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Comportamento

Amigos ficam famosos tirando onda do campo-grandense no Facebook

Ângela Kempfer | 01/08/2012 14:00
Felipe e Alex criaram a página no Facebook.
Felipe e Alex criaram a página no Facebook.
Raphael completa o time do "O Campograndense".
Raphael completa o time do "O Campograndense".

Eles traçaram o perfil do típico campo-grandense e desde então resolveram transformar o personagem em piada. Hábitos como parar o carro na Afonso Pena aos domingos ou usar camisa xadrez, são sempre motivo para tirar onda do tipo: "Campo Grande sofre com falta de combustível nos postos. Hum... Sabia que essas voltinhas de domingo na Afonso Pena iriam dar merda...”

Como a experiência no jornalismo de entretenimento já rendeu muitas polêmicas quando o conteúdo é uma crítica à cidade, surgiu o interesse em saber o tamanho da ira que pode provocar uma página criada só para pegar no pé da população local.

Surpresa foi descobrir que os donos de um humor ácido e tão frequente no Facebook têm 24 anos e são estudantes de Medicina, no sexto ano do curso. “É a tecnologia. Fazemos tudo pelo celular”, explica Felipe, que ao lado de Alex e Raphael abastecem o “O Campograndense”.

Para os três, campo-grandense típico é o cara que tem camisa xadrez, usa a foto de uma caminhonete como plano de fundo no computar, toma tereré no lugar do Engov depois de uma balada, acha que fila em bar é sinal de coisa boa e curte sertaneja.

“É louco, mas se o campo-grandense busca uma fila, porque acha que é sinal de qualidade de que o lugar é bom”, comenta Felipe.

Outro comportamento que incomoda e o modismo que leva a maioria das pessoas para o mesmo lado. “Tem gente que nem tem fazenda, mas tem caminhonete. Nunca viu barro e tá lá, andando com a caminhonete mais limpa que carro de cidade”, brinca Raphael.

Em um dos textos publicados pelos “sócios”, aparece a definição: “Os números não mentem: Mugiu? 49% de chances de ser de Campo Grande e redondezas. Relinchou? 53% de chances de tratar-se de um conterrâneo. Falou fiii? 127% de ser da Cidade Morena. (se não der bom dia, a mesma dobra sua porcentagem de chances)”.

Mas apesar do teor, quase não aparecem protestos ao longo dos comentários. A maioria dispara um “kkkkkkkkkk”. Para eles, quem acha ruim é porque não entendeu a piada.

“A gente não provoca a ira das pessoas porque falamos de um personagem, uma caricatura, não atacamos a cidade”, analisa Alex.

Pelo contrário, eles também frequentam bares sertanejos e muitas vezes saem em defesa de Campo Grande, como “quase” típicos campo-grandenses. “Pow Carminha. Descobrir que a Nina é a Rita é fácil! Difícil é você e o resto da Globo descobrirem que Campo Grande fica no MS e não no MT!”, protestam no Facebook.

Adesivo local, segundo "O campo-grandense".
Adesivo local, segundo "O campo-grandense".
Brincadeira sobre o clima na cidade.
Brincadeira sobre o clima na cidade.

A loucura por inaugurações também é motivo de pegar no pé do povo. “As coisas chegam aqui em Campo Grande com um ano de atraso, deve ser por isso”, avalia Felipe. “O engraçado é que o campo-grandense é mais simpático com produto que vem de fora do que com pessoas”, ironiza Raphael.

Felipe nasceu em Cuiabá, mas desde sempre morou em Campo Grande. Os outros dois amigos são daqui mesmo. Os três se conheceram no cursinho preparatório para o vestibular e lá se vão 7 anos.

Eles fazem piada dos conterrâneos, mas também não poupam empresas. Reclama da falta de pão na rede de lanchonetes, da qualidade dos serviços da TV a cabo e, principalmente, do clima da cidade, sempre com uma piada engatilhada. “O Campograndense está em um relacionamento sério com umidificador de ar”, brincam na internet.

Sobre a condição financeira dos 3, Felipe responde com uma dica: “Vamos dizer que dá para ir a Valley Pub duas vezes ao mês”.

A ironia sobre os comportamentos locais renderam 5 mil curtidas no Facebook, sem nenhuma publicidade e ainda fechando as portas para interessados em pagar por anúncios. “Nesta época de eleições, tem muito político querendo comprar espaço, por exemplo, mas não aceitamos. Nosso interesse não é o dinheiro.”, diz Alex.

Eles juram que a revolta com rapazes que andam de camionete pela cidade e com as “Maria Gasolina” não tem qualquer relação com os foras que levaram nos últimos anos. “Não é magoa. Não somos rancorosos”, ri Alex. “É que enjoa ver todo mundo com a mesma roupa xadrez, a mesma dança, as mesmas atitudes”, completa Felipe.

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