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Comportamento

Um ano depois de perder a perna em acidente, ele é exemplo

Adriany Vital | 07/09/2011 16:33
Menezes no local de trabalho, onde é chefe de produção. (Foto: João Garrigó)
Menezes no local de trabalho, onde é chefe de produção. (Foto: João Garrigó)

“Viver” é a palavra chave de Gilberto Menezes, de 29 anos. Em julho de 2010 ele teve a perna esquerda amputada em um grave acidente de moto, quando chegava ao trabalho. Um ano depois, ele é um daqueles exemplos que vale a pena ser contado.

Com rosto de garoto, a tragédia só é percebida pela presença das muletas que o acompanham durante o serviço de gerente de produção da Padaria Pão&Tal.

O acidente foi notícia veiculada pelo Campo Grande News em 2010. No dia, o que mais chamou a atenção foi a calma do motociclista ali, jogado no chão, já com a perna dilacerada.

“Até hoje eu olho para e dá vontade de chorar”, diz a caixa Juliana. Menezes não parece entender e tão pouco sentir a tristeza. Ativo, ele se movimenta entre os dois andares do prédio aparentemente sem dificuldades.

É um dos mais animados no trabalho. No dia do acidente, Menezes estava de folga e foi até o local onde trabalhava deixar uma máquina fotográfica, quando a moto bateu em um carro no cruzamento entre as rua Euclides da Cunha e Piratinga.

“Já tinha percebido que minha perna estava estraçalhada e só pensava na minha filha [Gabriele que na época tinha pouco mais de dois anos]”, conta.

Cinco meses depois do acidente ele retomou ao trabalho. Enquanto alguns pensavam que seria difícil o recomeço, ele tirou de letra a readaptação com uso de uma cadeira de rodas e muletas.

“Fiquei usando cadeira de rodas por um mês e meio. Foi a fase mais difícil para mim por conta da acessibilidade. Mas depois achei melhor usar muletas”.

Na padaria, as colegas de trabalho falam de Menezes com orgulho. “Ele é ótimo. Não há ninguém como ele. Não há nada aqui que ele não consiga fazer. As vezes algum cliente quer algo que outros dizem que não tem como fazer. Mas é só pedir pra ele que dá um jeito”, lembra a colega Fabiana.

“No hospital meus colegas de trabalho me mandavam mensagem positiva, mas tava todo mundo muito arrasado com o acidente. E eu sempre respondia dizendo que estava bem e que queria voltar logo”, conta orgulhoso.

É de impressionar a forma como o gerente de produção fala do acidente e como conseguiu superar tudo sem deixar a peteca cair. “A família é a base de tudo. E saber que tinha pessoas dependendo de mim me fez ter vontade de continuar”.

Um ano depois de perder a perna em acidente, ele é exemplo

Para chegar até o local onde fica a Produção, Menezes sobe mais de onze lances de escada com uma habilidade de espantar. Usando apenas a perna direita e o apoio da muleta ele chega até o segundo piso da empresa em instantes. “Já me acostumei”, justifica.

O desafio agora é se adaptar a prótese. “É todo um processo. Tem dias que uso e tiro em seguida até me adaptar por completo” explica, contando que a perna mecânica foi comprada por ele mesmo. “Custou R$ 15 mil. Usei parte do dinheiro da venda da moto e o demais paguei com o suor do meu trabalho”.

Ele também tenta tirar a Carteira de Habilitação. "Mas só tem um carro no Detran e ainda tem 600 pessoas na minha frente para fazer o teste".

Foi dele a iniciativa de procurar o melhor tratamento para se readaptar. “Busquei na internet todas as informações. Trato em Campinas (SP) onde há hospital de referência para mutilados. Meu médico é ótimo e colocou em mim a mesma placa que usa o cantor Roberto Carlos”, conta orgulhoso.

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