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Diversão

Distribuindo até dólar na porta, bar fez história com "índios" seminus e avião

Naiane Mesquita | 03/11/2015 06:12
Luis Pedro Scalise na fachada onde antes funcionava o Pele Vermelha e hoje é Loft Garden (Foto: Marcos Ermínio)
Luis Pedro Scalise na fachada onde antes funcionava o Pele Vermelha e hoje é Loft Garden (Foto: Marcos Ermínio)

No aniversário de 1 ano do Pele Vermelha, o proprietário e arquiteto Luis Pedro Scalise decidiu que iria responder todas as críticas que havia recebido desde que a boate temática abriu as portas.

Distribuiu dólar como resposta a quem falava do preço dos produtos no estabelecimento, contratou garotos e garotas de programa para shows e uma travesti, para quem jurava que a boate era gay. O episódio resume um pouco da atmosfera que cerca o lugar de decoração inusitada, que incluía até um avião dentro. A verdade é que o bar quebrou tabus e mexeu com a estrutura da noite campo-grandense.

Dentro do espaço nada mais lembra o Pele Vermelha
Dentro do espaço nada mais lembra o Pele Vermelha
A fachada inteira do Loft, que ainda é propriedade de Scalise (Foto: Marcos Ermínio)
A fachada inteira do Loft, que ainda é propriedade de Scalise (Foto: Marcos Ermínio)

“A inauguração foi muito complicada porque as pessoas não imaginavam que podia existir uma boate temática. Se falou muita coisa na cidade, tudo que você pode imaginar em um ano”, afirma Scalise. O Pele Vermelha abriu em 2002, no dia 19 de abril, Dia do Índio.

“Havia os índios e todos eles eram vestidos com aquela indumentária, pouca roupa, dançavam em cima do balcão, com isso falaram que a casa era gay. Depois inventaram que era muito caro, então no dia do aniversário distribui dólar na frente para gastarem dentro da festa. Depois coloquei as índias pare responder a reclamação dos índios, aí falaram que eram prostíbulo. Houve todo tipo de fofoca”, explica o arquiteto.

Cansado das insinuações sobre o público que frequentava a boate, Scalise decidiu criar uma camiseta com uma maça inteira, símbolo do pecado, para a festa de 1 ano. No final, quem quisesse sair precisava trocar por outra, também com uma maçã, mas mordida.

O índio que fazia sucesso no Pele Vermelha (Foto: Vitor Ortiz/Pele Vermelha)
O índio que fazia sucesso no Pele Vermelha (Foto: Vitor Ortiz/Pele Vermelha)
Uma pontinha da carcaça do avião utilizada na decoração   (Foto: Vitor Ortiz/Pele Vermelha)
Uma pontinha da carcaça do avião utilizada na decoração (Foto: Vitor Ortiz/Pele Vermelha)

“Fiz várias ações. Quando coloquei as índias para responder a reclamação dos índios, de ser uma boate gay, falaram que eram prostíbulo, no aniversário eu trouxe garotos de programa e garotas de programa para fazer show, enchi a casa. Houve todo tipo de fofoca. Tudo que não fomos em um ano, eu trouxe naquela noite”, explica o arquiteto.

Scalise decidiu abrir o Pele Vermelha após um período nos Estados Unidos. Na época, ele ajudava a decorar outras casas noturnas pelo país. “Quando decidi voltar para o Brasil, a empresa que eu trabalhava me ofereceu uma consultoria para abrir o Pele Vermelha. Para decorar, o empresário Luis Pedro contratou o arquiteto Luis Pedro. Não foi difícil criar tudo, acho que mais difícil manter a decoração”, ressalta.

A casa funcionou até 2008 nas mãos de Scalise, depois permaneceu arrendada para outros empresários. Em 2011 aconteceu a última festa. “Nessa época, realizavam mais formaturas, permaneceu o nome de Pele Vermelha, mas não era mais a mesma proposta”, ressalta.

Quando Scalise decidiu criar o Pele Vermelha, a empresa ofereceu cinco temas para a casa, sendo que todos tinham uma história. Na lenda que foi escolhida, uma historiador norte-americano estava em busca de uma cidade perdida onde teria começado a humanidade.

“Geologicamente, o Pantanal é a terra mais antiga do mundo, então, na história aqui existia uma civilização perdida, mas sempre acontecia um temporal que evitava o pouso de aeronaves, elas sempre desviavam da tempestade que ocorria por causa da dança da chuva feita pelos índios. O historiador resolveu enfrentar o tempo e caiu com o avião na terra antiga”, ri Scalise.

Uma das bailarinas que animavam a noite  (Foto: Vitor Ortiz/Pele Vermelha)
Uma das bailarinas que animavam a noite (Foto: Vitor Ortiz/Pele Vermelha)

Para compor o cenário foi preciso pesquisar a carcaça de um avião. “Consegui pedindo para amigos. Tinha uma pessoa vendendo um avião, eu disse que queria só a carcaça e consegui”, frisa.

Anos depois, Scalise assina a produção de vários bares temáticos em Campo Grande, como Valley, Valley Pub e Valley Tai. Para ele, o Pele Vermelha fechou como uma consequência do tempo. “A vida de uma casa noturna é curta em Campo Grande, de uma casa noturna temática é mais ainda, porque você tem poucas opções. Depois de sair muito você acaba cansando. Em São Paulo é diferente, porque são muitos habitantes”, frisa.

Na época, o arquiteto ainda cita outros locais que fizeram sucesso aqui, como Jango, Europa, Tango, Noturna, Café Mostarda e Madalena. “Eram muitos lugares, hoje você não tem mais, acho que o público mudou, o que sobrevive é o sertanejo”, diz.

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Como era o espaço por dentro, com muito cipós e plantas  (Foto: Vitor Ortiz/Pele Vermelha)
Como era o espaço por dentro, com muito cipós e plantas (Foto: Vitor Ortiz/Pele Vermelha)
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