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Comportamento

Igrejas têm fila para agendar casamento e há quem cobre multa se noiva atrasar cerimônia

Ângela Kempfer | 13/02/2012 10:00
André madrugou para agendar casamento. (Foto: Simão Nogueira)
André madrugou para agendar casamento. (Foto: Simão Nogueira)

Antes mesmo do sol nascer, o bombeiro André já aguardava em frente à secretaria da Paróquia Perpétuo Socorro para assegurar uma vaga em uma das igrejas mais concorridas de Campo Grande e casar em 5 de janeiro de 2013.

A namorada ainda nem sequer recebeu a aliança de noivado, mas o casal quer garantir o altar em um lugar tradicional. “Somos da paróquia e a igreja é linda. Como falaram que sempre tem muita gente para marcar, madruguei aqui”, explica André.

Ao lado dele, em segundo lugar na fila, dona Celina esperava os funcionários abrirem as portas para marcar o casamento da filha. “Estou aqui desde às 6h40”, diz a senhora lá pelas 7h30 da manhã.

A decepção veio na sequência. Ao começar o atendimento, a atendente explica que a Paróquia resolveu remarcar a abertura das inscrições para o dia 2 de maio. “Não dá para marcar com tanta antecedência, muita gente desiste e a data acaba perdida”, justifica o padre Dirson Ferreira.

André reclama: "Liguei várias vezes para confirmar que seria hoje e agora vem com essa. Em maio venho de novo e vou chegar bem cedo"

Cheque caução - Na Perpétuo Socorro há um ano, o sacerdote diz que a concorrência é grande pela tradição do lugar. A igreja tem a famosa novena das quartas-feiras, que reúne multidões todas as semanas. Também tem uma arquitetura diferente, além de conforto. Como tudo tem preço, a taxa para casamentos é de R$ 500,00.

Mas o custo pode ser bem maior, caso os noivos desrespeitem as regras. Como são 2 casamentos por dia, quem chega atrasado paga multa de R$ 700,00.

Dona Celina foi marcar o casamento da filha.
Dona Celina foi marcar o casamento da filha.

“Acontecia muito atraso. Então agora pedimos um cheque caução, porque é muito desrespeito chegar atrasado sabendo que outro casal vai ser prejudicado. Não é mais bonito a noiva chegar atrasada”, argumenta o padre.

O risco faz todo mundo chegar na hora e até hoje o padre diz nunca ter descontado qualquer cheque dos noivos. “Eles fazem tudo direitinho”, agradece.

Mas a maior concorrência é por um lugar no altar da Igreja São José, que concentra as famílias de maior poder aquisitivo em Campo Grande.

Casal que procurar a Paróquia hoje só vai conseguir data para 2013. Por ano, são 270 casamentos só aos finais de semana. As noivas são obrigadas a entrar em acordo sobre a decoração, já que não há tempo para trocar as flores entre as cerimônias realizadas de hora em hora.

A taxa para casar na São José é maior, são R$ 700 para despesas com documentação e limpeza do espaço. Além da igreja propriamente dita, também há a opção de usar a capela antiga, que fica ao lado, para cerimônias com menos convidados.

A igreja mais tradicional da cidade continua concorrida, mas outros costumes mudaram bastante. Maio, mês das noivas, não é mais o campeão em casamentos.

“Os meses de outubro, novembro e dezembro são os mais requisitados, porque tem muitos feriados e pagamento de décimo terceiro”, conta o secretário paroquial Márcio Garcia.

As sextas e sábados estão lotados o ano todo, com 2 cerimônias em dias de sexta e 3 aos sábados.

Os casais têm direito a cerca de 40 minutos e, em caso de atraso, a igreja jura que não cobra multa, mas os noivos têm cerimônia mais curta. “O padre avisa que vai ter a celebração será menor porque tem gente na fila”, detalha Márcio.

Já casal que casou em setembro do ano passado diz que teve de deixar cheque caução de R$ 1,2 mil, que quase foi depositado por conta do atraso de 3 minutos do pai da noiva. Um conversa resolveu o impasse e o valor não foi descontado.

No sábado chegou o dia que Viviane e Thiago esperavam desde junho de 2011. Completaram um ano de namoro em 11 de janeiro e já se casaram. Ele toca em dias de missa na São José, mas a noiva garante que nem isso foi relevante na hora de agendar uma data na igreja.

“Foi porque tinha de ser nossa essa data, nosso primeiro aniversário de namoro. Combinamos que se tivesse vaga, no primeiro horário, a gente ia se casar e tudo deu certo”, lembra a noiva que no sábado será uma das 3 a se casar na São José.

Dia de casamento na São José, mas na capela recém restaurada. São 5 por final de semana. (Foto: João Garrigó)
Dia de casamento na São José, mas na capela recém restaurada. São 5 por final de semana. (Foto: João Garrigó)
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