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Consumo

Tudo vira espaço para publicidade, de mesa de padaria a porta de banheiro

Ângela Kempfer e Paula Vitorino | 01/02/2012 15:36
Na mesa da padaria, publicidade estampada.
Na mesa da padaria, publicidade estampada.
Atendente vende pão com camiseta que divulga evento.
Atendente vende pão com camiseta que divulga evento.

Qualquer ponto de visibilidade hoje vira espaço para propaganda. A publicidade está na mesa da padaria, no banco do motorista de táxi e até ao fechar a porta do banheiro público o cartaz aparece com algum tipo de anúncio.

A publicidade indoor, feita em espaços fechados, é a bola da vez e tomou conta de Campo Grande, mas exige criatividade dobrada, desde a criação de da frase certa até a descoberta de locais inexplorados.

"Talvez um dos espaços menores que eu conheço é aqui", diz o taxista Cléber Pereira, sobre a propaganda de um bar fixada na parte de trás do banco do motorista.

Nos shoppings, por exemplo, a propaganda já começa na cancela do estacionamento e segue pelas mesas da Praça da Alimentação, onde também há equipamentos de TV com anúncios.

“As mídias menores, em pequenos locais, são alternativas também para quem não tem uma verba muito grande. Até por isso elas existem”, explica o publicitário Henrique Medeiros, da agência Slogan, que acredita na seleção natural feita por quem consome. “Naturalmente as coisas ficam ou não pela receptividade do público”.

É uma vertente tão boa que alguns comerciantes lucram dobrado com a publicidade. Consomem a propaganda e também usam espaços próprios, de grande fluxo de pessoas, para divulgar outras empresas.

Na Padaria Pão e Tal, na rua Euclides da Cunha, a proprietária percebeu que até os funcionários poderiam ser um veículo de divulgação. No vai e vem de atender as mesas, eles fazem a propaganda de agências de viagem, escolas, lojas, eventos e muitos outros produtos com a propaganda estampada na camiseta usada como uniforme. Há, inclusive, fila de espera para aparecer.

Na porta do banheiro do Shopping Campo Grande, propaganda ainda é de show de Fatboy Slim.
Na porta do banheiro do Shopping Campo Grande, propaganda ainda é de show de Fatboy Slim.

Direto - Para Vítor Peluchno, da Agência Qualitas, a grande vantagem é a segmentação. “Se a campanha é para engenheiros, por exemplo, não preciso gastar com propaganda na TV, que é bem mais cara. Vou procurar um bar frequentado por engenheiros ou uma revista que é mais lida por esse público e que vai atingir o alvo sem necessidade de gastar tanto com uma mídia de massa”.

Para ilustrar os impactos das estratégias diferentes, Vitor lembra de um caso, quando trabalhava em Curitiba. “O sonho do dono de um hotelzinho pequeno era colocar um comercial na Globo, mas foi aconselhado que não era o melhor a fazer, porque precisava do hotel sempre cheio e não por um curto espaço de tempo. Procurou outra agência e gastou todo o dinheiro com uma propaganda. Depois disso tinha fila de carro pra entrar no hotel, mas dois dias depois não tinha mais ninguém”.

Mas uma coisa não substitui a outra. Alguns produtos precisam da publicidade de massa, lembra Vitor. “Um feirão de carros precisa de uma propaganda na TV porque só dura 3 dias, então tem que fazer a publicidade na mídia de massa”.

As maiores agências de Publicidade têm profissional especializado em planejamento, pessoa que avalia onde a propaganda deve ser aplicada.

Wanderley Bernardo, da Art e Traço, reforça que o cuidado deve ser grande ao escolher o ponto de divulgação de um produto ou marca na mídia indoor. “Pode acabar sendo uma mídia negativa. Você vai ao banheiro e vê a propaganda oferecendo uma coisa que não tem a ver com o local. Se isso vai vender é uma incerteza. Cabe ao anunciante e ao publicitário avaliarem isso”.

Ele acredita que a tendência é a normatização também das mídias alternativas, o que hoje não existe. “Se ficar demais, também virão regras para impedir o uso dela em alguns espaços. Mas o publicitário também tem suas próprias regras de conduta, de ética. O que deve ser levado em conta sempre.”

Como melhor remédio, o publicitário recorre ao bom senso, independente do veículo a ser utilizado. “Mesmo em um site, se encher de publicidade não vai ficar legal, vai encher o leitor e não atingir o objetivo da propaganda”.

Novas estratégias aparecem cada vez mais na internet. Um conceito moderno é o Marketing Viral. As empresas colocam um vídeo no Youtube e as pessoas se encarregam de espalhar a mensagem para os amigos.

A agência planeja um comercial diferente, joga na net e depois os usuários descobrem que aquilo na verdade é uma campanha publicitária. O cliente vende a mensagem, sem precisar fazer esforço.

É mais um caminho que começa a ser explorado com força, como as mídias sociais. Há campanhas específicas para Facebook e Twitter, puxadas por promoções.

Luis Augusto Paraná, da Remat, lembra do que já foi alternativo e hoje é obrigatório. “Os portais, sites, a internet, eram mídias alternativas e hoje são obrigatórias, porque todo mundo vê. O volume de pessoas conectadas era muito pequeno e hoje é muito grande, nas escolas, trabalhos, todo mundo utiliza. A capacidade de avaliar o resultado é maior, pelo site você sabe exatamente quantas pessoas acessaram e de onde”.

Estratégia de agência no Dia do Publicitário foi caminhada no Parque das Nações.
Estratégia de agência no Dia do Publicitário foi caminhada no Parque das Nações.

Flashmob - A agência Mídianova sempre tenta uma aproximação ainda maior com o público. Hoje, para comemorar o Dia do Publicitário, em benefício do setor a agência resolveu convidar colegas para uma caminhada, todos com a camiseta "Eu curto propaganda".

Na semana passada, levou ao Shopping Campo Grande bateria de escola de samba e passistas para divulgar o Carnaval de Corumbá, com um flashmob. O resultado veio imediatamente, diz a proprietária Gilmara Leite. “Nesses dias houve bastante procura por camarotes e mesas. É bom para perceber a reação das pessoas diante do que se divulga.”

Outra novidade no mercado é a propaganda que nasce do que já deu certo na internet. “Um exemplo é a campanha recente do Itaú sobre não desperdício de papel. A criancinha que está lá já havia sido vista por 34 milhões de pessoas pelo Youtube”, comenta Gilmara sobre o que remete ao maior desafio hoje de quem faz publicidade, diante da quantidade de informações produzidas. “Temos de estar cada vez mais antenados, em tudo”.

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