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Consumo

Na Coophavilla II, feira vende de música no pen drive ao café moído na hora

Aline Araújo | 09/09/2014 06:19
Longa e movimentada a feira atrai moradores de toda a região. (Foto: Marcelo Victor)
Longa e movimentada a feira atrai moradores de toda a região. (Foto: Marcelo Victor)

Óculos de grau, boné, alface, espetinho, pastel, brinquedo da Peppa, peixe, meia, brinco, sandália, abacaxi, pano de prato, queijo... Na feira a gente encontra de tudo. Na longa e movimentada que fica na avenida Marinha, do Coophavilla 2, o que não faltam são produtos diferentes e histórias para contar. Foi em uma das maiores da cidade, que o Lado B decidiu iniciar um roteiro por feiras livres de Campo Grande.

E a estreia não poderia ser em lugar melhor. Toda terça e quinta-feira, na avenida Marinha, o colorido das frutas se mistura com a diversidade de coisas em oferta. A impressão é de que cada um ali se vira como pode para ganhar a vida.

Em uma moto modelo Bis, com um compacto som automotivo instalado, um casal grava músicas em pen drives para vender. Para fazer propaganda do serviço, os dois colocam para tocar uma seleção das antigas, com clássicos do brega.

Gleicimar Pinto, 32 anos, e Iranir Soares, 38 anos, trabalham com o que gostam. Cada dois gigas de canções gravadas custam R$ 15,00 e garantem cerca de 400 músicas. “Os clientes escolhem, fazem uma lista com os cantores ou o ritmo que querem e a gente grava na hora. Dez minutos e tá pronto”, explica Gleicimar.

Casal é apaixonado por som resolveu ganhar dinheiro gravando arquivos de música. (Foto: Marcelo Victor)
Casal é apaixonado por som resolveu ganhar dinheiro gravando arquivos de música. (Foto: Marcelo Victor)
Rose vende bolos em potes (Foto: Marcelo Victor)
Rose vende bolos em potes (Foto: Marcelo Victor)

“Se a gente não tiver a música, é só baixar pelo smartphone mesmo. Os clientes sempre voltam e variam de idade. Quem não tem o pen drive, a gente também vende por R$ 35,00 já com música”, completa Iranir.

Os dois garantem que foram os primeiros na feira a oferecer esse serviço que começou há uns seis meses e que mesmo com o fácil acesso à internet, as vendas são boas pela comodidade do freguês.

E em meio a alguns gritos de “O vizinha, vamos levar um alface fresquinha” e “Olha o pastel” é fácil ver que a feira continua um lugar de alegria, tanto de quem vai passear com família, como quem escolheu construir a vida em meio as barracas.

Zezito França de Lima, de 65 anos, resolveu que só ia trabalhar com artesanato e montou uma barraca bem no inicio da avenida. Por ali, ele vende de pano de prato, a travesseiro. De tapete, a enfeite de cozinha. E os produtos são trazidos de longe, a cidade de Ibitinga, interior de São Paulo, localizada a 386 km de Campo Grande, lugar com fama na venda de bordados.

Mas o que chamou a atenção mesmo foi a tranquilidade de Zezito, que brinca com o próprio nome. “Naquele tempo os pais colocavam o nome que queriam e ninguém falava nada” comenta e sorri. O pernambucano nem lembra mais de quando veio para Campo Grande. “Era moço ainda”, mas na feira do bairro já faz presença há 23 anos, desde que se aposentou.

Zezito vende peças bordadas trazidas de Ibitinga. (Foto: Marcelo Victor)
Zezito vende peças bordadas trazidas de Ibitinga. (Foto: Marcelo Victor)

“Eu sai do emprego, trabalhava de porteiro em um condomínio, com 55 anos ficou difícil arrumar outro trabalho. Eu já vendia para aumentar a renda, consegui aposentar por tempo de serviço, e continuei trabalhando, porque só com salário mínimo não dá. De dia, eu vendo em um carrinho passando nas casas. Nas terças, eu venho aqui e nas sextas-feiras, na feira do Guanandi”, relata.

Quem já faz clientes há 10 anos é o feirante Ricardo Oliveira, de 30 anos. Ele vende café caseiro moído na hora trazido da produção do pai em Rochedo. “As vezes a nossa produção não dá e a gente tem que trazer de Minas Gerais, mas na maior parte do ano vendemos o que produzimos”, diz. Ele garante a qualidade do café, mais natural e puro. O saco de 500 gramas sae por R$7,00.

“Tem gente que compra de mim já faz 10 anos, e volta todo mês porque não consegue mais tomar o café do mercado”, comenta orgulhoso. O cheiro do produto chama atenção de quem passa por ali, e não dá para negar que é bonito observar os grãos se transformarem em pó momentos antes de levar o produto para casa.

Quem gosta de saborear um bom quitute de feira tem a oportunidade de conhecer o bolo de pote da boleira Rose Rúbio, de 46 anos. O sabor é divino, a combinação é de pão de ló, creme quatro leites e outro recheio de acordo com o sabor deu certo. Morango, maracujá, abacaxi, beijinho, chocolate e doce de leite com castanha são as opções que fazem sucesso com a clientela. Cada pote custa R$5,00.

Rose veio de Corumbá e a seis meses vende os bolos na feira, para  alegria de quem gosta de um bom doce como sobremesa. Ela vende com a ajuda do filho e deixa um pode pronto para a degustação. Quem prova não pensa duas vezes em levar para a casa. "O pote foi a maneira que encontrei de fazer sem precisar usar gelatina no creme e deu certo", comemora

Já a moçada faz alvoroço na barraca de bonés do Wesley Fernandes, de 26 anos. São muitos modelos e para agradar vários estilos, todos custam apenas R$ 15,00 e opções não faltam para fazer sucesso com a gurizada. Ele trabalha desde os 10 anos na feira, começou ajudando outros feirantes.

Prestou o serviço militar obrigatório e assim que foi dispensado resolveu investir na sua carreira de feirante. Vendeu lingerie, roupas, até optar por vender apenas bonés. “Conheci um atacadista de bonés e montei a minha barraca. E dá para viver tranquilo com o que ganho. Como autônomo eu faço meu horário e é bem melhor que ser assalariado” pontua.

Wesley trabalha desde os 10 anos na feira. (Foto: Marcelo Victor)
Wesley trabalha desde os 10 anos na feira. (Foto: Marcelo Victor)
Café caseiro moído na hora é o produto de ricardo. (Foto: Marcelo Victor)
Café caseiro moído na hora é o produto de ricardo. (Foto: Marcelo Victor)

Como o bairro fica na saída para Sidrolândia, quem volta para casa sem muita pressa resolve parar para conhecer a feira. Foi assim com a empresária Iris Thellen, 50 anos. Ela estava voltando para casa com o marido, quando resolveu parar para conhecer a feira. “É bem grande, chamou nossa atenção e a gente resolveu conhecer” conta.

Muitas outras histórias ainda ficaram ocultas por ali para uma próxima reportagem. Quanta coisa o rapaz que arrumava as frutas já deve ter visto nos anos que trabalha ou que segredo o moço que oferecia peixe para o freguês poderia ter contado. Na imensidão de vidas compiladas naquele espaço, muitas histórias ainda podem ser descobertas e ficaram para uma próxima visita.

A gigantesca feira do Coopavilla II é feita na avenida Marinha. (Foto: Marcelo  Victor)
A gigantesca feira do Coopavilla II é feita na avenida Marinha. (Foto: Marcelo Victor)
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