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Comportamento

Com nome inspirado em ricaço ou na bíblia, comércio aposta na sorte na fachada

Ângela Kempfer | 29/06/2012 11:28
Eiki's adaptou o nome ao do homem mais rico do País. (Fotos: Minamar Júnior)
Eiki's adaptou o nome ao do homem mais rico do País. (Fotos: Minamar Júnior)

Um olhar mais atento por Campo Grande, em um dia de bom-humor, rende alguma diversão só em observar as fachadas de algumas lojas. A empresa que vende lingeries na antiga Furnas tem o nome “Porta-Joias”. Na Júlio de Castilhos, a casa de tintas é “Pint-Tudo” (não leia rápido).

Até pouco tempo, na avenida Afonso Pena, a loja infantil recém fechada chamava-se “Di Menor”. A funerária é “Pró Vida”. Também tenho notícias de um salão de periferia chamado “Arrazo’s” (com Z mesmo) e assim continua a criatividade de lojistas.

Quem abre as portas e não tem uma empresa experiente de marketing na retaguarda, acaba apostando na inspiração. Ontem o Lado B mostrou uma pastelaria tradicional que nem sequer nome tem. Hoje é a vez de quem resolveu estampar a aposta de sucesso na fachada.

Na avenida Bandeirantes, a lanchonete aberta há 3 meses foi batizada de Eiki’s. O japonês dono da empresa, Hidemasa Higa, diz que mesclou uma homenagem ao pai e a referência ao homem mais rico do Brasil, Eike Batista. “É o nome do meu filho, um pouco diferente do nome do milionário que tem o E no final”, explica.

A carona na figura do milionário se justifica pela avaliação quanto à fórmula do sucesso nos negócios. “Primeiro tem de ter sorte. Depois criatividade e coragem”, justifica.

Aos 43 anos, de repente se viu pai e o nome da criança passou a ser algo especial. “Nunca pensei em ter um filho com esta idade. Daí lembrei do meu pai Hideki e do Eike”, conta. Em uma tradução sem maiores pretensões, diz que “eki” significa estação – força, o que ele queria desejar ao filho.

Na família do empresário que deixou São Paulo este ano, para investir em Campo Grande ao lado da esposa, todos os seis irmãos têm os nomes iniciados com Hide, “árvore” em japonês. Ele é Hidemasa, “árvore boazinha”, sorri ao tentar adivinhar o significado. Pergunto se ele tem realmente a personalidade ditada pelo nome, e Hidemasa responde: “Sei lá”.

A dona do Salão Renascer na periferia é Cristiane Aveiro
A dona do Salão Renascer na periferia é Cristiane Aveiro
O salão chique com mesmo nome no Jardim dos Estados.
O salão chique com mesmo nome no Jardim dos Estados.

Na mesma avenida, o salão “Renascer” tem apenas uma portinha e o nome idêntico a um dos espaços de beleza mais sofisticados e caros da cidade. A dona na periferia é Cristiane Aveiro, uma paraguaia de Bela Vista, muito religiosa que há 18 anos abriu a empresa e conseguiu comprar casa, carro e criar os filhos com os cortes de cabelo. “Abri aqui bem antes do salão chique lá do Centro”, garante sobre o homônimo localizado no Jardim dos Estados.

Os produtos oferecidos as clientes são de mesma qualidade, assegura a dona do pequeno salão Renascer. “Só muda o preço, porque sei que lá o aluguel é bem mais caro”, defende.

O batismo da empresa, Cristiane decidiu depois de uma conversa com amiga da igreja de mesmo nome. Mas assim que as portas abriram, o resultado não foi dos melhores.

“Uma mulher chegou aqui dizendo que queria entrar de um jeito e sair como se tivesse outra vida. Daí eu expliquei que isso não existe. Que o Renascer que eu me refiro é de progredir”, conta a cabeleireira metódica, que nem sequer tem manicures no salão porque prefere fazer tudo sozinha, com hora marcada.

Agora, Cristiane quer abrir mais uma unidade em um bairro humilde, na região do Aeroporto, porque em anos de serviço descobriu “que pobre é a melhor clientela. Não reclama de preço e não pede brinde. Paga direitinho”.

Sobre a sorte do nome Renascer na fachada, ela diz nunca ter sentido esse retorno. “O que deu resultado mesmo foi o semáforo que instalaram este ano aqui na frente”, conta.

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