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Comportamento

Arredio, grupo de hippies provoca estranheza e reclamação

Elverson Cardozo | 13/07/2012 17:12
Grupo de hippies ontem à tarde no cruzamento da rua 14 de julho com a avenida Afonso Pena. (Foto: Rodrigo Pazinato)
Grupo de hippies ontem à tarde no cruzamento da rua 14 de julho com a avenida Afonso Pena. (Foto: Rodrigo Pazinato)
No mesmo cruzamento, hoje, no início da tarde, hippie acompanha movimento da cidade. (Foto: Minamar Junior)
No mesmo cruzamento, hoje, no início da tarde, hippie acompanha movimento da cidade. (Foto: Minamar Junior)

Quatro décadas após a explosão do movimento de contracultura no Brasil, eles, os hippies, ainda estão por aí, com seu visual que parece saído do passado. Em Campo Grande, os adeptos do lema “paz e amor” costumam ser vistos pelo centro, na avenida Afonso Pena, em em praças públicas.

O movimento, com os anos, diminuiu, mas algumas opiniões permanecem. Seja por desconhecimento ou preconceito, eles ainda continuam provocar estranheza e receio entre muitos comerciantes.

“A aparência deles já afasta”, comenta Juyd Damiano, de 25 anos, vendedora de uma banca de artesanato localizado no cruzamento da Afonso Pena com a rua 14 de julho. “As pessoas se esquivam deles, pelo modo de se vestir e o aspecto físico”, opina.

Para a vendedora, esse afastamento tem justificativa. “Você não sabe que tipo de pessoa é”. A proprietária da banca, Fátima Ribeiro, de 52 anos, tenta explicar a situação com mais argumentos e comenta que acha possível, sim, julgar pela aparência.

“Pelos 32 anos que estou aqui dá sim”, disse, acrescentando que tem a banca desde 1980 e já viu “muita coisa” e como os hippies chegam nas pessoas. “Eles incomodam”, argumenta.

Fátima Ribeiro afirma ainda que as maiorias dos comerciantes se sentem ameaçados com a presença dos grupos, não só pela aparência, modo de vestir ou aspecto físico, mas pelo que chama de concorrência desleal.

“A aparência deles já afasta”, comenta a vendedora Juyd Damiano, de 25 anos. (Foto: Minamar Junior)
“A aparência deles já afasta”, comenta a vendedora Juyd Damiano, de 25 anos. (Foto: Minamar Junior)
Proprietária da banca, Fátima Ribeiro, de 52 anos, afirma que aparência diz muito. (Foto: Minamar Junior)
Proprietária da banca, Fátima Ribeiro, de 52 anos, afirma que aparência diz muito. (Foto: Minamar Junior)

“Eu pago imposto. A gente não está aqui de graça, o prefeito não deixa”, pontuou, se referindo à venda de produtos artesanais que os próprios hippies confeccionam. “Eles copiam o nosso, ficam aqui do lado e vendem mais barato”, acrescenta a vendedora Juyd.

A estudante Ana Patrícia da Silva Fernandes, de 17 anos, trabalha como mirim em uma empresa localizada na avenida Afonso Pena. Diz que é comum ver grupos de hippies pela região.

Embora os considere “estranhos”, Ana Patrícia afirma que o preconceito está enraizado. “Eles querem respeito e um lugar na sociedade”, afirma. Eles tentam se impor como pessoas, mas as pessoas não deixam”, completa.

Para o engraxate Antonio Correia da Silva, de 50 anos - que trabalha há 23 anos em frente à Praça Ary Coelho, na Afonso Pena - os hippies não são bem vistos pela sociedade.

"Acho eles estranhos", disse a estudante Ana Patrícia, de 17 anos. (Foto: Minamar Junior)
"Acho eles estranhos", disse a estudante Ana Patrícia, de 17 anos. (Foto: Minamar Junior)
Engraxate Antonio Correia diz que os hippies ainda sofrem preconceito. (Foto: Minamar Junior)
Engraxate Antonio Correia diz que os hippies ainda sofrem preconceito. (Foto: Minamar Junior)

Mas além dos artesanatos que fabricam, afirmou, eles carregam na bagagem experiência de vida e cultura. Vivência superior a daqueles que muitas vezes o criticam.

A equipe de reportagem do Campo Grande News tentou conversar com um grupo de hippies que se concentrava no cruzamento da 14 de julho com a Avenida Afonso Pena na tarde de ontem, mas nenhum dos integrantes aceitou falar.

A justificativa é de que resolveram se calar em forma de protesto à “opressão e repressão” a que são submetidos diariamente.

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