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Diversão

Adeptos do sossego e raves dividem espaço e altos preços em Bonito

Wendell Reis | 19/02/2012 13:37

Turistas se dividem entre os que preferem bagunça e os que querem tranquilidade

Bonito Ecko Festival traz agito a paz buscada pelos turistas na cidade do ecoturismo (Foto: Wendell Reis)
Bonito Ecko Festival traz agito a paz buscada pelos turistas na cidade do ecoturismo (Foto: Wendell Reis)

O Carnaval de Bonito divide a preferência entre os que gostam de muito agito e aqueles que fogem das brincadeiras e bagunças costumeiras desta época do ano. De um lado, os que preferem a calmaria, com um jantar na avenida principal, e de outro, os apaixonados pelas agitações das festas eletrônicas.

Em comum, a busca pelos balneários e passeios. O calor é extremamente convidativo e as belezas da cidade casam perfeitamente com um dia de lazer. Entre os peixes -que se acostumaram a dividir espaço e ser admirados pelos visitantes - é possível recarregar as baterias nas águas transparentes e geladas, que curam qualquer noitada.

Em Bonito, há opções para todos os gostos. Desde a culinária, que oferece dos variados peixes de águas pantaneiras, até o tradicional churrasco. Mas, também há espaço para os que preferem lanche, pizza ou mesmo uma bebida com os amigos, regado a boa música, com repertório bem variado.

Tranquilidade A decisão do prefeito de proíbir o som automotivo agrada quem busca o município para descansar. "Quanto a não deixar acontecer a bagunça o prefeito está certo. Isso que traz a gente aqui", analisa o morador de Florianópolis, Otávio Bondim.

Acompanhado da sogra, Raquel Regina Roque da Silva, do sogro, Celson Aragão Zelson e da esposa, Tabata Bondin, o jovem veio ao Estado após ouvir elogios de amigos que visitaram Bonito. No roteiro, visita a pontos turísticos do Município, como o Rio da Prata e Boca da Onça.

"Estou achando bem legal. Um povo bem hospitaleiro, educado, simpático", avalia a enfermeira aposentada, Raquel. "Também tem muita segurança. Encontramos bastante policiais pela cidade. É pequena, mas tranquila. Encontramos o que procuramos: bicho, verde, parque...", resume a propagandista Tabata.

Raquel compara Bonito com a Florianópolis da década de oitenta, onde as 42 praias ainda preservavam características primárias: "Jurerê Internacional era uma mata virgem. Fizeram uma praia. Tirou muito da natureza. Agora, até o Ronaldinho Gaúcho tem casa lá. O Neymar esteve por lá. Chegou de helicóptero. Viemos para cá para fugir. Está tudo congestionado".

A família avalia que na comparação entre valores, Bonito tem um custo de vida menor do que Florianópolis, o que permite bons passeios. O grupo agendou as visitas com uma agência de turismo, mas veio de carro para o Estado, sentindo a diferença gritante no valor do combustível. Enquanto em Florianópolis o litro da gasolina é encontrado por R$ 2,51, em Bonito o combustível chega a R$ 3,00.

Raquel e Celson comparam Bonito com a Florianópolis que conheceram na década de 1980.(Foto:Wendell Reis)
Raquel e Celson comparam Bonito com a Florianópolis que conheceram na década de 1980.(Foto:Wendell Reis)

O paraguaio Edgar Santiago está em Bonito pela quinta vez. Acompanhado de quatro conterrâneos, ele conta que faz questão de vir para Bonito pelas belezas naturais. Porém, reclama do preço. O empresário explica que faz no máximo dois passeios quando vem ao Município e vai conhecendo aos poucos. Questionado sobre o porquê de conhecer por etapas, o empresário diz que o custo é muito alto, avaliando que a diferença comercial entre o Município e seu País pode chegar até a 40%.

O empresário Elson Araújo, 57 anos, conta que costuma vir a Bonito nos festivais de inverno e no Carnaval. Neste período, abandona os filhos na Capital e vem a Bonito a procura de descanso. Para o casal, o Estado não tem roteiro melhor que Bonito. Entretanto, o valor, principalmente do hotel, encarece bastante a diversão.

O casal revela que ligou há uma semana para reservar hospedagem, mas não conseguiu lugar para três dias. As reservas eram feitas apenas em pacotes fechados para os cinco dias. Por sorte, encontraram um hotel avaliado como mediano. Para os três dias, o casal desembolsou R$ 900 só com hotel, sem café da manhã.

Música Eletrônica - Se de um lado há os que preferem a calmaria, na outra ponta está os que não perdem uma balada e reclamam da atitude do prefeito José Athur. O mecânico industrial Ronaldo Vicente, 27 anos, o promotor de vendas Fabrício dos Santos, 26 anos, e a estudante Taynara Barbosa, 18 anos, rodaram 300 quilômetos para chegar de Campo Grande a Bonito. Na bagagem, a vontade de fugir do tradicional Carnaval do pagode, funk e axé.

"Um lugar totalmente difente. Não desclassificando as outras pessoas, mas pagamos o preço para estar mais tranquilos", conta Fabrício. Os amigos pretendem aproveitar os balneários pela manhã e retornar a Campo Grande nesta tarde. Segundo o grupo, bebida e direção não serão problema, já que Fabrício foi eleito o motorista da rodada.

Diferente do que pensa os turistas que procuram Bonito para o ecoturismo, os baladeiros não gostaram nenhum pouco das restrições para carros e sons. "Em todos os sentidos. Acho que o Carnaval de rua está uma droga", revela a assistente administrativo, Aline Santana, 26 anos.

A opinião dela é compartilhada pelo técnico de segurança no trabalho, Elton Perlin. Ele avalia que "o prefeito atrapalhou muito o Carnaval que era considerado o melhor do Estado. Ontem à noite não tinha ninguém lá. Viemos para balada e não teve nada. Bataguassu está mil vezes melhor. O Tchakabum está tocando lá". Elton acredita que todas as restrições acabam afastando a população dos turistas em geral. Ele observou que a festa na rua, avaliada como modesta, separa todo mundo.

Se na noite de sexta-feira, era possível percorrer tranquilamente as ruas de Bonito. Ontem, as interdições eram no mínimo irritantes, impedindo o tráfego nas poucas ruas disponíveis. Porém, em meio a elogios e críticas, muito mais para os administradores do que pela cidade, de beleza incontestável, Bonito corresponde as expectativas, com um carnaval de muito sol e calor.

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