aprendendo a conviver com a descoberta. Cada uma à sua forma. Mirian criou o blog como ferramenta para desabafar, compartilhar experiências e tentar entender porque ela foi 'escolhida' para viver essa história. "A troca de bebês é uma coisa que a gente acha que é raro acontecer, mas de repente acontece muito", diz Mirian.

Na manhã do último domingo ela atribui à inspiração e à saudade o fato de ter escrito o que relatou. Na foto em que as três aparecem: Mirian, Ana Cláudia e a mãe Eliza, fica evidente a semelhança de duas delas e a cumplicidade e amor. "Nos encontros é alegria, tristeza. Tem hora que a gente chora, é um misto. Não dá para identificar", descreve Mirian.

O amor entre elas é diferente. A uma é devotado numa proporção infinita justificado pela convivência. Com a outra, a semelhança é que puxa o sentimento...

O endereço do blog de Mirian é: http://trocadebebes.blogspot.com.br/.

Mirian e a mãe com Ana Cláudia, que seria a filha biológica de Eliza. (Foto: Arquivo Pessoal)
Mirian e a mãe com Ana Cláudia, que seria a filha biológica de Eliza. (Foto: Arquivo Pessoal)
Nos siga no Google Notícias