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Diversão

Sem muita balada lésbica, grupo organiza a festa "Sinta a Liga", só para elas

Paula Maciulevicius | 19/02/2016 07:45
A "Sinta a Liga" já teve edição em janeiro e fez lotar o SIS. (Foto: Gabriel Araújo)
A "Sinta a Liga" já teve edição em janeiro e fez lotar o SIS. (Foto: Gabriel Araújo)

É muito mais fácil a gente ver por aí anúncio de festa para o público gay. Por uma questão até de gênero, quem está dentro da causa explica que eles se organizam mais, dão mais a cara à tapa e também são mais aceitos do que elas. Diante da (in)visibilidade lésbica, boate e movimento LGBT se reuniram para fazer uma noite só delas neste sábado. A "Sinta a liga" é só o chamariz para mostrar que existe espaço, sim, na noite para as mulheres lésbicas.

Foi em agosto do ano passado, durante as comemorações do dia da Visibilidade Lésbica, que entidades se reuniram no SIS Lounge Bar, casa que hoje sedia a segunda edição da festa, para discutir o movimento.

"Infelizmente o que a gente constata é uma invisibilidade muito grande. Politicamente, as mulheres lésbicas do Estado ainda não acordaram para os seus direitos e deveres", avalia a presidente da Associação das Mulheres Lésbicas do Estado de Mato Grosso do Sul, a Dedo de Moça, Sandra Gandolfi, de 39 anos.

Hoje são 123 associadas, mas segundo a presidente, participativas, apenas as cinco que fazem parte da diretoria. A movimentação delas tanto politicamente quanto no cenário da noite campo-grandense é vista com timidez e a festa, como o caminho para reuni-las. "A única coisa que ainda tira um pouco as meninas dos guetos onde elas se escondem são as festas", considera Sandra.

Twiggy vai cantar músicas além do repertório e trazer um show de funk exclusivo para a casa. (Foto: Divulgação)
Twiggy vai cantar músicas além do repertório e trazer um show de funk exclusivo para a casa. (Foto: Divulgação)

"A Sinta Liga", tanto para a casa quanto para a associação, é uma maneira de começar a articulação política das lésbicas no Estado. Na experiência de Sandra, a forma como as mulheres foram e ainda são criadas é que influencia na forma de se articularem politicamente.

Na "sopa de letrinhas", a chamada sigla LGBT, as travestis tiveram de se unir como mecanismo político contra a violência que sofriam e ainda sofrem, depois disso vieram os homens gays, criados para serem "fortes".

"Nós vivemos numa cultura de gênero ainda muito diferenciada, o menino é criado para ser líder, ter voz ativa, isso dentro de casa e fora. A mulher não. Isso esquecendo a questão da orientação sexual, mas as mulheres são criadas, hoje, mesmo depois de tanto avanço, ainda para serem independentes, trabalharem fora e ao mesmo tempo, são cobradas para casar, terem filhos e cuidar do marido", descreve Sandra.

O papel de submissão ainda continua enraizado e mesmo dentro do contexto de orientação sexual, Sandra explica que quando a família percebe a tendência homossexual do filho, incentiva mais a masculinidade dele, já as meninas, são trancadas dentro de casa e têm, dos pais, o reforço da feminilidade, de cuidar da casa e da família, o que acaba as deixando mais fechadas ainda.

Reunião de agosto do ano passado, quando a discussão foi a visibilidade lésbica. (Foto: Arquivo Pessoal)
Reunião de agosto do ano passado, quando a discussão foi a visibilidade lésbica. (Foto: Arquivo Pessoal)

A proposta da festa, segundo o sócio-proprietário do SIS, Deko Giordan, de 31 anos, é desconstruir a ideia de que o público lésbico tenha que se encaixar nas festas voltadas aos gays.

Em conversas em cima do que as mulheres gostariam de ter na casa, voltadas para si, o SIS chegou ao nome "Sinta a liga" como apologia à peça feminina e que desse a entender o que seria a festa. A primeira edição fez a casa lotar e a segunda acontece neste sábado, com a cantora Twiggy, fazendo um show de funk especial, além de samba e pagode com o grupo Fidelidade, que pediu para se apresentar na boate para ter um contato com o público LGBT e hoje caiu nas graças das lésbicas.

Atrações - Destaque nacional no meio LGBT, Twiggy vai cantar músicas além do repertório e trazer um show de funk exclusivo para a casa. A festa também conta com os DJ's residentes do SIS, Felipe Aguilera, Deko Giordan, o grupo de samba e pagode Fidelidade e apresentação de Milan Bitches, as hostess da casa.

A "Sinta a Liga" começa 23h30 e os ingressos vão de R$ 15 até R$ 25,00. O SIS fica na Rua Dr. Zerbini, 53, no bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande. Para fazer parte da lista, o público deve enviar nomes completos para o e-mail: listasislounge@gmail.com até as 22h do dia 20, especificando o nome da festa ou via confirmação no evento oficial da festa.

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Grupo Fidelidade pediu para se apresentar no SIS e ganhou a mulherada. (Foto: Gabriel Araújo)
Grupo Fidelidade pediu para se apresentar no SIS e ganhou a mulherada. (Foto: Gabriel Araújo)
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