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Comportamento

Homens e suas tranças...Apesar do cabelão, eles não querem saber de vaidade

Ângela Kempfer | 05/03/2012 16:55
Mauro Forasteiro e sua trança.
Mauro Forasteiro e sua trança.
Rafael e o filho, sem previsão de cortar o cabelo.
Rafael e o filho, sem previsão de cortar o cabelo.

Quando chegasse aos 40, Dario Barbosa jurou que cortaria o cabelo. Passados sete anos do aniversário, ele continua com um grande rabo de cavalo. “Não me vejo sem ele”, comenta o funcionário público de 47 anos.

Já o diretor de arte Mauro Forasteiro não faz qualquer promessa. Já fez planos, voltou atrás e diz que vai tirar a trança quando tiver vontade. Apesar da cabeleira negra já ter ares grisalhos, em 38 anos de vida só cortou as madeixas duas vezes “Quando eu tive de me alistar e depois porque um amigo fez uma brincadeira sem graça com máquina zero”, lembra.

Na experiência de longos cabelos, os dois têm em comum a reação dos outros diante de um visual masculino não convencional. “Quando fazia a faculdade, tinha gente que me abordava para pedir maconha”, conta Dario, um cara que trabalha por aí fazendo pesquisas para a Iagro e gosta de ouvir de sertaneja a música clássica.

Mauro passou pelo mesmo tipo de situação e sempre respondeu com uma risada. “Não dá para encanar. Os caras olham um cabeludo e logo acham que é um maloqueiro”, reclama o cara que faz o tipo rock, anda de moto e ouve Metallica.

Rafael Lotti, de 32 anos, tem problemas mais práticos. Ciclista por hobby, o cabelo comprido não combina com o calor da corrida, mas ele preserva o visual por amor. “Minha esposa pediu, ela gosta”.

A culpa na verdade é dele. Quando Suzi o conheceu, Rafael era guitarrista e para encarnar melhor o típico roqueiro, passou a ser cabeludo. De lá para cá já teve filho, largou o rock, mas o rabo de cavalo continua firme e forte, “com cerca de 50 centímetros”, diz. É um “ciclo ativista”, o que combina bem com o estilo natural.

Mesmo assim, diz que cortaria caso um emprego tentador exigisse isso. “Uma vez, fui procurar emprego em uma lanchonete e mesmo dizendo que ia usar aqueles acessórios de mulher, como uma redinha, eles não me deram o emprego. Hoje eu cortaria, mas só se fosse algo bem promissor”.

Dario já tem cabelo comprido há 30 anos.
Dario já tem cabelo comprido há 30 anos.

A esposa de Dario nunca gostou do layout do marido, mas acabou desistindo e hoje nem os 3 filhos tecem comentários sobre o gosto do pai. “Uns deixam até o cabelo crescer, depois cortam. Cada um tem de decidir o que quer e o que acha melhor para si”.

Os três cultuam a cabeleira, mas não têm o que consideram “frescura” de mulher. Lavam o cabelo em média 2 vezes por semana e, de preferência, com xampu 2 em 1. “Não gosto de perder tempo. Tem horas que a minha mulher vem com aqueles creme, mas eu não ligo para essas coisas”, comenta Rafael.

Os meninos cabeludos também não gostam muito de tesoura. Mauro não vai ao cabeleireiro há mais de 6 anos. “Tenho o cabelo assim justamente para não dar trabalho. Faço minha trança e deixo”.

Ele é índio e por isso nem tem preocupação com um terror masculino, a calvície. O mesmo não se aplica a Rafael, que já vê entradas pela testa. “Por enquanto ainda resisto com o cabelo longo, mas se ficar careca vai ficar muito feio”.

O cabeleireiro Pedrinho, que tem salão na Afonso Pena, diz que o problema não é só a beleza. “Se alguém tem tendência à calvície, o fato de prender sempre o cabelo acaba contribuindo”, explica.

Como profissional, ele diz que cabelo longo já não esta na moda há muito tempo. “Ainda dá para aceitar algo mediano, com corte bem desconectado”. Mas é preciso cortar as pontas, no mínimo, duas vezes ao ano.

Os mullets, conhecidos nos anos 80 com a dulpa Chitãozinho e Xororó, muito menos. A recomendação do mais alongado vai para homens até 30 anos, com rosto de traços bem másculo, para dar uma suavizada à fisionomia.

Para o homem que não costuma usar química, como tintura de cabelo, os cuidados são menores, a alimentação é que dita a qualidade do fio.

Mas Robertinho Marques do Stúdio R, na rua Antônio Maria Coelho, recomenda até alisamento para um homem que tiver disposição de tratar o cabelo com frequência, com hidratações.

Na avaliação dele, o que merece destaque é a informação a ser passada. “Alguns se apegam ao cabelo como forma de se expressar, isso é muito legal. Cabe bem ao profissional de áreas que exigem criatividade. È um visual despojado, casual, criativo”.

No entanto, a apresentação, segundo Robertinho, é a alma do negócio. “Depende de como usa e se amarrar, de como amarra. O rabo de cavalo baixo, na nuca, vai passar linha sem criatividade. Já no meio da cabeça, como os samurais, mostra força.”

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