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Comportamento

Abandonado pela maioria, orelhão só é lembrado em casos de emergência

Paula Vitorino | 06/12/2011 14:57

Popularização do celular e vandalismo fez a maioria dos usuários abandonarem orelhão. Mas economia no valor das ligações pelo telefone público ainda faz faz muitos clientes fiéis

Silvana diz que orelhão acabou ficando de lado e só usa em caso de emergência. (Fotos: Simão Nogueira)
Silvana diz que orelhão acabou ficando de lado e só usa em caso de emergência. (Fotos: Simão Nogueira)

A reportagem do Campo Grande News foi para as ruas da região central saber se o velho e tradicional orelhão ainda tem vez entre as ligações dos campo-grandenses. Questionados sobre “você ainda usa orelhão?”, a maioria fazia cara de espanto, como se fosse coisa de outro mundo, e afirmava nem ao menos se lembrar qual a última vez telefonou do aparelho.

“Nossa, nunca uso. Nem lembro a última vez que telefonei de um orelhão”, afirma a auxiliar de loja Tais Ajala, de 20 anos.

Mas forçando um pouquinho a memória, praticamente todos os entrevistados confessaram que o esquecido orelhão é a saída para casos de emergência.

Foi o que aconteceu com a estudante Dayane Lopes de Oliveira, de 22 anos, que durante a tarde de ontem precisou recorrer a um dos orelhões instalados no Centro.

“Usei agora por uma emergência. É raro isso acontecer”, diz. Ela confessa que só lembrou do equipamento como última alternativa, porque seu celular ficou sem bateria e precisava fazer uma ligação.

Por conta disso, a estudante frisa que apesar do “esquecimento” o aparelho não pode ser retirado das ruas, pois “sempre vai ter alguém que vai precisar para alguma emergência”.

A empresa telefônica Oi, responsável pela telefonia pública no país, confirma que a utilização do orelhão vem diminuindo nos últimos anos, mas a assessoria de imprensa afirma que não possui dados que mostrem essa diminuição, como o número de venda dos cartões.

Mas o esquecimento dos orelhões já é discutido pelo setor regulatório junto a Anatel, buscando alternativas para melhorar a utilização dos aparelhos. Uma das alternativas seria possibilitar também o acesso a internet pelos equipamentos, oferecendo pontos de wi-fi, e concentrar os orelhões apenas em áreas rurais ou mais afastadas.

Celular: meu orelhão particular - Mas por que tanto desprezo pelo orelhão? A justificativa dos usuários é a chegada do celular, um aparelhinho telefônico que pode ser carregado no bolso, é de uso individual e tornou-se popular pelas vantagens oferecidas pelas operadoras, como os bônus para ligações.

“Depois que veio o celular não precisa mais de orelhão. É bem mais pratico, fácil de usar, e em casa a maioria das pessoas tem o telefone fixo”, frisa a camareira Elida Velasque, de 41 anos.

Ela ainda lembra que o orelhão perdeu o estrelismo há cerca de 4 anos, quando ter e usar um celular ficou muito mais fácil e prático.

“Hoje todo mundo tem celular e mesmo que o seu não funcione, pega emprestado de outra pessoa”, acrescenta a estudante Tais.

Aposentado não sair sem cartão e usa orelhão como extensão do telefone fixo de casa.
Aposentado não sair sem cartão e usa orelhão como extensão do telefone fixo de casa.

Estragados - Outro motivo para a troca do orelhão, segundo os usuários, é o vandalismo que os aparelhos são vítimas freqüentes.

“Muitos estão estragados, aí você acaba desistindo de usar”, frisa a merendeira Silvana Pianezer, de 36 anos.

Em Campo Grande, segundo a Oi, são cerca de 500 orelhões e aproximadamente 8% desses sofreram algum tipo de vandalismo durante este ano e tiveram de receber reparos da empresa.

A aposentada Maria José de Oliveira, de 67 anos, garante que é difícil achar um que funcione perto de sua casa, no bairro das Moreninhas.

“É cabo arrancado, outros estão mudo. Tem muito aparelho estragado nos bairros, já no centro nem tem tanto”, diz.

Mas como o equipamento é desprezado pela maioria, o vandalismo até passa despercebido por algumas pessoas.

“Nem reparo se tem estragado ou não. Mas sei que é mais comum nos bairros”, diz a merendeira Silvana.

A Oi mantém um programa permanente de manutenção de seus telefones públicos e conta com um número para solicitação de usuários que encontrem um aparelho estragado. As solicitações devem ser feitas pelo telefone: 103 14.

Aposentada ensina economia com o uso do orelhão em ligações para fixo.
Aposentada ensina economia com o uso do orelhão em ligações para fixo.

Prefiro e economizo - Mesmo com tantos “motivos” para deixar o velho orelhão de lado, o aparelho ainda conserva usuários fiéis, que sabem dar valor aos seus méritos.

Uma delas é a aposentada Maria José, que até carrega o celular na bolsa, mas sempre ao lado do fiel cartão de orelhão. O motivo? A economia das ligações pelo telefone público.

“Eu tenho celular, mas sempre carrego o cartão de orelhão para fazer as ligações para telefone fixo. É muito mais barato, faço um monte de ligações com um só cartão”, diz, mostrando o cartão no valor de R$ 2,46, que faz 20 ligações de até 40 minutos.

Ela ensina que consegue aliar economia a praticidade. “Todo lugar que tiver um orelhão eu estou usando”, frisa.

Já o aposentado Valdomiro Marreto, de 77 anos, ainda utiliza o orelhão como extensão do seu telefone fixo de casa, já que não gosta de carregar celular.

“Meu celular fica em casa, então quando estou na rua uso o orelhão. Em casa é o fixo, porque não vou sair pra usar o orelhão”, simplifica.

Ele também está sempre com o cartão telefônico no bolso e é só elogios ao telefone público, no entanto, frisa que ainda existe muito aparelho quebrado pelos bairros.

De acordo com a Oi, o valor de um crédito do telefone público é R$ 0,1230 e com um crédito o cliente faz uma chamada para fixo de até 2 minutos.

Para chamadas originadas de orelhão para celular, existem valores diferentes dependendo da operadora móvel de destino. No caso de uma chamada para Oi móvel local, o valor do minuto é de R$ 0,80911, no horário normal e de R$ 0,56636 no horário reduzido.

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