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Comportamento

Uma das últimas drag queens hoje faz "de tudo um pouco" para continuar na ativa

Elverson Cardozo | 09/10/2014 06:24
Luanda "desapareceu" por 3 anos, mas voltou com tudo. (Foto: Arquivo Pessoal)
Luanda "desapareceu" por 3 anos, mas voltou com tudo. (Foto: Arquivo Pessoal)
Diego dá vida a Luanda. (Foto: Arquivo Pessoal)
Diego dá vida a Luanda. (Foto: Arquivo Pessoal)

Campo Grande não tem mais Drag Queen. Não como antes, quando várias delas agitavam e alegravam a noite gay na cidade. Hoje, Lauanda, que se apresenta na boate Non Stop, no bairro Amambaí, afirma ser uma das últimas "sobreviventes”, mas, para se manter na ativa, aprendeu a ser hostess e DJ. O mercado exigiu.

Com base na própria experiência, Diego Toledo de Almeida, 30 anos, o artista-transformista que dá vida à personagem, tem segurança para afimar que “hoje em dia ser drag não é só colocar peruca”.

“Tem que saber tocar, dançar, fazer bate cabelo e mil e uma performances. Não é só subir no palco, fazer show e ir embora. Tem que viver de outras possibilidades”, diz.

Viver só de “close” não dá mais. Tem que ser criativo. Lauanda que o diga. A Drag Queen hoje se apresenta com outra transformista. É Iara Pikachu, que, no palco, encarna o papel de filha dela. As duas dão um verdadeiro show.

Dez anos de experiências como Drag não seriam suficientes para se manter em um cenário de transformações, garante Diego. “A gente precisa se profissionalizar porque é um ramo artístico, de ator”.

Luanda com Iara Pikachu. (Foto: Arquivo Pessoal)
Luanda com Iara Pikachu. (Foto: Arquivo Pessoal)

Além de ser hostess e DJ, o artista também virou produtor de eventos. Hoje comanda o “Grupo Revolution”, composto por homens que dançam de salto, legging, boné, luvas e leque, e, além disso, promove a “Festa das Buhnitas”, que incentiva os frequentadores a irem “montados”.

“Tento trazer o glamour da época de drag de volta”, explica. Só assim para continuar vivendo do que gosta. “Fiquei três anos sem me montar, justamente por falta de oportunidade”, completa.

E foi a falta de oportunidade e a não valorização que tiraram muitas drags de cena. Quem garante é outro artista-transformista, que deixou de se “montar” e não quer se identificar.

“Hoje em dia drags não são mais valorizadas e isso também me influenciou a parar. Não compensa você gastar R$ 500,00 para fazer uma roupa e receber R$ 100,00 de cachê, entende? Antes era glamour. Todos tinham trabalho. Hoje não mais. O espaço ficou escasso, daí muitas desanimaram”.

Muitas como Lanna Colcci, Izabelly La Kasting, Jéssica Olsen, Larah Vizcaya, Muller Black, Lorrayne Kiss, Emanuelle Fernandes, Natasha Becker, Sabrina Olsen, Bárbara Oliver, entre outras.

“Ser drag era modinha. Todos queriam. Hoje as coisas mudaram. A noite valoriza bem mais um gay malhadinho do que uma drag e as casas investem mais em música do que em show”, lamenta.

Resumindo: o custo-benefício para ser drag hoje não compensa mais, conclui. “Uma peruca custa mais de R$ 1,5 mil. Salto, maquiagens, roupas, acessórios... tudo é muito caro. Já cheguei a gastar R$ 1,5 mil no aluguel de um vestido que usei apenas uma noite. O cachê é pequeno. Não cobre o gasto. Mas eu persistia porque tinha o carinho e reconhecimento do público”.

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