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Comportamento

A vontade de viver bem com pouco de quem deixou Campo Grande e mora em veleiro

Ângela Kempfer | 22/08/2012 11:44
Tassio a bordo do veleiro comprado em 2010. (Foto: Divulgação)
Tassio a bordo do veleiro comprado em 2010. (Foto: Divulgação)
Tassio, Claudia e um dos privilégios, a paisagem.
Tassio, Claudia e um dos privilégios, a paisagem.
Pelas andanças, provas de carinho à natureza, como coleta de lixo na praia.
Pelas andanças, provas de carinho à natureza, como coleta de lixo na praia.

Para viver é preciso inspiração e no cotidiano do jornalismo felizmente isso não falta. A história que tenho para contar hoje é de um rapaz de 27 anos que já viveu várias vezes o que muitos gostariam de ter experimentado pelo menos uma.

Tassio Azambuja Jacques tem 27 anos e um veleiro. Filho de família rica de Campo Grande, o mais legal é que nunca se acomodou diante das posses dos pais. É claro que o dinheiro ajudou a ganhar a liberdade, mas o poder de investir em alguns sonhos, como fazer cinema e viajar pelo mundo, veio pela coragem.

A vontade de sair por aí surgiu aos 11 anos, quando ganhou da mãe um atlas e a dedicatória: “Meu filho, viajar é um estado de espírito. Viaje sempre...”. Aos 15, veio o intercâmbio nos Estados Unidos e enquanto os amigos se preparavam para entrar na faculdade, construir uma carreira, ele deixava a cidade para viver na Amazônia. “O que sempre me encantou foi o contato com a natureza”, explica.

Nos últimos 13 anos, já passou por vários países da Europa, esteve na Índia, no Nepal e a última parada foi no Caribe. Há um ano e meio, depois de muito trabalho com transporte de turistas mundo afora, Tassio conseguiu comprar o veleiro.

Ao lado da esposa Cláudia, uma canadense de 28 anos, produtora de teatro, ele traçou um roteiro e passou a viver no mar. “Medo é claro que aparece, mas se parar para pensar nele, ninguém faz nada”, ensina.

Apesar de nada convencional, o velejador não quer ser mal interpretado. “Não sou aventureiro. Não quero provar nada a ninguém. Viver no mar foi uma opção, como qualquer outra, só isso”, comenta.

Tassio no frio...
Tassio no frio...
e Claudia no calor. Cada dia em um lugar, sempre de bem com a natureza.
e Claudia no calor. Cada dia em um lugar, sempre de bem com a natureza.

O primeiro trecho de uma volta ao mundo que deve durar mais 3 anos foi de Açores (Portugal) ao Caribe. Todas as experiências são registradas em vídeo e fotografias. O projeto é transformar a viagem no documentário “Terras D’água ”, para mostrar histórias de pessoas que vivem bem, com pouco, com a sustentabilidade como conceito principal.

Algumas imagens são postadas no site do projeto e no blog. São um deslumbre, não só pela alta definição, mas pelo conteúdo que carregam. O mar azulzinho, golfinhos fotografados bem de perto, um mergulho em mar aberto ou apenas a foto dos pés descalços, são suficientes para fazer pensar sobre o real valor de tudo e, é lógico, soltar a frase típica: “Que vidão!”

Até o tempo de Tassio e Cláudia é outro. “Vamos bem devagar, parando, ficando o tempo que for necessário para ganhar intimidade e captar as imagens e as informações de uma maneira mais real”, conta o jovem que já fala 4 idiomas.

O dinheiro? Por enquanto vem de empregos temporários em cada local. “A gente faz de tudo, cuida de carro, a Cláudia trabalha de babá. Levamos o currículo e pegamos o que aparece. Depois, viajamos até acabar o dinheiro e paramos de novo para trabalhar e continuar.”

Os dois também buscam patrocinadores, que podem ser empresas, ou uma emissora de TV, por exemplo.

Agora o casal está em Campo Grande para ver a família, mas na quinta-feira volta ao lar flutuante. Sobre um lugar que sonha ainda em conhecer, Tassio responde; “Algum dentro de mim mesmo”.

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