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Comportamento

Amor de avó tatuado no corpo ou impresso em troféu na estante

Ângela Kempfer | 26/07/2012 10:36
Renata mostra sorridente a tatuagem com os nomes dos netos. (Fotos: Minamar Júnior).
Renata mostra sorridente a tatuagem com os nomes dos netos. (Fotos: Minamar Júnior).
A avó perua tem enfeites por todos o corpo e tatuagem até nas axilas.
A avó perua tem enfeites por todos o corpo e tatuagem até nas axilas.

A avó de 52 anos tem piercing em dois dentes, 5 brincos em cada orelha, aplique nos cabelos com trancinhas, unhas enormes decoradas, tatuagem até nas axilas. Mas o carinho maior é pelos nomes dos dois netos impressos no braço.

“São a minha vida. Não pensei duas vezes antes de tatuar. Sabe como é amor né”, explica Renata Alvarenga, avó de Pedro e Miguel. “Não preciso ser como os outros para os meus netos me amarem”, ensina.

Para os meninos, ela é a “avó doidinha”. Na família, a auxiliar de cozinha do Jardim Anache conta que ninguém é parecido com ela. “São todos normais”. Mas uma coisa a avó Renata garante que todos aprenderam. “A respeitar os outros pelo que eles são, não pelo que eles mostram nas roupas ou no corpo”.

Mulata, com corpo bonito e um sorriso iluminado, a avó “perua” chama atenção por onde passa e gosta dos olhares.

“Sou perua mesmo, me chamam até de louca, mas isso pouco importa. Me divirto do jeito que sou e meus netos me adoram. Isso é o que importa na vida: que as pessoas que a gente ama também retribuam com respeito”.

Seo Moacir Teodoro, de 67 anos, há 13 também resolveu tatuar o nome da primeira neta nas costas. Entregador nos últimos anos de trabalho, antes da aposentadoria, ele diz que aprendeu com “a gurizada de moto” a gostar de tatuagem e estreou com o nome de Priscila, logo depois do nascimento.

“Fiz com um cara lá do bairro mesmo, não ficou muito boa, mas o que interessa é poder mostrar para ela e a bichinha ficar toda orgulhosa”.

Nas férias de julho, ele fez o caminho contrário este ano, viajou para Presidente Prudente (SP), para ficar com os netos, que agora são 3. “Minha esposa morreu em 2005 e agora minha diversão é ir à igreja e receber ou visitar a família”, conta o aposentado.

Dona Jô e o troféu da Hermes. (Fotos: Rodrigo Pazinatto)
Dona Jô e o troféu da Hermes. (Fotos: Rodrigo Pazinatto)
Dentro da lojinha ainda de madeira, no Jardim Aeroporto.
Dentro da lojinha ainda de madeira, no Jardim Aeroporto.

No Jardim Aeroporto, Dona Jô não tem tatuagem, mas mostra o troféu dourado que ganhou há 5 anos como destaque de vendas da Hermes, rede que vende produtos via catálogo. Apontando para a homenagem exposta na parede, ela atribui a conquista aos netos. “É um motivo para não fraquejar”, justifica.

Ainda hoje, aos 79 anos, ela abriga 2 netos e 3 netas já adultos, dois deles casados, além dos 3 filhos. Agora espera ser bisavó. “Moramos em 11 pessoas. A casa é simples, mas é grande. Gosto de ter todo mundo aqui”, conta, debruçada sobre o balcão em um prédio de madeira, que parece aqueles bolichos antigos.

O comércio de Joana nem sequer tem nome, mas sustentou a família durante anos. “Tem gente que entra aqui perguntando se tem pilha, acha que é uma venda. Nunca tive nome na fachada. Alguns chamam de venda da Dona Jô e até da velhinha da esquina”, diz sorrindo.

A paulista de nascimento trabalha das 9h às 19h, vende Avon, Natura e os produtos da Hermes. “Tenho muita coisa à pronta entrega, eletrônicos, mas também tenho um cadastro grande de meninas que pegam a revistinha para vender. Gosto de fazer isso, é a minha vida”, comenta mostrando desodorantes, perfumes, meias e máquinas de fazer arroz e pedindo para ajudar, publicando o telefone da loja. “Coloca lá é 3363 4375”, pede.

Mas o que ela gosta mesmo é do pomar no quintal, com pés de “tudo quanto é fruta, de jacá a acerola”. Para a avó de 5 netos e outros agregados, a única frustração na vida foi não conseguir dinheiro suficiente para poder arrumar a lojinha. “Mas tá bom, a vida me deu filhos e netos”, conclui.

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