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Comportamento

Depois de morar em abrigo, menino ganha a felicidade na França

Ângela Kempfer e Paula Maciulevicius | 07/10/2011 14:43
Da esquerda para a direita, Estefânia, Maria Aparecida, Eduardo e Rosa, psicóloga do projeto Padrinho.
Da esquerda para a direita, Estefânia, Maria Aparecida, Eduardo e Rosa, psicóloga do projeto Padrinho.

Aos 8 anos, Eduardo foi retirado da família para viver em um abrigo da Capital. Filho de deficientes mentais, o menino passou necessidades nas ruas de Campo Grande. Sem estudar, em condições de risco permanente, os pais perderam a guarda da criança.

Passados 4 anos, Eduardo agora é Eduardô. O sotaque é francês, uma das transformações na história de um menino de sorte, que depois das tragédias pessoais encontrou pais adotivos vindos do outro continente.

Hoje, filho de uma enfermeira e de um músico da cidade de Mazet Saint Voy, Eduardo tem até uma irmã, também brasileira. Estefânia, de 14 anos, foi adotada pelo casal dois anos antes do irmão, em Pernambuco.

Os dois passaram o mês de setembro em Campo Grande, porque os pais adotivos fazem questão de fortalecer o vinculo entre os filhos e o Brasil.

O menino também veio matar as saudades da madrinha, a servidora pública Maria Aparecida Franco Papi, que apadrinhou Eduardo durante o tempo que passou no abrigo em Mato Grosso do Sul.

Entre o choro e o sorriso, ela parece realizada, ao ver o menino tão bem, alto, forte e carinhoso. “A gente teve de ensinar tudo para ele, até como lavar as mãos, comer”, lembra.

Eduardo já esqueceu o português, fala com dificuldade, assim como a irmã. “Aprendi o francês muito rápido”, comenta Estefânia.

Abraço de despedida entre Eduardo e Maria.
Abraço de despedida entre Eduardo e Maria.

Mas o sangue brasileiro corre forte e o menino é um dos destaques na cidade como jogador de futebol. Em abril de 2012, Eduardo passará por um teste em um time profissional. Mas o sonho de chegar a uma seleção não passa pelo Brasil. “Quero a seleção francesa”, diz.

A vida dos dois é propaganda para a adoção internacional. As vantagens são muitas, dizem integrantes do Projeto Padrinho, criado para ajudar meninos e meninas abandonados ou retirados das famílias.

A experiência mostra uma sensibilidade maior, sem preconceitos sobre idade, por exemplo. “Para as famílias do Brasil, os grandes já têm vício de personalidade, acham que não vão se adaptar. Tem meninos que aguardam adoção até completar 18 anos no abrigo”, detalha a psicóloga Renata Queiroz Giancursi.

No caso de Eduardo, os pais vieram da França e ficaram durante um mês em Campo Grande para conquistar o menino.

Durante a despedida, com o menino embarcando de volta para a França, a madrinha Maria Aparecida diz que é: “como colocar um filho no avião rumo ao outro lado do mundo”.

O sentimento poderia ser contestado, mas diante de tantos abraços e afagos na despedida, fica evidente o carinho entre os dois.

A família de Maria Aparecida conquistou até Estefânia, que ao dizer au revoir, sai esfregando os olhos, cheios de lágrimas.

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