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Comportamento

Aluna de escola pública, Aline conta como entrar na UFMS aos 15

Marta Ferreira e Aline dos Santos | 20/01/2012 18:00

Depois de tirar nota boa no Enem, uma ano antes de concluir o ensino médio, ela foi à Justiça para assegurar certificado e se matricular no curso de Zootecnia da UFMS.

A estudante Aline Gabriela Barbosa Pérez, de 15 anos, faz aniversário em fevereiro, mas ganhou presente antecipado nesta sexta-feira: é a mais nova caloura da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Após a Justiça determinar, em decisão liminar de quarta-feira, a expedição do certificado de conclusão do ensino médio para ela, mesmo faltando um anos para concluir essa etapa do estudo, ela conseguiu no fim da manhã fazer a matrícula.

Possivelmente a mais nova de sua turma, ela conta que fez prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e se inscreveu no Sisu (Sistema Unificado de Seleção) para “treinar”, assim como muitos estudantes que sempre fizeram vestibular como aprendizado, os chamados treineiros. Contudo, foi surpreendida pelo resultado. Aline, vinda da escola pública, ficou em 18º lugar no curso de Zootecnia.

Acompanhada pelo pai Claudio Roberto Ceres, 41 anos, e pela prima Débora Lanza Lima a estudante foi hoje (20) fazer a matrícula na UFMS, e nas mãos levava a liminar concedida pela Justiça autorizando a matrícula.

Aline aguarda concretização de matrícula na UFMS, um ano antes de concluir o ensino médio. (Foto: Simão Nogueira)
Aline aguarda concretização de matrícula na UFMS, um ano antes de concluir o ensino médio. (Foto: Simão Nogueira)

O pai, todo orgulhoso contou que a filha sempre foi a 1º na classe. A família é de Campo Grande, mas moraram no interior do rio de janeiro, ainda quando Aline era criança.

Geniozinho-Ao entrar no pré-escolar, a diretoria da escola fez uma avaliação com a aluna e ela foi direto para 1º série. Os pais foram aconselhados a levar a menina a capital, para que ela fizesse um teste de QI.

O pai relata que a adolescente nunca foi de passar horas estudando. “Não estava estudando para Enem”, revela a estudante, para o despeito dos que passam o dia todo sobre os livros e cadernos e no computador e não conseguiram passar no novo vestibular, o Sisu.

O histórico escolar dela explica isso. Sempre com notas boas, entre 9.5 e 10, a estudante diz que a nota mais baixa que já tirou foi 4, justamente em Educação Física. “Quase morri quando vi a nota”.

O 4 no boletim foi, pode-se dizer, um “deslize” para quem foi apontada como acima da média dos estudantes pelos próprios professores. Aluna da escola Maria Constança de Barros Machado, Aline faz parte do Núcleo de Altas Habilidades da Secretaria de Educação, formado por estudantes super dotados e era ali que ela dedicava maior tempo aos seus estudos, além de pesquisar na internet, uma de suas atividades favoritas.

Estava nos planos dela fazer um cursinho preparatório para o Enem este ano mas a nota boa veio antes. Um ano antes do previsto, ela fez os pontos necessários para entrar no curso pretendido, que teve cada uma das 50 vagas disputada por 19 estudantes.

Vida social, sim-Para quem, com essa informação, enxerga em Aline uma nerd que só fica enfiada nos livros e na internet pesquisando, ela revela que não é bem assim. Unhas vermelhas, olhos maquiados e relógio com estampa de onça no punho, a estudante revela que mantém um site de baladas, com informações de festas do estado.

Um outro paradoxo é o fato de ter, sempre, estudado em estabelecimentos públicos, primeiro na rede municipal de Campo Grande, nas escolas Licurgo de Oliveira e José Benfica, e agora na escola estadual Maria Constança de Barros Machado.

Lá ela foi encaminhada ao Núcleo de Altas Habilidades, formado por estudantes super dotados. Ela conta que, além do estudo propriamente dito, o local oferece oficinas de artes, espanhol, teatro.

O interesse da adolescente é ambicioso: neurociência, uma das áreas promissoras da pesquisa científica.

Na universidade, Aline irá estudar 5 anos, e em horário integral. Ela já tem uma nova meta: depois de concluir Zootecnia, quer fazer um segundo curso e completar 24 anos de idade formada em Medicina Veterinária.

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