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Comportamento

A tradição reúne 1.500 prendas e peões em concurso de dança gaúcha

Paula Vitorino | 15/04/2012 16:46
Meninas em disputa por título no Rodeio Artístico e Cultural do Mato Grosso do Sul. (Fotos: Paula Vitorino)
Meninas em disputa por título no Rodeio Artístico e Cultural do Mato Grosso do Sul. (Fotos: Paula Vitorino)

Um pedaço do Rio Grande do Sul em Campo Grande. É clichê, mas com certeza a primeira impressão de quem chega ao Rodeio Artístico e Cultural do Mato Grosso do Sul. Realizada pela segunda vez, a festa gaúcha lota o CTG (Centro de Tradições Gaúchas) Tropeiros da Querência.

São dez CTGs do Estado participando das danças, divididas por categoria Mirim, Juvenil, Adulto, Xirú e Veteranos.

Além de mostrar a cultura do Sul, as prendas desfilam o charme das roupas e produções tradicionais e os homens a postura e a indumentária de verdadeiros cavalheiros.

“A gente mesmo se arruma, uma vai ajudando a outra. Além do cuidado com a dança somos vaidosas”, conta.

Para quem é leigo, é bom saber que cada detalhe é planejado. Na categoria juvenil, as meninas não podem prender todo o cabelo, a maquiagem não pode ser forte, mas também não falta o batom, sem brilho, as cores têm que ser suaves e os enfeites, tanto na roupa como no cabelo, são iguais.

Cor de rosa - Mas com o tempo esse tipo de manifestação cultural também sofreu transformações.

Os grupos podem optar por traje tradicional ou moderno, que oferece maior liberdade na escolha das cores e detalhes. “Somos todas patricinhas e por isso escolhemos o rosa”, brinca uma das meninas do grupo Invernada Juvenil, de Maracaju, que optou por tema romântico na roupa das meninas, com lacinhos e flores da cor rosa.

No entanto, independentemente das modernidades e do tema escolhido, ainda é regra tradicionalista que os vestidos não podem mostrar os seios, precisam cobrir os cotovelos e ir até os pés.

Para os meninos, as roupas também são carregadas de detalhes e história. Os homens do grupo Juvenil Tropeiros, de Campo Grande, optaram por usar chiripá, um pano que passa pelas coxas e é amarrado à cintura, super tradicional.

O modelo surgiu na Revolução Farroupilha como uma opção para os homens terem mais agilidade na hora de subir nos cavalos e participar das batalhas.

“Sempre tem um engraçadinho que não entende a cultura e acha bobeira, mas eu nunca tive vergonha ou problema com as roupas. Acho muito legal dançar no grupo”, conta Antônio Lucas de Oliveira, de 16 anos, sobre a opinião de amigos da escola.

As prendas e os detalhes.
As prendas e os detalhes.

Existe manual para as 25 modalidades de dança e os diferentes tipos de indumentária. Os grupos precisam contar histórias e os integrantes aprendem durante os ensaios o que significa cada vestimenta.

Tanto cuidado na produção reflete no momento da dança, que mais parece um espetáculo, com interpretação dos dançarinos. As "prendas" demonstram delicadeza e simpatia, sempre com sorriso no rosto, e os homens, também alegres, passam a sensação de firmeza.

O presidente do MTG/MS (Movimento de Tradições de Gaúchas), Agadir Mossmann, explica que os grupos são julgados por uma Comissão Avaliadora, composta por integrantes da Confederação Brasileira da Tradição Gaúcha.

“Cada avaliador é responsável por ficar atento em um detalhe. A harmonia, a interpretação e outros quesitos são avaliados”, explica.

Os grupos têm 20 minutos para as apresentações e os três primeiros colocados de cada categoria são premiados com troféus.

A participação no Rodeio e em outros festivais realizados pelo MTG/MS são um preparativo para a grande disputa, o Fegames, que acontece irá acontecer em julho, em Chapadão do Sul.

Família - Em meio à cultura e a dança, os participantes dos grupos dizem formar uma grande família. “Envolve toda a família, nos tornamos amigos um do outro e os pais são os tios. Além dos valores culturais aprendemos valores morais, familiares”, diz a prenda Cristiane dos Santos, de 22 anos.

Ela, como muitos outros participantes, não é descente de gaúcho e afirma que carrega a cultura no coração. “Somos gaúchos de coração. Entrei por convite de uma amiga e hoje toda a minha família participa”, diz.

Para um dos fundadores do Movimento em MS, José Carlos Cardoso, de 87 anos, a participação dos jovens nos grupos é sensação de objetivo alcançado. “É esse o objetivo, de conservar os hábitos e costumes da cultura dos nossos avós”, diz.

Agadir também frisa que os integrantes, desde pequenos, aprendem a conservar valores que hoje estão perdidos. “Eles aprendem a ter disciplina, respeito e a valorizar a família, a cultura. Coisas que hoje estão se perdendo”, diz.

Para os adultos, como a integrante Claudia Vinvensi, de 41 anos, ver os filhos dançando é motivo de orgulho e a dança funciona como uma terapia.

“Vim por causa dos filhos, depois que eles entraram. Foi difícil aprender a dança, mas hoje é uma terapia. A gente ensaia nos horários que sobram entre os compromissos de cada um”, diz.

CTG - O patrão (como é chamado o presidente) do CTG Tropeiros da Querência, José Rocha, diz que as atividades do Centro acontecem ao longo de todo ano e crianças de 4 anos até adultos com mais de 60 anos podem participar das aulas de dança, que são gratuitas. Atualmente mais de 150 alunos atuam no Querência.

Os ensaios acontecem de segunda a sexta-feira. Os interessados podem entrar em contato pelo telefone 3341-1810.

O Rodeio termina por volta das 20h de hoje, com premiação para os vencedores, e música regional.

Os mais novos também em dia de apresentação.
Os mais novos também em dia de apresentação.
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