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Comportamento

Vizinho de infância deixou cabelo crescer 2 anos para doar à amiga com câncer

Paula Maciulevicius | 04/02/2017 07:05
Renata, a vizinha sortuda que ganhou os cabelos do amigo. (Foto: Arquivo Pessoal)
Renata, a vizinha sortuda que ganhou os cabelos do amigo. (Foto: Arquivo Pessoal)
Ela nunca baixou a cabeça para a doença. (Foto: Arquivo Pessoal)
Ela nunca baixou a cabeça para a doença. (Foto: Arquivo Pessoal)

Criados juntos, quando Stéfano soube que a vizinha Renata havia perdido os cabelos em decorrência do tratamento de um câncer de mama, decidiu que sua promessa teria um destino. Por dois anos, o autônomo deixou o cabelo crescer para que a amiga tivesse uma peruca. A história começou em março de 2015 e termina agora, quase dois anos depois, com a aplicação dos cabelos dele, nela.

Os dois sempre moraram no mesmo bairro, Bom Jardim, e dividiam em comum além da vizinhança, os irmãos. Stéfano era amigo do irmão de Renata e ela, da irmã dele. Depois de uma ida para Brasília e um tempo sem se verem, no retorno a Campo Grande, Stéfano descobriu a doença de Renata.

"Eu já tinha feito uma promessa que ia doar meu cabelo para uma pessoa que precisasse de ajuda. Deixei o cabelo crescer e neste período, reencontrei ela", conta o autônomo Stéfano Espinosa, de 35 anos.

Stéfano e Renata junto da cabeleireira que fez o corte. (Foto: Arquivo Pessoal)
Stéfano e Renata junto da cabeleireira que fez o corte. (Foto: Arquivo Pessoal)

O cabelo já estava na altura dos olhos. "Ela falou que queria. E a minha promessa, não era por nada material era por saúde e paz, essas coisas que eu pedi", explica. Stéfano já tinha tido cabelos longos por duas vezes, na adolescência, 20 anos atrás.

"Ela ficou bem alegre e disse que queria o cabelo sim. Mas acho que ela pensou que fosse da boca para fora", confessa o amigo. E foi assim mesmo que ela interpretou o gesto, de início.

"Achei bacana, mas não pensei que ele fosse doar. Porque nesta caminhada, a gente passa por muito abandono e descaso. Fiquei feliz, mas ao mesmo tempo não criei expectativa", relata a vendedora Renata Silva Nogueira, de 36 anos.

Quando Stéfano a procurou de novo, já neste ano, foi para avisar que tinha chegado a hora. O cabelo alcançava o meio das costas e meia 30cm. "Eu cuidava do cabelo, penteava, não deixava embaraçar para não quebrar depois", descreve. 

O corte aconteceu no último dia 27 de janeiro, uma sexta-feira.

Stéfano com os cabelos compridos.
Stéfano com os cabelos compridos.
E depois sem. (Foto: Arquivo Pessoal)
E depois sem. (Foto: Arquivo Pessoal)

Diagnosticada em fevereiro de 2015, Renata tirou a mama em junho e começou os ciclos de quimioterapia em agosto. Logo no primeiro, viu os cabelos irem ao chão. "Depois que ele falou, eu toquei minha vida e até deixei meu cabelo crescer e ele realmente fez", comemora a vendedora.

O cabelo cresceu, a quimioterapia está na reta final e só faltam os últimos exames para constatar que o câncer saiu de vez da vida de Renata. "Existem pessoas que ainda têm palavra. É o que eu falo, a gente tem que fazer as coisas em vida ainda", completa.

Ficar careca, somada à retirada da mama, deixou a vendedora desolada. Ter de volta os fios é esperança e principalmente sinal de superação. "Quem passa por isso sabe, não é nada fácil. Mas com peruca e lenço, tentei levar o câncer com leveza", resume.

Os cabelos de Stéfano vão complementar o que já nasceu em Renata através de um mega hair. "Eu me senti assim, muito feliz. É uma coisa difícil ter uma felicidade assim tão grande, mas a gente sente quando ajuda uma pessoa, ainda mais uma conhecida", finaliza Stéfano.

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