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Diversão

Depois de 17 anos, assinaturas nas paredes revelam que bar é de todo mundo

Paula Maciulevicius | 05/08/2013 07:34
A ideia de assinaturas não era para tomar a proporção de hoje. Dona até pensou em apagar, mas foi impedida sob o argumento de que ali estava a história do bar. (Fotos: Marcos Ermínio)
A ideia de assinaturas não era para tomar a proporção de hoje. Dona até pensou em apagar, mas foi impedida sob o argumento de que ali estava a história do bar. (Fotos: Marcos Ermínio)

De 1996 para cá, quem já passou por Bonito com certeza já deixou a marca no bar amarelo na rua Pilad Rebuá. De anônimo a celebridade, brasileiro a estrangeiro, quem não teve o nome assinado no Taboa é só porque a Bonito ainda não chegou.

“Vixe, aí pegou pesado... O que teve de gente, não dá pra explicar, tem muita gente que escreveu nessas paredes, de Zélia Duncan a João Bosco, todo mundo das antigas até hoje”, conta a dona do bar e da cachaça Taboa, Andréa Fontoura, de 47 anos.

Nas contas dela e os nomes estão para reforçar, 80% das pessoas que já foram a Bonito estiveram ali. O primeiro barzinho do município começou sendo quase que uma barraca, com tamanho de 3m por 2m e servia o drinque baiano ‘capeta’ com batata de Ponta Porã.

Quem hoje vê os sete garçons da casa com canetões pra cima e pra baixo nem imagina como a ideia começou. O espaço reservado para assinaturas não era o bar todo, se limitava a uma parede de 1,5m por 1,20m. “Era para os amigos assinarem, gente que estudava fora e se reunia aqui, aí começou e nunca mais parou”, conta.

Um tempo depois a dona quis passar uma mão de tinta e tirar. Foi impedida sabe por quem? Por um jornalista da revista Quatro Rodas. “Tentei pintar, aí chegou um cara e disse não faz isso, tem que deixar, é a história do bar”, relembra.

Quem nunca assinou nas paredes do Taboa é porque por Bonito ainda não passou.
Quem nunca assinou nas paredes do Taboa é porque por Bonito ainda não passou.

Ela foi deixando, deixando e hoje o azul das canetas tomou conta do amarelo da pintura original. Mas volta e meia, a cada dois anos Andrea não resiste e passa uma nata de tinta. No entanto tem cliente que não aguenta esperar. “Essa parede, por exemplo, não tem nem um mês que pintei e não deixaram eu terminar”, diz.

Entre nomes, frases, países, tem até desenho e sacanagem pelas paredes do Taboa. O problema, segundo Andrea, é quando o relógio marca mais de 2h da manhã os clientes chegam a fazer pirâmide pra assinar nos locais mais improváveis.

“Fica perigoso e eu sou bem brava com isso, mas é impressionante, passou das 2h o cara já sobe na mesa ou faz escadinha de três e a gente mesmo se pergunta, como é que conseguiu escrever ali?”

Pelas paredes também está o nome de Andrea Fontoura. A cada vez que uma nova mão de tinta surge, ela vai lá e escreve. Mas sabe, pelo tempo que ensinou e a proporção que assinaturas tomaram, que o bar não é mais dela.

“O Taboa não é mais meu, agora não dá pra tirar, a história não é mais minha, são eles os donos. Tem gente que chega dizendo meu filho mandou eu vir aqui porque ele escreveu na parede. É uma maneira de se expressar e é bacana essa comunicação que o próprio turista faz com ele mesmo”, avalia.

A gente perguntou se ela pensa em sair de Bonito, e quem sabe, abrir sei lá, um bar pelas bandas de Campo Grande. O público seria muito diferente do que hoje frequenta o Taboa de Bonito e a resposta foi negativa.

“Eu quero é bar pequeno, prefiro a cultura, meu público é do mundo. Quando me perguntam de levar o bar para o mundo, falo que eu trouxe o mundo para cá. Recebo gente de tudo quanto é lugar”, explica.

Segundo a dona são em média 150 mi turistas que visitam Bonito por ano. “Eu não tenho essa pretensão, amo minha fábrica, amo o Taboa. Não quero ser milionária, eu quero é encher a minha boca pra contar essas histórias e cada pouquinho de vocês é que faz a história”.

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