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Comportamento

Em dia de prêmio acumulado, promessas vão para atendente de lotérica

Ângela Kempfer e Luciana Brazil | 01/08/2012 16:35
Marileide Ferreira há 4 trabalha na casa de apostas da rua 13 de Maio.
Marileide Ferreira há 4 trabalha na casa de apostas da rua 13 de Maio.

Em dia de Mega-Sena acumulada, com prêmio estimado em R$ 42 milhões, sobra promessa dos clientes aos funcionários das lotéricas. “Já ganhei Ferrari, casa de R$ 200 mil”, tudo graças à imaginação dos apostadores, brinca Marileide Ferreira, de 42 anos, que há 4 anos trabalha na casa de apostas da rua 13 de Maio, esquina com a Maracaju.

Tem gente que na hora de entregar os números para o registro jura que, caso acerte, voltará para recompensar os atendentes. “Teve o caso de um homem que prometeu voltar e amarrar 100 bois aqui na frente, como presente”.

E tem pessoas que retornam mesmo. Certa vez, um dos apostadores ganhou R$ 52 mil em um sábado e na segunda apareceu com R$ 450 de gorjeta para Marileide que ganhou ainda mais de um cliente que faturou R$ 1,8 milhão. “Ele votou e deu R$ 1,8 mil”.

Mas nem tudo é amizade. É muito comum pessoas acharem que ganharam, procurarem a lotérica e ficarem bravos ao perceber que estavam errados. Ela comenta que os jogadores de Telesena são os mais irritados, porque a conferência é mais difícil. “É tanta ganância que eles enxergam números onde não existe”, reclama.

Duro é não ganhar intimidade, já que a maioria desabafa diante da possibilidade de ficar milionário. “Torci muito por um menino de 25 anos que é renal crônico. Fiquei com pena”, conta.

Ozana Correa Fernandes está há 7 meses no trabalho.
Ozana Correa Fernandes está há 7 meses no trabalho.

O mais interessante na relação jogador/lotérica é quando a vontade de ganhar cria uma dependência. Como algumas pessoas jogam religiosamente todos os dias, Marileide lembra a preocupação, caso algum deles desapareça por um ou dois dias. “A gente liga para saber se está tudo certo”.

Os funcionários acabam convivendo com os sonhos e algumas realidades chatas. “Uma senhora sempre aparecia com o esposo. Um dia ela ligou para dizer que o marido morreu e todo mundo acabou indo ao velório”, conta Maricleide.

Na rotina, Marileide descobriu os principais objetos de desejo dos apostadores. Segundo a funcionária, os homens querem mesmo é o poder da fortuna para arrumar a mulher dos sonhos. Ela lembra o dia em que um deficiente visual fez aposta pelo prêmio de R$ 40 milhões e confessou: caso ganhasse, teria a mulher que quisesse.

Só em segundo lugar aparece o carro na preferência masculina. Surpreendentemente, as senhoras também comentam que querem o mesmo, o homem ideal. “Dizem assim: vou no clube de mulheres pegar o cara mais sarado”. O sonho da casa própria, fica em segundo lugar para as mulheres.

Sorte - Também tem o jogador do tipo vingativo. Se um dia jogou com fulana e não ganhou nada, no outro vai tentar a sorte registrando o jogo no guichê ao lado.

Tem o cliente da família, que faz a aposta sem sair de casa, com serviço em domicílio e o apressadinho, que para no semáforo em frente à lotérica, o funcionário corre para pegar os números e depois devolve o comprovante, tudo em um tempo recorde de atendimento.

Ozana Correa Fernandes, 32 anos, está há menos tempo na lotérica, só 7 meses, mas já percebeu que está em uma função surpreendente, por lidar com sonhos de todo mortal. “Eles confiam muito na sorte. Tem gente que joga e é tão confiante que nós até acreditamos que vai ganhar”, comenta.

O proprietário Azyr Escardin, 50 anos, tira o chapéu para as meninas porque não é fácil lidar com as piadinhas de quem chega ao caixa. “São muitas gracinhas. Tem de ser extrovertida, ter jogo de cintura e entender essas situações”, ensina

As apostas para o concurso de hoje podem ser feitas até às 18h nas lotéricas.

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