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Lado B

Gays, travestis e transformistas vivem reinado no Carnaval de Corumbá

Paula Vitorino | 21/02/2012 23:20

Carnaval teve Musa Gay e todas escolas desfilaram com travestis. Bateria da Caprichosos tem travesti à frente, única do Brasil

Travestis e transformistas desfilaram em todas as escolas.
Travestis e transformistas desfilaram em todas as escolas.

Na passarela do Carnaval de Corumbá, com vocês, a exuberância, o brilho e o samba das travestis e transformistas. Os foliões gays reinaram nos desfiles deste ano, com direito até a eleição da Musa Gay oficial do Carnaval 2012 e representantes das candidatas a musa para cada uma das escolas.

Nenhuma das nove escolas de samba entrou na avenida sem o salto alto de pelo menos uma travesti, seja como musa ou não.

“Aqui a gente reina mesmo, temos nosso espaço no Carnaval, o carinho e o respeito das escolas e do público”, diz a Musa Gay, Thaila Andreaza, de 22 anos.

O espaço dos travestis e transformistas na avenida é mais do que merecido, segundo eles próprios e a comunidade, já os gays estão entre os grandes responsáveis pelo brilho do Carnaval.

“Nós somos o brilho das escolas. Não tem Carnaval sem um gay na avenida”, diz a transformista Larissa Snaghrs, de 22 anos.

A travesti Verônica Peres, de 21 anos, lembra que o espaço nas escolas acontece desde a diretoria, já que a maioria dos carnavalescos são gays. Mas ela afirma que em Corumbá o reconhecimento é maior.

“Morava no interior paulista e a escola que desfilava tinha um pouco de preconceito, a preferência no desfile era sempre para os heteros, os gays vinham só depois. Mas aqui em Corumbá a gente domingo mesmo, reina”, frisa.

O presidente da Liesco (Liga das Escolas de Samba de Corumbá), Zezinho Martinez, concorda que o”o gay tem a cara do Carnaval, ele sempre esteve presente”. O concurso de Musa não foi organizado pela Liga, mas ele afirma que a Liesco apoia a iniciativa.

Teve até noiva travesti.
Teve até noiva travesti.

Na avenida - Apesar das mulheres acabarem tendo de dividir o espaço de musa na escola com as travestis, a destaque Edna Pacheco, de 37 anos, afirma que existe lugar para todos e não rola nenhum tipo de “competição”.

“Elas são demais, mandam muito bem no samba. E é verdade, são os gays que fazem o Carnaval, a maioria das maquiagens e fantasias, nada mais merecido”, frisa.

Durante o desfile, as travestis são aplaudidas pelo público e fazem questão de mostrar que sabem dançar. Algumas chamam a atenção e causam até espanto por causa do exagero ou até da naturalidade.

“Tem umas que são fora do normal, mas outras conseguem ser tão naturais que você fica na dúvida se é ou não mulher”, diz a folia Maria Antunes, de 42 anos.

Enquanto tira fotos, ela diz que aprova a presença dos travestis porque “é Carnaval, pode tudo”.

Já Joseli Gonçalves, de 32 anos, faz cara de espanto ao ver uma das travestis passando e explica que “prefiro mulher desfilando como musa, é mais apropriado, mas também não tenho nada contra”.

Algumas das travestis já são conhecidas na cidade e quando desfilam têm até torcida certa. “Todo mundo conhece ela aqui, é cabeleireira, muito boa”, diz Laurinda Escobar, de 34 anos, depois de gritar e acenar para uma das musas.

Bateria colorida - Além da presença como musas, as travestis conquistaram o respeito e posições antes só ocupadas por homens heterosexuais.

Com calça e roupa de menino à frente do batuque, o mestre de bateria da escola Caprichosos de Corumbá, Kelvin San, de 24 anos, diz que o traje para segunda-feira à noite é uma exceção. “Não saio à noite sem estar vestido de mulher”, frisa.

Ele é o único mestre de bateria transformista do Brasil, segundo pesquisa própria.

Com orgulho, conta que assumiu o cargo há cerca de 2 meses e pela primeira vez comandou a bateria na avenida. “Minha bateria não foi nota mil, como eu queria, mas fizemos uma boa apresentação”, ressalta.

Ele foi convidado para ser mestre depois de três anos como percussionista da bateria e uma longa carreira como músico. “Sou respeitado pelos integrantes, nunca tive problema e acho isso algo muito bom daqui”, diz.

Kelvin ainda é cabeleireiro em Corumbá e vê com felicidade a grande participação do público gay nas escolas. “A maioria das escolas acolhe muito bem e sem dúvida é uma grande conquista para nós, até eu ser mestre é um grande avanço”, frisa.

Brilho marcou fantasia dos gays.
Brilho marcou fantasia dos gays.
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