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Diversão

Vamos falar de lugares que desapareceram? Quem ai se lembra do Bar Topo Gigio?

Naiane Mesquita | 13/08/2015 06:45
Claudionor não esquece do bar Topo Gigio, onde ele conheceu os colegas jornalistas (Foto: Marcos Ermínio)
Claudionor não esquece do bar Topo Gigio, onde ele conheceu os colegas jornalistas (Foto: Marcos Ermínio)

Há muitos lugares que merecem ser lembrados nesta cidade. Locais que marcaram o tempo com os amigos, mas que poucos registros deixaram. A recordação de épocas sem a facilidade da selfie ou de outros registros em celulares e redes sociais, ficaram apenas na memória de quem frequentava bares, boates e restaurantes de Campo Grande nas décadas de 70, 80 e 90. Por isso, o Lado B resolveu contribuir, promovendo o retorno a esses lugares de antigos clientes de carteirinha.

A sessão nostalgia começa com um senhor boêmio, que costumava terminar as noites sempre no mesmo endereço, na Afonso Pena, entre a 14 e a Calógeras.

Claudionor Domingues de Carvalho percorria todos os dias o mesmo caminho. Saia de casa, em um prédio na rua 15 de Novembro e subia em direção à Afonso Pena. Lá, ele cruzava a avenida em busca de uma boa cerveja e muito papo. O ano era 1995 e o jornalista havia acabado de se mudar a trabalho de Minas Gerais.

Em um dos seus passeios noturnos e cotidianos, Claudionor parou. No bar localizado no número 1989, um grupo conversava animadamente e ele tinha certeza pelo teor da conversa que eram jornalistas. “Já me identifiquei. Jornalista não é difícil de encontrar. Pedi licença, me apresentei e sentei na mesa”, relembra.

Edvaldo e Claudionor reunidos pelo acaso em frente ao antigo Topo Gigio
Edvaldo e Claudionor reunidos pelo acaso em frente ao antigo Topo Gigio

Quis o destino que o ponto de parada fosse o Topo Gigio. O bar, inspirado em um personagem infantil que fazia sucesso na década de 80, assim como toda a quadra da 14 de julho até a Calógeras. “Aqui era um corredor de bares. Tinham vários, não só o Topo Gigio. As mesas ficavam na calçada, era animado, tinha muita gente, muitas pessoas diferentes”, afirma.

Na verdade, eram pessoas de todos estilos e classes sociais. Do empresário, à garota de programa, todo mundo passava pelo bar que durante o dia era mais procurado como lanchonete que servia um grande sanduíche aberto. Antes de shoppings ou fast foods aparecerem pela cidade, aluno cabulava aula no Topo Gigio, depois de dar um rolezinho nas Lojas Americanas.

Hoje com 71 anos, parado na calçada do local que tanto o marcou, Claudionor é só saudade. “Como todo bom jornalista, eu tinha que beber. Eu encontrava aqui o Paulo Yafusso, Hudson, o Celso Bejarano, o Rubens Valente. Era o grupo, as vezes rolava uma briga, cada um saia para um lado, mas depois fazíamos as pazes. Era muito por ideologia, passava”, brinca.

Com muitas gargalhadas, que contagiam fácil o ouvinte, Claudionor parece ter saído de um filme. É uma figura. Depois anos como assessor de imprensa, agora trabalha com frete para “poder viajar pelo País” e escreve um livro sobre a perseguição dos judeus no mundo “porque é judeu”, esclarece. Nas horas vagas, para variar, se reúne com os amigos no bar.

O corredor na avenida Afonso Pena, entre a 14 de julho e a Calógeras, onde os bares funcionavam
O corredor na avenida Afonso Pena, entre a 14 de julho e a Calógeras, onde os bares funcionavam

Como repórter costuma ter sorte, enquanto ele gesticulava e mostrava as mudanças estruturais do prédio que já abrigou a sua “segunda casa”, o próprio gerente do Topo Gigio apareceu. “Esse daqui não saia de lá. Você era o gerente, não era?”, questiona, já puxando o entrevistado.

Meio sem entender, mas confirmando, Edvaldo Santana de Souza, 49 anos, conta que ainda trabalha na mesma quadra onde o Topo Gigio se consagrou. “Trabalhei aqui quase a vida inteira, tirando um tempo que vivi no Espírito Santo. Agora estou no Gira Grill, mas fui gerente do Topo Gigio de 1991 a 2005. O dono, seu Wilson sempre apoiou a cultura, apoiava o Zé Geral, vinha muito artista, jornalista aqui”, puxa na memória.

O Topo Gigio era um bar de dois andares. As mesas eram de plástico e ficavam na calçada. Nos últimos anos, o público mudou. “Começou a juntar muita gente, virou bagunça. Chegou a lei seca e a polícia começou a realizar mais batidas aqui, operações pente fino. Com o tempo, o bar fechou”, resume Claudionor.

Em 2005, o Topo Gigio encerrou as atividades e atualmente no espaço funciona uma loja de bijouterias.

“Campo Grande era diferente naquela época. Eu não tinha medo de assalto, andava a pé lá do Park's Burguer até aqui. Hoje, todos os bares viraram farmácias ou igrejas evangélicas”, dispara o jornalista, com a habitual gargalhada.

Você lembra de algum lugar que marcou época em Campo Grande? Então envie uma sugestão ao ladob@news.com.br ou via Facebook.

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