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Reportagens Especiais

Tirada da barriga da mãe que já tinha partido, Deise é alegria do ano da família

Paula Maciulevicius | 31/12/2016 07:05
Sorridente, Deise é criada pela tia Lindinalva. (Foto: Fernando Antunes)
Sorridente, Deise é criada pela tia Lindinalva. (Foto: Fernando Antunes)

Deise sorri para os irmãos que ganhou ao vir morar com a tia. A menininha é uma graça e está enorme para quem tem 10 meses e um histórico de luta pela vida desde os primeiros segundos aqui fora. Em fevereiro deste ano, o bebê foi tirado da barriga da mãe que morreu na varanda de casa. Rosângela não está aqui para ver, mas Deise sobreviveu para ser a alegria do ano da família. 

Na retrospectiva 2016, voltamos às histórias que mais marcaram os últimos 12 meses. À época, noticiamos a morte da mãe, Rosângela, que procurou o posto de saúde passando mal, mas foi liberada. O parto aconteceu na varanda da casa onde ela morava com o esposo Heraldo, no bairro Coronel Antonino, em Campo Grande. 

A família acionou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e a médica que atendia na ambulância, Vânia Esteves, foi quem fez a cesárea, de emergência.

Quando ficou internada na Santa Casa, Deise ao lado da médica que a salvou, Vânia Esteves. (Foto: Arquivo Pessoal)
Quando ficou internada na Santa Casa, Deise ao lado da médica que a salvou, Vânia Esteves. (Foto: Arquivo Pessoal)
No colo, fazendo "gracinha". (Foto: Fernando Antunes)
No colo, fazendo "gracinha". (Foto: Fernando Antunes)

Na varanda de casa, cesárea salva Deise e emociona médica do Samu

Depois de várias tentativas de reanimar a mãe, que não teve nenhuma reação, a equipe decidiu pela cesárea. A parada cardíaca de Rosângela não deu outra opção e o risco em continuar tentando era de perder, além da mãe, também o bebê, no chão de casa. Esta foi a primeira cesariana de emergência realizada pelo Samu.

O nascimento estava previsto para 16 de fevereiro, mas foi no dia 4 que Deise chegou ao mundo mostrando que era guerreira. Aos cuidados da tia Lindinalva, que presenciou tudo, Deise usa até uma blusinha escrita "sou da titia". 

"Meu irmão morava ali em cima e mais cedo a gente tinha ido pegar o outro filho para que ele levasse a mulher para o posto. Por volta das 4h da manhã, a gente acordou com ele batendo no portão, dizendo que a mulher estava morrendo", recorda a dona de casa Lindinalva da Silva Rojas Machado, de 34 anos. 

Naquela madrugada, quando chegou à varanda, a tia encontrou o Samu já reanimando a cunhada. "A doutora Vânia teve a ideia de fazer o parto para salvar a Deise e graças a Deus, deu tudo certo", conta.

No desespero de acompanhar o socorro, Lindinalva também lembra que chorava e pedia para Deus deixar o bebê vivo que ela cuidaria, sem saber que mais para frente era isso que ia acontecer mesmo.

Foram 12 dias de internação na Santa Casa. Deise foi registrada com o nome que a mãe escolheu, em homenagem à sua madrinha e Laudirce, para a avó paterna. E desde a alta, a menininha foi direto para a tia.

Menininha sobreviveu à cesárea de emergência feita na varanda de casa. (Foto: Fernando Antunes)
Menininha sobreviveu à cesárea de emergência feita na varanda de casa. (Foto: Fernando Antunes)

"A gente tem casa, mas tudo foi conquistado a base de muito sacrifício e não tinha como meu irmão ficar com ela", explica Lindinalva. Mãe de dois meninos, Daniel de 13 e Leandro de 9 anos, Deise veio para ser a caçulinha da família.

Já ensaiando os primeiros passinhos, o ano foi difícil e ao mesmo tempo carinhoso, porque pelo menos o bebê viviu. "É triste pela mãe, mas a gente comemora a vida dela. Eu esperava uma sobrinha e ela caiu na nossa vida como filha", resume a tia.

A família ainda não passou a guarda em definitivo para Lindinalva. A decisão de criá-la veio de uma conversa entre os irmãos e Heraldo, o pai, que mantém contato e as responsabilidades de um pai.

"Eu já estou me preparando para um dia contar. Quero estar preparada e preparar ela. Só pelo fato de Deus deixar ela viva, a gente agradece", resume.

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A caçulinha da família junto dos primos que se tornaram irmãos. (Foto: Fernando Antunes)
A caçulinha da família junto dos primos que se tornaram irmãos. (Foto: Fernando Antunes)
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