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Diversão

Ídolo na época de Verão e Ventania, barbeiro cantor lança novo CD

Ângela Kempfer | 09/03/2012 11:59
Verão corta cabelo no Colégio Militar.
Verão corta cabelo no Colégio Militar.

Ao lado do parceiro Ventania, o cantor Verão chegou a ter 17 fãs clubes em Mato Grosso do Sul. Hoje, 18 anos depois do último show, o senhor de rabo de cavalo continua na profissão de barbeiro, mas pronto para voltar à ativa.

Em agosto vai gravar ao vivo no auditório do Colégio Militar de Campo Grande, escola onde trabalha desde a criação, cortando o cabelo dos alunos.

O corte é sempre o mesmo, no estilo militar, como faz desde 1972, quando entrou para o Exército e depois de varrer por muito tempo a barbearia virou o cabeleireiro do quartel.

Foi entre um cliente e outro que conheceu Ventania e cantarolando para o freguês acabou ganhando um parceiro. “Ele também era soldado e a gente começou a cantar ali mesmo e passou a fazer shows”, lembra.

O primeiro nome foi Ventania e Trovão, mas o jeito tranquilo de Ailton Rosa não combinava com o apelido e a dupla passou a Verão e Ventania, uma das mais conhecidas dos anos 90 aqui no Estado. “Até a minha esposa me chama da Verão. Só diz Ailton quando esta brava. Depois que a gente mudou de nome aconteceram coisas engraçadas. Um dia, éramos jurados em um programa de calouros e daí apareceu a dupla Pé de Vento e Tempestade”, comentava.

No primeiro contrato, em 1989, a dupla teve começou com decepção. “Era ano de política e fechamos com um candidato, mas recebemos apenas 30%. Ele perdeu e explicou que não podia pagar e a gente entendeu”.

Na parede, a capa do primeiro disco de Verão e Ventania.
Na parede, a capa do primeiro disco de Verão e Ventania.

Mas os anos que seguiram foram os melhores. “Em um só mês, em 1994, a gente fez mais de 20 shows”, conta. Em uma das apresentações, no Horto Florestal, Verão diz que a dupla chegou a reunir 40 mil pessoas.

“Foi um recorde. Tinha também uma dupla de São Paulo, mas a gente teve de entrar duas vezes porque o povo pediu. Foi emocionante ver todo mundo correndo para frente do palco para ouvir as nossas músicas”.

A canção mais famosa era Paquera, sobre as festas que reuniam a moçada há quase 30 anos. O tempo passou e no trabalho de 2012 Verão vai regravar a música, mas com adaptações. “Agora o nome é Balada, porque ninguém mais conhece isso de Paquera”, justifica.

Na lista também aparece Pé de Cedro, do conterrâneo Zacarias Mourão, e uma canção psicografada que foi musicada pelo parceiro Ventania, hoje um comerciante na periferia da cidade.

“Ele parou de cantar. No ano passado, tentamos voltar com a dupla, mas só durou 3 meses. São questões particulares que prejudicaram os planos”, diz Verão, sem detalhar o que impediu o retorno.

Em 2009, ainda houve a tentativa com Luis Felipe e Verão, ideia que durou 4 anos mas outra de sonho de fama frustrado.

O álbum da vida, na porta da barbearia.
O álbum da vida, na porta da barbearia.

A história das idas e vindas de Verão estão expostas por toda a barbearia onde trabalha das 8h às 17h. Na entrada, há um mural com fotos da trajetória musical e militar dele. Dentro, a capa do primeiro disco ganhou moldura.

Também aparece a família e a filha, uma das outras histórias de vida do cantor. “Essa foto aí é da minha filha que recebeu meu rim. Ela era doente e teve de fazer transplante”.

Há 2 anos, o programa Fantástico fez uma reportagem sobre nomes de duplas famosas e, é claro, Verão e Ventania entraram na relação. Depois, uma outra dupla assumiu publicamente o nome e os alunos do Colégio Militar resolveram protestar. “Eles mandaram um monte de e-mails dizendo que os verdadeiros somos nós”, sorri o barbeiro.

“Todo mundo sabe da história dele e gosta”, concorda o estudante de 15 anos sentado na cadeira a espera do corte.

Este ano, os alunos devem ser o principal público do amigo barbeiro durante a gravação do CD. Um momento que, apesar da experiência, faz Verão tremer.

“Pensava que não tinha mais voz para isso. Fiquei com vergonha de cantar de novo. Mas os meninos dizem que eu posso, então vou tentar”.

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