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Consumo

Com ar condicionado, banca é realização do carioca que sonhava em ter livraria

Há oito anos no mesmo ponto, lugar é onde Judá "se encontrou" como vendedor de livros

Paula Maciulevicius | 11/01/2017 06:20
Judá, carioca e leitor apaixonado, banca é reflexo de quem trabalha com o que gosta. (Foto: Alcides Neto)
Judá, carioca e leitor apaixonado, banca é reflexo de quem trabalha com o que gosta. (Foto: Alcides Neto)

Um cantinho refrigerado em meio ao calor do Centro de Campo Grande. A banca Vinícius fica bem na Cândido Mariano, em frente a um dos bancos da região. Passaria despercebida, como tantas outras daquele miolinho, se não houvesse vitrine e prateleiras tomadas por livros. Há oito anos no mesmo ponto, o lugar é a realização de Judá, carioca que sonhava em ter uma livraria.

Foi o que o dinheiro deu, explica. Ele deixou o Rio de Janeiro, de vez, quando veio a passeio e por aqui se apaixonou. Desde então já se passaram 18 anos. Casado, ele tem o filho Vinícius, daí o nome da banca, hoje com 11 anos. 

"Comecei com uma banca, a grana não deu livraria", ri Judá Reis, de 46 anos. Depois de criar uma afinidade com livros, de leitor ele passou a ser vendedor de títulos. "Sempre trabalhei com vendas, mas livro? Foi assim que me encontrei", diz.

O dinheiro não deu para abrir uma livraria, mas ele se contenta em vender livros em banca. (Foto: Alcides Neto)
O dinheiro não deu para abrir uma livraria, mas ele se contenta em vender livros em banca. (Foto: Alcides Neto)

Ele se encontrou e as páginas, capítulos e autores encontraram nele um refúgio, bem mais acessível. Dos 2 mil exemplares do início de banca, hoje Judá tem mais de 5 mil, além de trabalhar com compra, venda e troca de usados.

"Tem alguns livros que não tem muita saída, então fazemos bastante promoções. Geralmente são dos autores clássicos europeus, que não tem nome internacional, mas nem por isso deixam de ser bons", explica.

Um exemplo? Kate Mosse, autora de Sepulcro. "Eu acho ela muito melhor que Dan Brown. E o livro custa R$ 72, mas eu vendo ele por R$ 15", anuncia.

A gente não detalhou muito a história, ainda bem. Porque de "vendedor", Judá diz que não tem nada e acaba com o mistério. Se o cliente permitir, ele solta spoiler e às vezes aquele livro fica na prateleira.

"É que eu leio e o que me interessa aqui: se você entrar uma vez na banca e vier novamente, a gente vai virar amigo e isso é legal para mim, que você goste e venha mais vezes. Então sobressai da venda e todo mundo vira. A gente conversa sobre livros e eu começo a contar", narra.

O público é de tudo um pouco. Tem quem esteja passando e seja atraído por um título da vitrine ou quem venha já buscando 'raridades' e os que estão com ele desde a abertura.

Um dos títulos que pouco saem, mas que na opinião dele, valem muito. (Foto: Alcides Neto)
Um dos títulos que pouco saem, mas que na opinião dele, valem muito. (Foto: Alcides Neto)
Livro que poucos procuram, mas quem pede dicas, Judá recomenda. (Foto: Alcides Neto)
Livro que poucos procuram, mas quem pede dicas, Judá recomenda. (Foto: Alcides Neto)
Banca também expõe livros de escritores locais. (Foto: Alcides Neto)
Banca também expõe livros de escritores locais. (Foto: Alcides Neto)

"Trabalhamos muito com colecionadores, que gostam de livros mais raros, principalmente da história regional, o álbum fotográfico de MS, A vida de Silvino Jacques. Vou buscar com colecionadores de São Paulo e do Rio e trago. Já teve livro que levei quase dois anos para conseguir", conta.

Judá também faz sua parte, como pode, para ajudar os amigos escritores. Como muita gente paga do próprio bolso a edição, ele compra e expõe livros de sul-mato-grossenses. "Escrever é uma dádiva, então faço questão de expor", justifica.  

O papo corre solto e a troca de livros também. Judá tira do cliente e até da equipe o livro que nos marcou, o último capítulo lido. Jeito que revela um leitor nato. "A leitura nos melhora em todos os aspectos: culturalmente, intelectualmente e emocionalmente nos torna assim, mais sábios e mais tolerantes", acredita.

A banca abre de segunda a sexta, das 8h30 às 18h30 e aos sábados até 14h e fica na Cândido Mariano, do lado direito, antes de chegar na Rui Barbosa, em frente ao banco Safra.

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Ponto é refrigerado e abre de segunda a sábado. (Foto: Alcides Neto)
Ponto é refrigerado e abre de segunda a sábado. (Foto: Alcides Neto)
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