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Comportamento

Amigos aproveitam a vida rumo a Barretos dentro de ônibus ano 74

Ângela Kempfer | 25/08/2011 09:40
Rui, Roberto, Pedrinho e Ivo Trovoada, a bordo de Mercedes Bens de 37 anos. (Foto: João Garrigó)
Rui, Roberto, Pedrinho e Ivo Trovoada, a bordo de Mercedes Bens de 37 anos. (Foto: João Garrigó)

Em um ônibus de 37 anos, com 34 caixas de cerveja a bordo, grupo de 12 amigos embarca para a Festa do Peão de Barretos (SP).

Dentro do Mercedes Benz ano 74, estacionado no bairro Coophasul, o cheiro é de comida feita há pouco. A “matula” foi preparada pelas esposas que ficam em Campo Grande.

“Todo mundo aqui tem alvará da patroa, é condição para viajar”, esclarece o organizador da bagunça que já dura 16 anos, o empresário Rui Busanelli.

O “Puta Mula” - referencia ao animal que transporta qualquer peso, já está com Rui há 18 anos. “Fui para festa de aniversário do meu irmão, em São Paulo. Não tinha onde colocar todo mundo para dormir, aí fomos para o ônibus. Gostei tanto que resolvi comprar e voltei com ele para Campo Grande”, conta.

Rumo a Barretos, 7 são da empresa de engenharia dos Busanelli e os outros 4 são amigos. “Para entrar no grupo, tem lista tríplice e o Rui assina a nomeação”, brinca o advogado Hélio Costa, de 50 anos.

No ônibus, há 4 beliches para as horas de sono.
No ônibus, há 4 beliches para as horas de sono.

A turma mostra que sabe aproveitar bem o meio de transporte próprio e a vida. “Gasto mais com a manutenção do ônibus do que com a família, são mil reais por mês, mas vale à pena”, comenta Rui.

Antes mesmo de comprar o ônibus, eles já viajavam juntos. Há 25 anos vão religiosamente à prova da Fórmula 1 no Brasil, “antes mesmo do Ayrton Senna”, lembra o outro membro da família, Roberto Busanelli.

Dos 6 irmãos que começaram essa história, Reinaldo morreu no ano passado, vítima de latrocínio, 20 dias depois do retorno de Barretos. “Foi a despedida”, lamenta Rui.

Este ano, o escolhido para ocupar a poltrona de Reinaldo na aventura foi Pedrinho, de 16 anos, sobrinho que vive no Mato Grosso. “No ano passado fui, mas só porque outro faltou, agora sou titular”, diz Pedro.

Com a neta no colo e a esposa ao lado, Rui diz que o segredo é a diversão sadia.
Com a neta no colo e a esposa ao lado, Rui diz que o segredo é a diversão sadia.

No ônibus há geladeira, televisão, DVD, 2 beliches com colchões e a mesa de jogos, para o truco que dura as 9 horas de viagem.

“Aqui a gente bebe de balde”, comenta Ivo Trovoada, vestido de vermelho, a cor do rodeio. O dono de uma oficina tem como sobrenome Almeida, mas ganhou o Trovoada pelo jeito boiadeiro.

Sobre a esposa e o ciúme que uma viagem assim pode despertar, ele diz que não tem tempo ruim em casa. “Ela mesma arruma minhas tralhas”.

A esposa do empresário Rui, Eny de Souza Busanelli, é veterana na bagunça masculina e admira o marido pela disposição, mas com ressalvas. “Dou o alvará porque ele sempre se comporta”.

Eduardo Diniz, de 40 anos, entrou para a trupe ainda solteiro. A esposa que levou a viagem anual como dote de casamento garante que já se acostumou, apesar de ter vontade de ir também. “A gente sabe que é divertido e por isso dá vontade de acompanhar, mas serve como férias para as mulheres também, uma folga do marido”.

Em Barretos, os 12 ficam no acampamento de solteiros, saem cedo, voltam tarde e tem dias que nem voltam.

“A gente vai mesmo é para rezar, mas como não tem reza, só resta ver o rodeio”, ri o professor universitário José Francisco de Lima, de 59 anos.

O segredo de tanto tempo juntos é a diversão sadia, avalia Rui.

“Ali é assim, um cuida do outro. Quando um bebe demais, o outro bebe de menos. Quando um fica doente, o outro fica ao lado e não fazemos nada para se arrepender depois”.

Grupo de amigos e os 2 motoristas da turma, antes de entrar no ônibus para a viagem.
Grupo de amigos e os 2 motoristas da turma, antes de entrar no ônibus para a viagem.
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