Decepções rendem traumas para quem é apenas um vozeirão para os fãs
Há 20 anos ele é a voz romântica nas madrugadas do programa “Cidade...Amor sem Fim”. Entre músicas melosas e poesias, Lucas incorpora um personagem que já causou muito desgosto.
“É complicado. As pessoas acham que a gente é uma coisa, mas na hora que conhecem percebem que não é nada daquilo. É difícil a pessoa olhar para você com aquela cara de decepção. Tem de ter preparo psicológico”, explica.
Luis Carlos de Lima nunca foi Lucas, criou o personagem quando começou com o “Amor sem Fim”, programa que acompanha gerações madrugada a dentro. Diz que também não é romântico, tão pouco gostava de música do estilo. “Comecei com dance, depois tive de me acostumar”, lembra, aos 42 anos.
Com o tempo foi incrementando a programação com traduções, poemas, é até dando uma de cupido, promovendo encontros entre ouvintes. Hoje tem blog romântico e diz ser o “Fábio Júnior”do rádio sul-mato-grossense.
“Já teve mulher que me ligou dizendo que estava na banheira e que o marido estava dormindo no quarto”, conta aos risos.
Com 1,80 metro, ele até tem uma das características do “garanhão” que as ouvintes julgam ser o dono da voz romântica, é alto. Mas os encontros com o público rendem mais decepções do que elogios, conta o locutor. “Elas me imaginam de mil jeitos. Estou há muito tempo no ar. Vou ao banco e falo 3 palavras e todo já diz com cara estranha: Você é que é o moço da rádio?”
Baixinho - Há bem mais tempo no ar, o locutor Disney Coelho é hoje a voz oficial do governo do Estado. “É engraçado. Minha voz é uma coisa e eu sou outra pessoa”.
Desde pequeno ele sabia que seria locutor e começou em Dourados a carreira que já completa 30 anos. “Lembro da primeira música que apresentei e até o horário. Era 1h15. Sempre sonhei com isso”, conta.
Disney já foi a voz oficial do governo Pedro Pedrossian, da administração Wilson Barbosa Martins e está no segundo mandato de André Puccinelli. As campanhas institucionais em TV e rádio têm a voz dele.
Quando abre a boca na rua, a reação das pessoas é sempre procurar uma televisão ou rádio ligados. Ao descobrir que o “vozeirão” vem do baixinho de 1,62 metro ao lado, a decepção começa, comenta o locutor. “Todo mundo espera um homem de dois metros de altura, né?”
Durona - Tânia Regina de Araújo, de 40 anos, não é tão “famosa”, mas é muito bem conhecida pelos taxistas da maior cooperativa de Campo Grande.
Seis horas por dia é a voz dela que convoca motoristas para as corridas, em revezamento com outras colegas que operam a frequência da Coopertáxi.
A maioria dos taxistas nunca viu a mulher que comanda as rotas de cada um deles pela cidade. “Guardo a voz deles, mas se cruzar com qualquer um na rua não vou reconhecer, assim como acho que eles também não”.
Ser apenas uma voz, no caso de Tânia, é uma vantagem. “A gente preserva a distância. Tem horas que temos de ser firmes com eles (taxistas) para evitar gracinhas pelo rádio”, diz a operadora, apesar de comentar que não é a “mais durona” da empresa.
