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Comportamento

Celular virou produto descartável, mas há quem preserve suas “relíquias”

Ângela Kempfer | 27/01/2012 10:35
Helena mostra o aparelho que de tão velho já está descascado. (Foto: Marlon Ganassin)
Helena mostra o aparelho que de tão velho já está descascado. (Foto: Marlon Ganassin)

Há 5 anos Helena Gonçalves tem o mesmo celular, uma exceção diante das tentações de aparelhos lançados dia e noite pelas empresas de tecnologia.

O modelo Nokia, branco, de tão antigo, já está todo descascado. “Mas liga e recebe, isso é o que interessa. Esse negócio de beleza para mim é indiferente”, comenta Helena.

Vendedora de roupas, o equipamento é indispensável para o contato com as clientes e nunca deixou a dona na mão, desde que ela encontrou o celular na rua. “Achei jogado, novinho, quando caminhava no Santo Amaro. Ninguém ligou em busca, então acabei ficando com ele”, lembra.

Mototaxista Moisés das Neves acha que esse “troca, troca de celular é coisa de adolescente”.
Mototaxista Moisés das Neves acha que esse “troca, troca de celular é coisa de adolescente”.

Do outro lado da moeda, o estudante David da Silva conta que troca de celular todos os anos. Como sabe que modelos novos serão lançados, ele diz reservar entre R$ 500 e R$ 600 por ano para comprar um aparelho novo.

“A tecnologia é assim, supera a outra muito rápido, e não dá pra gente ficar com coisa velha”, justifica o rapaz que inaugurou o novo celular há 3 meses.

O professor aposentado Auro Camargo reclama do consumo exagerado e da forma como a “juventude” vai produzindo lixo eletrônico. “Onde tudo isso vai parar? Em um desses lixões da vida, poluindo o meio ambiente. O pior é que não é só a carcaça do parelho, tem a bateria.”

Mesmo assim, ele admite não ficar com um celular por mais de 2 anos. “Outro problema é que a fábrica já faz tudo para estragar logo. No último aparelho que eu tinha, as teclas não funcionavam mais”.

Para o militar aposentado Miguel Honorato, de 65 anos, as operadoras têm uma parcela de culpa. “É só completar um ano e elas começam a mandar mensagem para trocar de aparelho. E olha que eu só pago 35 reais por mês”, argumenta mostrando o aparelho mais recente, com ele há 6 meses.

Grávida de 8 meses, Rosimeire Galão acha é bom a facilidade de trocar de aparelho em Campo Grande. “Aqui mais do que qualquer lugar porque lá no Camelódromo pago 100 reais e levo o aparelho novo”.

Do outro lado da moeda, o estudante David da Silva conta que troca de celular todos os anos.
Do outro lado da moeda, o estudante David da Silva conta que troca de celular todos os anos.

O mototaxista Moisés das Neves acha que esse “troca, troca de celular é coisa de adolescente”. Com um modelo básico nas mãos, diz que não usa nenhum aplicativo disponível. “Não tenho paciência. Só uso para ligações. Não é para isso que serve?”, brinca.

Os aplicativos são a dor de cabeça da mãe moderna, avalia Isabela Roman. A filha de 15 anos já trocou 5 vezes de aparelho ao longo da vida, um luxo, confessa. “Não tem jeito. Quando era pequena, era necessidade para localizar em qualquer caso. Mas agora, é só as colegas aparecerem com um novo e o tormento começa”.

Sobre a relíquia que a vendedora Helena tem há 5 anos, hoje o filho também usa o aparelho, e lembra que é uma herança com muitas vantagens. “É bom porque ninguém rouba e quando acha devolve”, brinca.

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